FCSE - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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- Aspetos fonológicos, morfossintáticos e semânticos da negação em língua gestual portuguesa : o caso do gesto não_haverPublication . Carmo, Helena Cristina Horta Sustelo do; Zaky, Ana Margarida Mineiro Rodrigues; Morgado, Celda Maria Gonçalves; Carvalho, Paulo Alexandre Castelão Vaz deA negação, enquanto categoria da linguagem, é uma propriedade universal às línguas do mundo, independentemente da sua modalidade. A realização da negação nas línguas gestuais individuais, bem como a variação tipológica entre línguas gestuais têm sido objeto de estudo em várias investigações, sob perspetivas descritivas e teóricas diversificadas. Neste estudo, analisa-se a negação frásica na Língua Gestual Portuguesa, a partir de um corpus constituído no âmbito do Projeto Avatar (PTDC/LLT-LIN/29887/2017) - Corpus de Referência da LGP e modelização de um AVATAR para a tradução automática LGP/Português, tendo como objetivo estudar a negação frásica por meio de gestos negativos, em simultâneo ou em sequencialidade com os gestos com as quais formam a construção negativa, acompanhados ou não de Marcadores Não Manuais. Foram detetadas 23 categorias fonomorfológicas de negação, entendendo-se por negação a operação que permite denotar a inexistência da situação/entidade originalmente reportada por essa situação/unidade. Mais particularmente, foi feita uma categorização de base morfossintática e sintáticosemântica do gesto NÃO_HAVER, correspondente à expressão da negação com Configuração da Mão/Mãos em “O” (n.º 12), nas produções das subcategorias A1, A2 e A4. Durante a análise dos dados, foram considerados usos diferentes para o gesto negativo NÃO_HAVER: i) verbo com sentido de inexistência- não haver; ii) verbo com sentido de inexistência- não ser; iii) verbo com sentido de posse negativa - não possuir/ter; iv) com sentido de inexistência locativa- não estar; v) partícula negativa combinada com um outro gesto interpretado como Verbo.
- Incontinência urinária no pós-parto : epidemiologia e impacto na qualidade de vida das mulheresPublication . Guerra, Maria João Jacinto; Alves, Paulo Jorge PereiraINTRODUÇÃO: A incontinência urinária (IU) é considerada como uma perda involuntária de urina sendo mais frequente nas mulheres do que nos homens. A incontinência urinária tem um impacto negativo na qualidade de vida, com implicações importantes a nível psicológico e físico, na vida social e sexual e com custos económicos elevados. Na mulher, a gravidez e o trauma do parto têm sido considerados fatores de risco significativos para a presença de IU no pós-parto imediato e para a sua persistência no restante ciclo de vida. Com esta tese pretende-se: realizar a validação de dois instrumentos de avaliação a da incontinência urinária e a da qualidade de vida relacionada, avaliar a prevalência da incontinência urinária no pós-parto, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida das mulheres portuguesas. METODOLOGIA: A presente investigação incluiu duas etapas. A primeira consistiu em dois estudos metodológicos em que se realizou a validação dos dois instrumentos para a cultura portuguesa, o ICIQ-UI SF e o ICIQ-LUTSQol. Na segunda, foi realizado um estudo observacional de tipo transversal em que foi constituída uma amostra de 696 mulheres com um parto ocorrido até há um ano e em que foi avaliada a presença de incontinência urinária, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida através da utilização de um questionário online disponibilizado nas redes sociais. RESULTADOS: Obtivemos uma taxa de prevalência de 46,6% numa amostra de 696 mulheres tendo 324 participantes referido perdas de urina, ou seja, incontinência urinária. Os fatores de risco identificados e estudados foram a presença de perdas urinárias antes da gravidez, durante a gravidez, o tipo de parto e a idade acima dos 34 anos. A frequência das perdas de urina encontra-se associada a uma menor qualidade de vida. Mesmo perder urina uma vez por semana foi considerado como tendo um grande impacto na qualidade de vida por 18,8% das mulheres. No entanto quando a perda de urina acontece diversas vezes ao dia o impacto é mais significativo mostrando que 63,6% consideram-na ter um grande impacto na qualidade de vida. CONCLUSÃO: Esta tese permitiu a validação de dois instrumentos muito úteis e importantes para a clínica e para a investigação nesta área. Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que a prevalência encontrada da incontinência urinária no pós-parto corrobora as evidências existentes de que esta condição constitui um problema de saúde que necessita de ser abordado na prática de cuidados. A incontinência urinária tem um significativo impacto na qualidade de vida das mulheres particularmente a nível da sua relação com o seu companheiro, na vida sexual e no bem-estar psicológico.
