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FCSE - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses

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  • Bem-estar espiritual da pessoa idosa : contributos na capacidade de autocuidado
    Publication . Tavares, Maria de Fátima Caixeiro da Cunha; Vieira, Margarida
    Um número crescente de estudos relacionados com a espiritualidade/ religiosidade e bemestar espiritual evidenciam resultados positivos no domínio da saúde. Contudo a evidência científica não é unânime quanto à relação entre a espiritualidade e a capacidade de autocuidado da pessoa idosa. Objetivos: Analisar a relação entre o Bem-estar Espiritual e Capacidade de Autocuidado em pessoas idosas; compreender a relação entre as dimensões do Bem-estar espititual e as dimensões da Capacidade de Autocuidado, assim como, analisar a relação entre as variáveis sociodemográficas e autoperceção do estado de saúde no Bem-estar Espiritual e na Capacidade de Autocuidado. Metodologia: Estudo de natureza não experimental, transversal, quantitativo de tipo descritivo e correlacional, desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa refere-se ao processo de tradução, adaptação cultural e validação da Exercise of Self-care Agency Scale (ESCA) para a versão portuguesa em pessoas idosas residentes em contexto domiciliário. A segunda etapa visou dar resposta aos objetivos propostos e integrou 400 pessoas idosas residentes em contexto domiciliário. Resultados: Do processo de tradução, adaptação e validação da ESCA, apresenta-se um instrumento constituído por 29 itens com características psicométricas adequadas para utilização em pesquisas futuras (escala global α = .871). O género, idade, escolaridade e autoperceção do estado de saúde, demonstram estar associados a diferenças significativas no Bem-estar espiritual, com resultados superiores no género feminino, nas pessoas mais idosas, em níveis mais baixos de escolaridade e nas pessoas idosas que se autopercecionam como incapazes de cuidar de si. A idade, escolaridade e a autoperceção do estado de saúde, demonstram estar associados a diferenças significativas em algumas das dimensões da capacidade de autocuidado. O Bem-estar espiritual, nas suas dimensões constituintes Fé pessoal, Prática religiosa e Paz espiritual, explicam 16% capacidade de autocuidado. A influência das dimensões do Bem-estar espiritual na autoperceção do estado de saúde, mediado pela Capacidade de autocuidado, revelou que a Paz espiritual agindo positivamente sobre o Autoconceito, Iniciativa e responsabilidade e atividade para o autocuidado detém uma influência positiva na autoperceção de saúde. A Fé pessoal e a Prática religiosa constituem-se como impulsionadoras da capacidade de autocuidado, desempenhando um papel fundamental nas pessoas idosas que se autopercecionam como incapazes de cuidar de si. Conclusões: O Bem-estar espiritual constitui-se como um tipo de apoio capaz de potenciar a capacidade de autocuidado. Como tal, os enfermeiros, integrando uma abordagem holística do cuidar, devem promover o bem-estar espiritual da pessoa idosa no decorrer dos processos de saúde/doença. Implicações do estudo para a educação em enfermagem e investigação foram discutidas.