- Qualidade de vida, autocuidado e gestão do tratamento farmacológico em pessoas com onicomicosesPublication . Neves, Vasco Manuel da Silva; Vieira, Miguel Santos PaisIntrodução: A Onicomicose (OM) é uma infeção fúngica das unhas. A prevalência estimada no mundo varia de 0,5-26%, com uma tendência crescente. É um fator de risco, promotor das úlceras do pé e celulite bacteriana aguda, em particular nas pessoas com diabetes. Provoca alterações na qualidade de vida (QV) desencadeando problemas físicos, mentais, sociais e compromisso no autocuidado e atividades de vida diária (AVD). As anomalias morfológicas nas unhas, os traumatismos ungueais, o calçado desadequado, a utilização frequente de balneários públicos e as reduzidas condições de higiene promovem o seu aparecimento. Os casos de maior gravidade ocorrem em pessoas com doenças crónicas e/ou estados de imunossupressão. A OM apresenta resistência aos tratamentos e recidivas frequentes. Objetivos: Pretende-se descrever a prevalência da OM na amostra em estudo; avaliar a QV através da tradução para a população portuguesa do questionário (OnyCOE-t TM); caraterizar o estilo de autocuidado e gestão do regime terapêutico (GRT) e testar a atividade fungicida dos antisséticos em espécies clínicas e American Type Culture Collection (ATCC). Metodologia: Foram realizados quatro estudos com materiais e métodos diferentes. Um estudo transversal para avaliar a prevalência da OM. Um estudo em subamostra para traduzir e adaptar o questionário (OnyCOE-t TM). Um estudo em subamostra para identificar estilos de GRT e as caraterísticas associadas. Um estudo in vitro para testar atividade fungicida dos antisséticos, nos fungos identificados no estudo de prevalência. Como critérios de inclusão, consideraram-se os indivíduos com idade superior a 18 anos, com suspeita clínica de OM. Excluíram-se os doentes que utilizaram antifúngicos nos últimos três meses e que tinham alterações cognitivas. Foi solicitado parecer à comissão de ética e o consentimento livre e esclarecido aos participantes, tendo sido informados sobre a sua participação neste estudo. Resultados: Verificou-se uma taxa de prevalência de OM de 53,3% através de confirmação laboratorial. O fungo mais prevalente foi o T. rubrum (38,6%). Os participantes apresentaram dificuldades no autocuidado dos pés (74,4%), desconforto (66,0%), espessamento ungueal (90,0%), vergonha e constrangimento devido a esta situação (37,8%). A maioria (54,4%) apresentava OM há mais de 5 anos. No processo de tradução do questionário (OnyCOE-t TM) obteve-se boa consistência interna (Alfa de Cronbach >0,725). Verificou-se que 12,5% apresentavam um estilo de autocuidado predominantemente responsável, com caraterísticas de controlo e flexibilidade e afastamento do estilo negligente. A dificuldade no autocuidado não estava associada ao estilo de GRT (p=0,493). O estudo in vitro demonstrou que as soluções antisséticas de PVP-I e OCT-D foram as mais eficazes contra as espécies clínicas T. rubrum, T. interdigitale e C. parapsilosis, com redução de 99,99% (log> 4). Discussão/Conclusão: Com o presente estudo contribuiu-se para uma melhor descrição da epidemiologia da OM. Os resultados da tradução do questionário OnyCOE-t TM sugerem que esta é uma ferramenta útil e fiável para a realização de estudos de QV nestes doentes, na população portuguesa. O elevado número de indeterminados revelou um aglomerado de caraterísticas comuns a todos os estilos de GRT. Os antisséticos PVP-I e OCT-D evidenciaram potencialidades in vitro para a utilização na OM. Deverão ser realizados estudos experimentais, tendo em consideração o conhecimento da prática clínica dos enfermeiros na utilização dos antisséticos, perspetivando a melhoria da QV e promoção do autocuidado das pessoas com OM.
- Vulnerabilidade das pessoas idosas com apoio domiciliário : implicações para os cuidados de enfermagemPublication . Costa, Tânia Filipa Santos; Sá, Luís Octávio deIntrodução: A complexidade e variabilidade que qualificam o envelhecimento acentuam as diferenças individuais dificultando a ação profissional. No Porto, esta realidade adquire especial relevo pelo efeito em espiral de fatores demográficos, socioeconómicos e familiares que contribuíram para que as atividades de assistência às pessoas idosas vulneráveis passassem a ser confiadas a respostas sociais, como o serviço de apoio domiciliário. O quadro conceptual ancorado na mais recente literatura científica indica-nos que, nestes casos, a vulnerabilidade, como estado, resulta do somatório de determinantes comunitários com determinantes individuais. Objetivo: Caracterizar a vulnerabilidade das pessoas idosas inscritas em serviços de apoio domiciliário da cidade do Porto, esperando colocar a descoberto a prevalência dos fenómenos, potencialmente sensíveis aos cuidados de enfermagem, promotores dessa vulnerabilidade, bem como, as relações que entre eles se estabelecem. Espera-se que este conhecimento disciplinar contribua para decidir acerca da adequação deste serviço, definir terapêuticas de enfermagem e políticas públicas percursoras do desenvolvimento de modelos mais integrados e sustentáveis. Material e Métodos: Estudo observacional, analítico e transversal que decorreu entre maio de 2018 e setembro de 2019. Optou-se pela amostragem por conglomerados de uma única etapa. A participação foi, sempre, voluntária e os participantes e/ou representante legal e/ou cuidador informal foram informados e esclarecidos. Os dados foram recolhidos por formulário junto de 320 pessoas idosas inscritas em serviços de apoio domiciliário integrados em instituições particulares de solidariedade social da cidade do Porto. A recolha de dados sobre as políticas de saúde e sociais, realizou-se pela consulta de documentos de referência. A sintaxe da vulnerabilidade contou com as variáveis que compõem os domínios dos determinantes comunitários e as dimensões dos determinantes individuais. A Comissão de Ética da Universidade Católica Portuguesa - Centro Regional do Porto aprovou o estudo. Resultados: Na cidade do Porto, 17,1% da população idosa que recebe serviços de apoio social no domicílio, através de instituições particulares sem fins lucrativos, é muito vulnerável. Neste nicho, assinalam-se nos determinantes comunitários, a elevada percentagem de mulheres com 83 ou mais anos, reduzida escolaridade, que não gerem a pensão de reforma, que consideram o rendimento mensal insuficiente para responder às necessidades quotidianas, que não usufruem de cuidados informais e que contratualizam três ou mais serviços ao apoio social no domicílio. Nos determinantes individuais atesta-se a elevada prevalência de fenómenos, sensíveis aos cuidados de enfermagem, que se encontram afetados, como: declínio cognitivo, compromisso do estado de consciência, do sono e da mobilidade, polimedicação, queda acidental, dor, dependência nas atividades básicas e instrumentais de vida diária, perda de massa magra, alto risco de desenvolver úlceras de pressão, presença de úlceras de pressão e autoperceção de saúde negativa, bem como, a existência de relações estatisticamente significativas entre esses mesmos fenómenos, ampliando a vulnerabilidade. No entanto, à medida que aumenta a vulnerabilidade aumenta a utilização do serviço de urgência e o número de internamentos o que aliado à ausência de relação estatística com o número de vezes que é utilizada a unidade de saúde familiar sugere que para as pessoas idosas e suas famílias os cuidados sociais e de saúde diferenciados são as respostas adotadas. Face a esta realidade, o apoio social no domicílio responde com cuidados que complementam ou substituem o próprio e, se existir, o cuidador informal/família revelando que não estão preparados para o desafio de promover um envelhecimento saudável, mas sim para perpetuar o ageing in place, atrasando a institucionalização. Conclusão: Identificaram-se áreas sensíveis aos cuidados de enfermagem aparentemente a descoberto. Destaca-se a necessidade de um diálogo permanente entre qualidade de vida, ageing in place e cuidados domiciliários que atenda à importância do processo multidisciplinar de diagnóstico interdisciplinar com vista ao desenvolvimento de ações integradas, contínuas e coordenadas potenciadoras do envelhecimento saudável.