  • O perfil podológico de estudantes de enfermagem em ensino clínico : recomendações para o autocuidado
    Publication . Bernardes, Rafael Alves; Berenguer, Sílvia Maria Alves Caldeira; Cruz, Arménio Guardado
    Introdução. O ensino clínico é um ambiente potencialmente agressivo para o pé e tornozelo dos estudantes de enfermagem. A dor e desconforto nesta região tem consequências negativas para a qualidade de vida dos estudantes e pode contribuir para a intenção de desistir do curso. A capacidade de cuidar de si é essencial para cuidar dos outros, pelo que é importante ajudar os estudantes a implementarem intervenções de autocuidado, bem como dotarem as instituições de ferramentas eficazes nesse sentido. Atualmente, não existem recomendações específicas nesta área. Objetivos. Identificar a caracterizar o perfil podológico de estudantes de enfermagem em ensino clínico e desenvolver recomendações para o autocuidado com o pé. Métodos. A investigação foi dividida em cinco estudos: uma revisão scoping, para mapear as principais lesões no pé em enfermeiros; uma revisão narrativa, de forma a descrever características adequadas para calçado em enfermeiros; um estudo metodológico, para adaptação e validação de dois instrumentos associados à saúde do pé (Nurses Foot Care Knowledge test e Self-Administered Foot Health Assessment Instrument); um estudo longitudinal prospetivo, para avaliar a alteração do perfil podológico dos estudantes em Ensino Clínico; e um painel de peritos, para validação de uma versão preliminar das recomendações para autocuidado. Resultados. A lesão mais comum a nível do pé e tornozelo em contextos de ortostatismo prolongado é a dor, que pode ser mais prevalente do que noutras regiões, como a lombar ou cervical. Neste sentido, e atendendo também à fadiga muscular associada, o calçado suave, antiderrapante e com palmilhas amortecidas é o mais indicado. O estudo metodológico permitiu obter dois instrumentos com valores aceitáveis de validade interna e simples de utilizar pelos estudantes. O instrumento de autoavaliação da saúde do pé (IAASP) obteve um alfa de Cronbach de 0,653 e o do conhecimento acerca do cuidado ao pé (TCE-CP) um valor de 0,893. O estudo prospetivo realizado com 54 estudantes revelou que, após cinco meses de ensino clínico, cerca de 25% reportaram sintomatologia dolorosa pela primeira vez, com uma correlação positiva com ansiedade/depressão (0,540; p<0,05). Após cinco meses, as lesões reportadas pela primeira vez, ou com um aumento significativo em relação ao início, foram edema (11; 20,4%) e dor (23; 43,6%). Por outro lado, valores elevados de pressão no calcanhar correlacionaram-se positivamente com a força máxima e área de contacto, bem como com dor na coxa. A pressão foi considerada um preditor importante do perfil podológico dos estudantes. As recomendações de autocuidado devem focar o calçado personalizado, um programa de exercícios com recurso a imagens e vídeos, promoção da saúde através de avaliações pela saúde escolar e consciencialização das instituições para a temática. Conclusão. O perfil podológico dos estudantes de enfermagem expostos a contextos de ortostatismo prolongado é caracterizado por um aumento discreto na força máxima e área de contacto exercida, cujo preditor principal é a pressão, e cujos antecedentes primários são as lesões anatómico-funcionais do pé (ex.: calos, calosidades, deformidades menores). As principais recomendações que os estudantes devem seguir para cuidar do pé são: utilizar calçado personalizado, dependente não só do seu perfil podológico, como do estilo de vida que adota; avaliar a força e pressão que exercem obrigatoriamente uma semana antes do Ensino Clínico e, opcionalmente, aos três, seis e doze meses; praticar exercício físico frequente, focando os membros inferiores e pé.
  • Perceções de enfermeiros sobre o contributo do modelo touchpoints para os cuidados de enfermagem na transição para a parentalidade
    Publication . Rosas, Ana Cristina de Magalhães; Xavier, Maria Raúl Andrade Martins Lobo; Antunes, Isabel Maria Quelhas Lima Engrácia
    O período neonatal tem especial impacto na transição para a parentalidade e revela-se particularmente importante para o desenvolvimento do bebé e das relações pais-filhos e um momento-chave para a relação família-enfermeiros. Estes aspetos enquadram-se no modelo Touchpoints. “Touchpoints” representam os momentos previsíveis no desenvolvimento infantil que se desenrolam em várias dimensões e constituem períodos de vulnerabilidade para a criança e família. O 2º “touchpoint” (recém-nascido) – um dos mais marcantes deste modelo – coincide com a transição para a parentalidade, onde frequentemente pais e enfermeiros se cruzam, surgindo uma oportunidade para a intervenção destes profissionais. Este trabalho pretende compreender as perspetivas e as experiências dos enfermeiros, com e sem formação em Touchpoints, quanto ao contributo do modelo Touchpoints na prestação de cuidados de enfermagem na transição para a parentalidade. Explorámo-las quanto ao recém-nascido, aos cuidados prestados, à relação estabelecida com os pais, ao modelo Touchpoints em geral, à utilização dos seus Princípios e Pressupostos parentais e ao contributo da formação profissional. Optou-se por um estudo qualitativo descritivo, pelas suas características iterativas e por permitir descrever o fenómeno em estudo através de dados fiéis e numa linguagem próxima à dos significados que os indivíduos lhe atribuem. Recrutaram-se 38 participantes (enfermeiros com formação Touchpoints (Grupo 1) e sem essa formação (Grupo 2) e enfermeiros sem formação Touchpoints integrados em equipas com elementos com essa formação (Grupo 3)). Após consentimento informado assinado, foram realizadas entrevistas individuais em profundidade. Estas foram posteriormente transcritas verbatim e analisadas com recurso ao software QSR Nvivo 12.0. Os dados mostram diferenças nos discursos dos três grupos. O Grupo 1 assume uma mudança de perspetiva do seu pensar e agir, associando-a aos conhecimentos adquiridos e à aplicabilidade do modelo Touchpoints. O seu discurso aponta para a valorização do 2º “touchpoint” (período no qual incidimos este trabalho). Os Grupos 2 e 3 revelaram conhecer o modelo Touchpoints, elucidando como é reconhecido pelos enfermeiros em geral. O Grupo 3 identificou características específicas nos cuidados dos seus colegas do Grupo 1, que associam à formação Touchpoints. Concluímos que, no entender dos participantes, a aplicação do modelo Touchpoints na prestação de cuidados de enfermagem ao recém-nascido e seus pais acarreta benefícios para o reforço da relação pais-profissionais, para a valorização do período neonatal para o desenvolvimento infantil e da família e para o processo de transição para a parentalidade.
  • A transição para a vida com estoma de eliminação intestinal : um programa de intervenção de enfermagem
    Publication . Pinto, Igor Emanuel Soares; Brito, Maria Alice Correia de; Santos, Célia Samarina Vilaça de Brito
    A pessoa com um estoma de eliminação intestinal lida diariamente com desafios físicos, psicológicos e sociais. A forma como este evento é vivenciado é influenciada por diversos fatores, sendo o aspeto com maior impacto na adaptação a competência de autocuidado ao estoma. Os programas de intervenção de enfermagem existentes, tanto a nível nacional como internacional, focam-se na adaptação ou na enunciação semântica das intervenções, por vezes limitando-se a apenas alguns momentos do perioperatório ou a alguns domínios da competência de autocuidado. Para além disso, não definem de forma objetiva e rigorosa as intervenções de enfermagem, os seus conteúdos, métodos de administração e a dose. Assim, o objetivo deste projeto foi construir e avaliar a adequação e a viabilidade de um programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com estoma de eliminação intestinal, servindo como um guia para os enfermeiros na prática clínica. Para alcançar os objetivos propostos, foi utilizada a metodologia do Medical Resourch Council para o desenvolvimento de intervenções complexas. Inicialmente foi realizada uma scoping review da literatura, centrada nas intervenções direcionadas para a promoção do autocuidado ao estoma de eliminação intestinal. De seguida, foi realizado um estudo qualitativo com recurso a entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo segundo Bardin com análise categorial, com o objetivo de conhecer a perspetiva dos enfermeiros da prática clínica e dos clientes sobre a promoção do autocuidado na pessoa com estoma de eliminação intestinal. Com base na evidência identificada e nos resultados do estudo qualitativo, foi desenhada uma primeira versão do programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado ao estoma de eliminação intestinal (PIPOEI). Para avaliar a adequação e viabilidade do programa foi realizado um estudo qualitativo por grupo focal, com enfermeiros de cuidados em estomaterapia e com professores da área do ensino de enfermagem no âmbito do autocuidado e da estomaterapia. Os conteúdos e estrutura propostos para o PIPO-EI foram avaliados como representativos das necessidades e aplicáveis em contexto clínico. Adicionalmente, foram desenvolvidos e avaliados cinco panfletos informativos direcionados para o autocuidado ao estoma que se mostraram relevantes e com potencial para serem um recurso útil no apoio à intervenção do enfermeiro na promoção do autocuidado ao estoma de eliminação intestinal em Portugal. Os resultados desta tese contribuem para a disciplina de Enfermagem, podendo melhorar a qualidade e equidade dos cuidados à pessoa com estoma, apoiando no planeamento e emergindo como suporte para os enfermeiros.