- Dor e rigidez articular da coluna cervical : acurácia da avaliação física em enfermagemPublication . Soares, Bruno Miguel Garrido; Alves, Paulo Jorge Pereira; Fonseca, PatríciaINTRODUÇÃO: A disfunção cervical é uma problemática de elevado impacto pessoal, social e económico a nível mundial. Embora a etiologia da disfunção cervical seja descrita como multifatorial, verifica-se a necessidade do seu melhor esclarecimento. Desta forma, a avaliação física realizada pelo enfermeiro poderá demonstrar-se não ajustada à real condição da pessoa. A literatura tem vindo a evidenciar a relação entre a condição cervical, o funcionamento mandibular e a condição visceral. Com a finalidade de contribuir para a acurácia da avaliação física realizada pelos enfermeiros, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência do sistema estomatognático e dos reflexos viscerossomáticos na dor e rigidez articular da coluna cervical. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo piloto, com desenho quasi-experimental realizado no período entre Junho e Julho de 2019, em 50 participantes voluntários da população da Universidade Católica Portuguesa Centro Regional do Porto, onde se analisou a influência da alteração da intercuspidação habitual, da desprogramação oclusal e do estímulo de pressão da região cutânea reflexa do ílion/colon na coluna cervical alta. Este estudo foi dividido em dois momentos, onde primeiramente realizamos a análise cinemática e dor na mobilização passiva da coluna cervical alta, com recurso ao Motion Capture System® e à Escala Visual Analógica. No segundo momento avaliamos o limiar de dor à palpação da musculatura eretora do pescoço e das estruturas do sistema estomatognático, com recurso à algometria. Foi ainda analisada a influência dos reflexos viscerossomáticos nas estruturas do sistema estomatognático. RESULTADOS: No Momento I verificou-se em todos os participantes aumento da amplitude média de movimento total e diminuição da dor na mobilização passiva na primeira e segunda vertebra cervical (p<0.001) . Na análise da correlação entre as variáveis, verificou-se as variáveis em estudo se apresentaram estatisticamente iguais (p<0.001). Verificou-se neste estudo que o aumento da amplitude de movimento foi acompanhado de uma diminuição da dor na mobilização passive (p<0.001). No segundo Momento II verificou-se que tanto a desprogramação oclusal como estímulo de pressão na região cutânea reflexa do ílion/colon aumentaram o limiar de dor à palpação da musculatura eretora do pescoço (p<0.001). Neste mesmo sentido, verificamos que reflexos viscerossomáticos apresentaram influência significativa no limiar de dor à palpação das estruturas do sistema estomatognático (p<0.001). CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo permitem identificar a interferência do sistema estomatognático e dos reflexos viscerossomáticos na dor e rigidez articular da coluna cervical, evidenciando o complexo cérvico-mandibular-visceral, realçando a importância da sua integração no momento da avaliação física realizada pelos enfermeiros. Deste estudo decorrem dois protocolos que contribuem para a acurácia da avaliação física dos enfermeiros junto da pessoa com disfunção cervical e da pessoa com disfunção do sistema estomatognático.