  • A parentalidade em famílias em situação ou risco de sem-abrigo : construção de uma teoria explicativa
    Publication . Andrade, Filipa; Figueiredo, Amélia Simões
    A parentalidade é o assumir da responsabilidade de ser mãe/pai, promovendo o desenvolvimento dos filhos. A família, apesar de constituir o espaço mais imediato de cuidados, nem sempre consegue proporcionar um ambiente homogéneo, podendo ter um impacto negativo no bem-estar e desenvolvimento da criança. Famílias em situação ou risco de Sem-Abrigo podem apresentar múltiplos problemas e necessidades, como sejam, fenómenos sociais, educacionais e de saúde. Por outro lado, para algumas famílias, esta experiência de Sem-Abrigo, potencia outras formas de parentalidade. Com este estudo, propôs-se aprofundar o conhecimento sobre o modo como se processa a parentalidade em famílias em situação ou risco de Sem-Abrigo. Pretendeu-se: Mapear famílias com filhos em situação ou risco de SemAbrigo, utilizadoras dos recursos vocacionados para a população vulnerável; Compreender qual o significado da parentalidade em famílias em situação ou risco de Sem-Abrigo; Identificar os eventos críticos que emergiram durante o processo de parentalidade; Identificar quais os fatores facilitadores e inibidores deste processo; Apresentar os padrões de resposta de parentalidade das famílias com filhos em situação ou risco de Sem-Abrigo e ainda desenvolver uma teoria explicativa que contribua para melhorar a qualidade dos cuidados prestados a estas famílias. A investigação enquadra-se no paradigma qualitativo, em que se procurou compreender como se processa a parentalidade em famílias em situação ou risco de SemAbrigo. O método da investigação adotado foi o indutivo – Grounded Theory. Após a caracterização do contexto empírico do estudo e da determinação da população acessível, o estudo foi sustentado por entrevistas a 30 famílias. Recorreu-se a um processo de codificação do corpus das entrevistas segundo Strauss e Corvina, para o tratamento dos dados. A parentalidade das famílias em situação ou risco de Sem-Abrigo é uma parentalidade sustentada pelos recursos pessoais, familiares e sociais. Distingue-se pelo cuidar à distância e assume diferentes formas, consoante as diferentes tipologias de situações ou risco de Sem-Abrigo. Na situação de risco de Sem-Abrigo identificou-se duas formas processuais da parentalidade, a parentalidade à distância com manutenção da autoridade parental e a parentalidade não totalitária quando não é exercida à distância. Na situação de Sem-Abrigo encontrou-se quatro formas processuais, a parentalidade à distância com manutenção da autoridade parental, parentalidade à distância unilateral, parentalidade interrompida e rotura da parentalidade. Acredita-se que este conhecimento possa contribuir para a sensibilização dos enfermeiros na resposta às reais necessidades destas famílias, bem como, para as políticas de saúde e sociais.
  • Carga de trabalho do enfermeiro de família na gestão da doença crónica : um contributo para a construção de uma matriz de referência para a dotação segura
    Publication . Dantas, Maria Jacinta Pereira; Figueiredo, Maria Henriqueta de Jesus Silva
    Enquadramento: A doença crónica é uma condição de saúde que se manifesta cada vez com maior expressão a nível mundial. As doenças crónicas como a diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras afetam oito em cada 1dez pessoas com mais de 65 anos na Europa, e cerca de 80% dos orçamentos de saúde em toda a EU são gastos no tratamento destas doenças. O aumento das doenças crónicas tem impacte na vida das populações e coloca exigências e desafios aos sistemas de saúde e aos seus profissionais. Os cuidados de enfermagem podem e contribuem substancialmente, para a redução da morbimortalidade e para a eficiência dos sistemas de saúde. A carga de trabalho desajustada tem vindo a ser associada a eventos adversos, nomeadamente à probabilidade do aumento do número de mortes, aumento de infeções do trato urinário, úlceras por pressão, infeções respiratórias, insatisfação com os cuidados dos enfermeiros por parte dos utentes, insatisfação profissional e fracos resultados das instituições de saúde. Neste sentido, a dotação segura de enfermeiros relaciona-se com a prestação de cuidados seguros, de qualidade e de elevada complexidade, numa diversidade de contextos. Objetivos: O presente estudo pretendeu a construção de uma matriz orientadora para a determinação da dotação segura de Enfermeiros de Família (EF), considerando a carga de trabalho associada à dimensão dos cuidados à pessoa com doença crónica em contexto dos CSP. Definiram-se como objetivos centrais da investigação: construir e validar um instrumento que permitisse identificar as intervenções realizadas pelos EF na consulta à pessoa com doença crónica; identificar preditores da carga de trabalho; determinar a carga de trabalho na consulta; desenvolver um modelo de previsão da carga de trabalho e construir uma matriz de referência para a dotação segura de EF para a gestão da doença crónica. Metodologia: No propósito de alcançar os resultados pretendidos elaborou-se um desenho de investigação constituído por três etapas designadas por: base do projeto, edificação e consolidação do projeto. Em cada etapa foram realizados estudos nos quais se adotaram metodologias e instrumentos distintos. Na etapa 1, realizou-se um estudo em dois momentos: construção e validação do instrumento de avaliação da carga de trabalho dos enfermeiros de família, para tal recorreu-se à técnica de Delphi e, na verificação da aplicabilidade prática através de um estudo piloto de cariz quantitativo, descritivo exploratório, numa amostra de 16 enfermeiros de família e 196 pessoas com doença crónica (DM, HTA, HIPO). Na etapa 2 realizou-se um estudo eminentemente quantitativo, transversal e analítico com o qual se pretendeu identificar as intervenções realizadas pelos EF na consulta à pessoa com doença crónica e determinar a consequente carga trabalho. Recorreu-se a uma amostra de 509 pessoas portadoras de doença crónica inscritos no ACeS com diagnóstico ativo de doença, e 50 EF em exercício em unidades de saúde familiar e unidade de cuidados de saúde personalizados. Na etapa 3 concretizou-se um estudo eminentemente qualitativo com recurso a grupos focais, pretendeu-se validar uma fórmula de cálculo de horas seguras para a gestão da doença crónica e definir uma matriz de dotação segura. Resultados: Na primeira etapa da investigação construiu-se um instrumento designado por Instrumento de Avaliação da Carga de Trabalho do Enfermeiro de Família (IACTENFF). O instrumento é composto por cinco dimensões que correspondem à abrangência da atuação dos EF em contexto dos CSP. Validou-se o conteúdo do instrumento e verificou-se a aplicabilidade prática das grelhas IACTENFF-CE-DIA; IACTENFF-CE-HTA; IACTENFF-CE-HIPO que constituem a dimensão da Gestão da Doença Crónica (GDC). Verificou-se que mais de 90% das intervenções dos EF estavam previstas no instrumento o que permite determinar a carga de trabalho. Na etapa 2 foram identificadas as intervenções que EF realiza no âmbito da gestão da doença crónica (AC1, AC2, AC3). A carga de trabalho do EF na consulta à pessoa com doença crónica foi definida por intervenções do tipo avaliar, ensinar, monitorizar, acolhimento, procedimentos de continuidade de cuidados entre outros. Estas intervenções permitem identificar a dimensão dos cuidados assistenciais e não assistenciais, sendo que os cuidados assistenciais contribuem de forma mais significativa para a carga de trabalho. A carga de trabalho é traduzida pelo tempo de consulta para cada área clínica correspondendo ao tempo médio de 44,4 min (AC1), 43,8 min (AC2) e 35,5 min (AC3). Foram gerados modelos de previsão do cálculo da carga de trabalho a partir das intervenções realizadas no domínio assistencial e não assistencial. Verificou-se uma distribuição equitativa da carga de trabalho pelas respetivas áreas clínicas do EF âmbito do ACeS. Na última etapa da investigação foi validada a proposta de fórmula que permite determinar o peso da gestão da doença crónica na carga total de trabalho do EF, determinou-se o valor de 772h/anuais como horas seguras para a gestão da doença crónica. Conclusão: A evidência comprovou que o instrumento IACTENFF – Gestão de Doença Crónica (GDC) é válido. Os modelos de previsão de carga de trabalho gerados podem servir de referência para determinar a composição das equipas de enfermagem, principalmente no contexto de USF/UCSP. A matriz de dotação pode servir de referência e ser utilizada ao nível micro (no contexto de unidade funcional), a nível macro (no contexto de ACeS) ou a nível nacional, na medida em que identifica valores de horas seguras. A utilização de instrumentos precisos para determinar o dimensionamento das equipas de enfermagem nas USF/UCSP poderá permitir ao enfermeiro prestar cuidados seguros e de qualidade. Estes resultados são um passo na discussão de como organizar a prestação de cuidados de saúde, principalmente sobre como determinar o tamanho adequado de uma equipa de enfermagem. A organização dos cuidados de saúde é um assunto complexo, que exige estudos direcionados no sentido de melhorar o cuidado à pessoa com doença crónica.
  • As interações dos profissionais de saúde na conferência familiar em cuidados paliativos
    Publication . Feiteira, Bruno Miguel Gomes Pereira; Cerqueira, Maria Manuela Amorim; Vieira, Margarida Maria Silva
    Na sociedade atual, é evidente o contínuo aumento da esperança média de vida, que conduz a um incremento substancial das doenças crónicas e degenerativas, surgindo os Cuidados Paliativos como uma resposta cada vez mais necessária e premente, de modo a fazer-se face às necessidades multidimensionais sentidas pela pessoa doente e seu sistema familiar, ao longo do processo de uma doença incurável e/ou grave, progressiva e avançada. Neste sentido, a conferência familiar emerge enquanto estratégia de comunicação privilegiada, que permite o cuidado focado na pessoa doente e família de forma estruturada e orientada para a resolução de problemas, onde as várias subjetividades se encontram e interagem num clima de grande proximidade. Norteados pela questão de investigação “Quais as experiências dos profissionais de saúde na interação com os intervenientes na Conferência Familiar no contexto dos Cuidados Paliativos?”, realizou-se uma investigação qualitativa, utilizando-se o método de Grounded Theory de Corbin & Strauss (2015). Constituíram-se como objetivos desta investigação: compreender as experiências dos profissionais de saúde na interação com os intervenientes na conferência familiar no contexto dos Cuidados Paliativos e construir um instrumento de apoio à decisão para a realização de conferências familiares no contexto dos Cuidados Paliativos. Como instrumento de recolha de informação utilizou-se a entrevista. A informação recolhida foi analisada de acordo com o sistema de codificação proposto nesta abordagem de Grounded Theory. Os resultados obtidos, permitiram compreender a conferência familiar em Cuidados Paliativos como um espaço intersubjetivo no processo de acompanhamento interativo à pessoa doente e família, que se desenvolve ao longo de três etapas: a fase preparatória, o desenrolar e o depois da conferência familiar. A fase preparatória constitui-se numa condição causal que condiciona tanto o desenrolar como o depois da conferência familiar. O desenrolar da conferência familiar é o momento em que a mesma se concretiza, sendo influenciada pela sua preparação prévia. O depois da conferência familiar, apresenta-se como a consequência de tudo que foi realizado, condicionando o processo de interação e as conferências familiares seguintes, em caso de necessidade de novo agendamento. Sobressai ainda, a necessidade de uniformizar a realização de conferências familiares no contexto dos CP.
  • Perfil de saúde das famílias e suas necessidades em cuidados de enfermagem : contributos para a tomada de decisão clínica
    Publication . Fonseca, Inês Alexandra Dias; Figueiredo, Maria Henriqueta de Jesus Silva; Charepe, Zaida Borges
    Introdução: As mudanças de âmbito social, económico e cultural, ocorridas nas últimas décadas, têm vindo a provocar graduais processos de transformação no seio familiar e a originar diversas formas de convivência familiar. As famílias contemporâneas apresentam uma grande diversidade no que respeita à composição, origem étnica, orientação religiosa e espiritual, na forma como comunicam e passam o tempo em conjunto, no compromisso que assumem com os seus membros, na interação com a comunidade e ainda na forma como gerem o stresse e se adaptam às mudanças. A par desta diversidade surgem também novas necessidades em saúde nas famílias, as quais interpelam fortemente os enfermeiros a inovar e antecipar as respostas perante as mesmas. Objetivos: Foram definidos como objetivos deste estudo identificar a existência de diferentes perfis de saúde das famílias com filhos menores a seu cargo e as suas necessidades em Cuidados de Enfermagem; determinar a relação entre os perfis de saúde das famílias e as variáveis de caraterização da saúde individual e familiar; construir uma matriz de apoio à tomada de Decisão Clínica em Enfermagem de Saúde Familiar, tendo como cliente as famílias com filhos menores a seu cargo. Metodologia: Para prosseguir com estes objetivos realizou-se um estudo quantitativo de natureza observacional, composto por duas fases. Na primeira fase concretizou-se o estudo do tipo observacional, com uma amostra constituída por famílias com filhos menores a seu cargo que frequentaram as consultas de enfermagem de saúde infantil e juvenil, com recurso à aplicação de um questionário autoadministrado. Por forma a validar os resultados emergentes da interpretação dos dados produzidos na fase anterior e da sustentação da análise produzida realizou-se, na segunda fase, um Painel Delphi, com uma amostra constituída por peritos na área da Enfermagem de Saúde Familiar e com a aplicação de um instrumento de recolha de dados difundido via email. Como referencial teórico e operativo foi utilizado o Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar, proposto por Figueiredo, no qual os pressupostos reconhecem a complexidade do sistema familiar, considerando as suas propriedades, partindo do princípio que os cuidados de enfermagem centrados na família, enquanto cliente e unidade de intervenção, são regidos por uma abordagem sistémica, que promova a potencialização das suas forças, recursos e competências. Resultados: Foram encontrados 5 perfis de saúde das famílias com filhos menores a seu cargo tendo sido o cluster 4 a registar piores resultados em saúde e o cluster 5 melhores resultados. No cluster 4 foram identificados como focos de maior relevância de intervenção de enfermagem o abuso do álcool, padrão alimentar, padrão de higiene oral, comportamento de procura de saúde (adesão às consultas médicas e /ou de enfermagem; adesão ao rastreio da doença oncológica - mama, colo do útero e próstata e adesão às consultas de saúde oral), regime de imunização, atitude face ao estado de saúde, sono, status psicológico, processo familiar e o processo do sistema regulador. Verificou-se ainda que as necessidades em cuidados de enfermagem são inversamente proporcionais ao score do funcionamento familiar, parecendo encontrar-se valores inferiores deste, associados a piores resultados em saúde. Conclusão: Suportados numa revisão, reflexão e resultados desta investigação, foi possív ao permitir a interligação entre as etapas do processo de enfermagem pretende constituir-se um instrumento orientador da prática de enfermagem às famílias. Neste sentido, aumentará o potencial do exercício profissional dos Enfermeiros de Família para responder às necessidades das famílias com filhos menores a seu cargo, através da adoção de práticas de saúde que apoiam as famílias num todo e os seus membros individualmente, na superação de eventuais momentos de crise.
  • Desalojar o desassossego que vive em si : a necessidade de informação da família na UCI
    Publication . Mendes, Anabela da Graça Amaro Pereira; Vieira, Margarida Maria da Silva
    A situação de doença crítica de uma pessoa e consequente internamento numa unidade de cuidados intensivos tem um impacto significativo, no quotidiano e na vida, da família na qual se insere. Identificam na experiência vivida um conjunto de necessidades, para as quais procuram encontrar resposta, salientando de um modo muito particular a necessidade de informação. Reconhecida a necessidade de informação pela família, definiu-se como questão central de investigação: Qual é o lugar que a necessidade de informação ocupa na experiência vivida pela família da pessoa adulta internada numa UCI? Encontraram-se a partir desta, outras três questões que subsidiaram a investigação e a interpretação do fenómeno em estudo, elencando-se: Qual a informação que tem significado? Como adquirem e se apropriam as pessoas da família da informação? e Como é que usam a informação ao longo do internamento? Pretendia-se conhecer na experiência vivida pela família da pessoa adulta na UCI, fundamentalmente: o significado da informação; a informação que assumiu como significativa; o modo como os enfermeiros corresponderam à sua necessidade de informação; as intervenções de enfermagem que facilitaram/possibilitaram a sua compreensão/domínio da informação; o modo como o seu conhecimento da situação era monitorizado e considerado pelos enfermeiros. A investigação insere-se num paradigma qualitativo e no seu âmbito numa abordagem fenomenológica. Como referência teve-se o modelo de van Manen. De acordo com a proposta do autor recorreu-se à entrevista aberta para recolha de dados, da qual se realizou análise e interpretação. O suporte Nvivo8 foi facilitador na organização dos dados e no processo de análise. Permitiu-se dos dados elencar os temas essenciais numa revisitação intencional pelos objetivos do estudo. O conjunto dos temas essências que compoêm cada uma das dimensões de análise, permite a caraterização do fenómeno: o desassossego que vive no familiar do doente na UCI. Constatou-se que A notícia gerou o desassossego; a aquisição da informação possibilitou abrandar o desassossego; a apropriação da informação permitiu lidar com o desassossego; a informação que tem significado é a que permitiu perceber o que (desas)sossega; o significado que atribui à informação resulta da possibilidade de contrariar o desassossego; o sentido encontrado permitiu desalojar o desassossego. De um trabalho sistemático de imersão nos dados pela leitura repetida das transcrições e dos temas, e da conversação com os mesmos, tem-se que a informação na experiência vivida pela família da pessoa adulta na UCI se revelou na essência, o que permitiu desalojar o desassossego que vive em si. Da interrogação sobre o exercício na assistência, na educação e na investigação permite-se compreender que a resposta às necessidades, nomeadamente de informação, das pessoas com quem se interage, dependerá da intencionalidade colocada no agir, considerando que a aprendizagem e apropriação do cuidado de enfermagem são etapas capitais a considerar e acautelar num registo educacional e profissional. Remete-se para uma co construção nos contextos e dos contextos, substanciada por um exercício reflexivo constante, em domínios específicos e determinantes, evitando-se a sua generalização e banalização. Reconhece-se que a necessidade de informação ultrapassa a matriz de conteúdo, considerando que, na intencionalidade de saber, a pessoa da família espera e deseja alcançar, da interação com os enfermeiros, algum sossego. É na relação próxima com as emoções que experiencia, que substancia a sua iniciativa, a sua esperança e constrói a tentativa de desalojar o desassossego que vive em si.
  • Metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar : o processo de uso terapêutico das emoções em enfermagem pediátrica
    Publication . Diogo, Paula Manuela Jorge; Lopes, Manuel José
    O processo de cuidados de enfermagem é um processo relacional, cujas relações interpessoais estão impregnadas de emoções. Actualmente defende-se que lidar com tais emoções é parte integrante do trabalho dos enfermeiros, tornando-se necessária a sua gestão para efectivar uma ajuda aos clientes. Por outro lado, as emoções conferem o sentido humanista ao agir dos enfermeiros, dão sentido ao próprio cuidar e guiam o relacionamento. Mas a literatura disponível não explicita bem estes aspectos emocionais da prática dos enfermeiros. Com este estudo propusemo-nos aprofundar o conhecimento sobre a dimensão emocional da prática de enfermagem, e mais particularmente sobre o uso das emoções enquanto instrumento terapêutico em enfermagem pediátrica. A nossa opção metodológica teve por base pressupostos qualitativos, utilizando como ferramenta de investigação a metodologia da grounded theory. O procedimento de amostragem teórica permitiu alcançar o corpus de dados, obtido através da observação, entrevista e narrativa escrita realizadas a participantes-enfermeiros e participantes-crianças/jovens/familiares, que foi simultaneamente analisado através do método de comparações constantes, comparações teóricas e paradigma do processo constituído por etapas: contexto/condições-acções/interacções-consequências. Utilizámos, ainda, na análise de dados o programa informático NVivo 8, um Software concebido para trabalhar com dados qualitativos facilitando a sua organização e distribuição pela árvore categorial emergente. O desenrolar da teorização permitiu alcançar uma formulação teórica explicativa sobre o uso das emoções em enfermagem pediátrica. O processo de uso terapêutico das emoções no acto de cuidar dos enfermeiros comporta 5 estratégias principais (sub-processos): promover um ambiente seguro e afectuoso, nutrir os cuidados com afecto, gerir as emoções dos clientes, construir a estabilidade na relação e regular a disposição emocional para cuidar (dos enfermeiros). As ligações recíprocas entre estas estratégias ao longo do continuum temporal da relação, permitem transformar positivamente a experiência emocional de doença e hospitalização dos clientes e de cuidar dos enfermeiros – a metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar. O conceito central que emergiu é esta metamorfose da experiência emocional que os enfermeiros desenvolvem na sua prática de cuidados, dirigida para os clientes mas também para os próprios, promovendo o bem-estar e o alívio do sofrimento, tal como o crescimento de ambos.