- Impacte de uma intervenção multimodal nas práticas de cateterização periférica por enfermeirosPublication . Costa, Paulo Jorge dos Santos; Vieira, Margarida Maria da Silva; Graveto, João Manuel Garcia do NascimentoProblemática: A obtenção de um acesso vascular afigura-se como um dos avanços mais notáveis da saúde contemporânea. Na maioria dos contextos internacionais, entre as opções de acesso conhecidas, nenhuma é mais recorrente que a cateterização venosa periférica, sendo os enfermeiros responsáveis pelos cuidados prestados à pessoa neste âmbito. Porém, sabe-se que um número significativo de cateterizações falha prematuramente, decorrente, por vezes, de práticas não devidamente informadas por evidência científica recente, com risco para a saúde e bem-estar das pessoas. Esta realidade é particularmente desafiante para a pessoa com doença oncológica, a qual experiencia risco acrescido de depleção da rede venosa periférica. Na literatura, ainda que incipiente, alguns autores assinalam o potencial das intervenções multimodais na promoção de cuidados de enfermagem eficientes, seguros e sustentáveis à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica. Objetivo: Avaliar o impacte de uma intervenção multimodal (IM) nas práticas de enfermagem no âmbito da cateterização venosa periférica de pessoas com doença oncológica. Material e métodos: Trata-se de um estudo de investigação-ação, desenvolvido em colaboração com uma equipa de enfermagem de um serviço cirúrgico de um hospital de oncologia em Portugal. O estudo foi desenvolvido com base em seis atividades principais: i) estudo observacional prospetivo no contexto de estudo, de modo a avaliar o impacte das práticas e tecnologias em uso pelos enfermeiros nos resultados sensíveis aos seus cuidados; ii) tradução, adaptação e validação de duas escalas de avaliação da rede venosa periférica para a população adulta portuguesa; iii) desenvolvimento de um pack de cateterização venosa periférica; iv) desenvolvimento de um bundle clínico informado por evidência científica recente e opinião de peritos internacionais em acessos vasculares; v) condução de painéis de discussão de práticas com a equipa de enfermagem; e vi) estudo observacional prospetivo, de modo a avaliar o impacte da IM a nível da uniformização e alinhamento das práticas da equipa de enfermagem no que respeita à cateterização venosa periférica, assim como na prevenção de complicações associadas. Resultados: Findo a primeira atividade, constatámos que as práticas de cateterização venosa periférica não eram uniformes entre a equipa, divergindo pontualmente das recomendações existentes em guidelines internacionais, o que poderá explicar a taxa de sucesso à primeira tentativa (67%), o número elevado de tentativas consecutivas de punção (M = 1,6; DP = 1,1, 1-8) e a taxa observada de falha prematura da cateterização venosa periférica (26%) observados. A implementação da IM resultou na prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica informados por evidência científica recente, especialmente no que respeita ao envolvimento e avaliação da rede venosa periférica da pessoa, preservação da técnica assética no-touch, fixação segura do cateter venoso periférico, ensinos à pessoa após a cateterização e vigilância de complicações por parte da equipa. As mudanças observadas resultaram em indicadores superiores de qualidade dos cuidados de enfermagem neste âmbito, verificando-se o aumento da taxa de sucesso à primeira tentativa (86%; χ2(1) = 10,04; p = 0,002), diminuição do número de tentativas consecutivas de punção (t(154) = 7,6, p = 0,007, d = 0,39) e da taxa observada de falha prematura da cateterização venosa periférica (10%; χ2(1) = 8,7; p < 0,003) observados. Conclusão: A IM (co)desenvolvida com a equipa de enfermagem afigura-se como uma resposta estruturada, sensível a desafios estruturais e processuais, que potenciou a prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica informados por evidência, com resultados significativos no que respeita à sua qualidade e experiência de cuidados.
- Programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com ostomia de ventilaçãoPublication . Queirós, Sílvia Maria Moreira; Santos, Célia Samarina Vilaça de Brito; Brito, Maria Alice Correia deDas áreas de atenção sensíveis aos cuidados de enfermagem no processo de transição para a vida com um estoma de ventilação, o autocuidado destaca-se como um dos mais significativos. Apesar do reconhecimento da sua importância, não existia evidência sobre as intervenções de enfermagem com relevância para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação. Paralelamente, os cuidados prestados eram frequentemente descritos como descontínuos, insuficientes e variáveis. Assim, foi definido como objetivo desta investigação construir e estudar a viabilidade de um programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação, capaz de sistematizar a prática clínica. Para tal, foi realizada a construção teórica e estudo da viabilidade de um programa de intervenção, com base nas recomendações do Medical Research Council. Primeiramente, foi efetuada uma revisão de âmbito sobre as intervenções de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação e seus resultados. Posteriormente, foram realizados dois estudos qualitativos com os envolvidos: as pessoas com um estoma de ventilação e os enfermeiros da prática clínica, para conhecer as suas expectativas, preferências e dificuldades. De seguida, o programa foi desenhado com recurso aos critérios de Aranda (2008). Procedeu-se também à construção e avaliação de materiais educativos escritos, enquanto recursos de suporte à implementação do programa. Depois, foi avaliada a adequação do programa por peritos e a sua aceitação pelos enfermeiros da prática clínica, através de um estudo qualitativo do tipo grupo focal. O programa de intervenção criado é constituído por seis módulos temáticos sequenciais. Em cada um dos módulos foi definido o objetivo, os dados que devem ser obtidos antes da sua implementação, o momento certo para intervir, as intervenções de enfermagem, os conteúdos que concretizam as intervenções, os seus métodos de administração e a dose. Foram ainda elaborados os manuais educativos escritos: “Viver após uma traqueotomia” e “Viver após uma laringectomia total”. Os participantes dos estudos de avaliação consideraram que o programa e os manuais são adequados, bem estruturados e clinicamente úteis. Esta investigação possibilitou melhorar o conhecimento disciplinar sobre a promoção do autocuidado na transição para a vida com um estoma de ventilação. Por outro lado, poderá contribuir para a melhoria da prática clínica, por conceber um programa de intervenção baseado na evidência, na perceção dos envolvidos e avaliado por peritos, que cumpre o rigor metodológico exigido para o desenvolvimento de intervenções complexas na área da saúde.
- Violência contra as pessoas idosas na comunidade : desafios e prioridades para a ação dos enfermeirosPublication . Veríssimo, Cristina Maria Figueira; Vieira, Margarida Maria da SilvaIntrodução: A violência contra as pessoas idosas (VCPI) é um problema social e de saúde pública, relacionado com as condutas e os valores sociais, que causa elevada morbilidade e mortalidade. Tem sérias repercussões nos sistemas de saúde e na saúde física e mental das pessoas idosas, especialmente das mais vulneráveis. Dado o envelhecimento acentuado da população, prevê-se o agravamento desta situação na sociedade. Para a enfrentar e reduzir exige-se uma abordagem multissectorial e multidisciplinar. Neste contexto, os enfermeiros afetos aos Cuidados de Saúde Primários, estão bem posicionados para trabalhar com as famílias e comunidades, sendo determinantes para garantir a saúde e o bem-estar das pessoas idosas. Objetivos: determinar a prevalência da violência no último ano e ao longo da vida, em pessoas idosas a viver na comunidade (domicílio); caracterizar a cronicidade e severidade dos atos, tipo de agressores, reações e sentimentos das vítimas; caracterizar a ocorrência da violência segundo as características sociodemográficas, utilização dos serviços de saúde, estilos de vida, saúde física e mental, qualidade de vida (QV) e suporte social; identificar fatores determinantes associados à violência. Métodos: Estudo descritivo-correlacional e secção transversal, com amostra do tipo acidental. A população alvo foi composta por pessoas com 60 e mais anos, a viver na comunidade (domicílio), residentes no município de Coimbra. A recolha de dados foi efetuada com recurso ao questionário ABUEL (Elder Abuse: a Multinational Prevalence Survey). Resultados: A amostra incluiu 427 participantes, com média de idades de 72,2 anos (mínimo de 60 e máximo 95 anos) e do sexo feminino (60,2%). Coabitavam com o cônjuge/companheiro(a) (49,9%). A principal fonte de rendimentos era a reforma por idade (35,4%). A prevalência da violência, no último ano, foi de 39,4% para a violência global. Ao longo da vida, constatou-se um aumento em todos os tipos de violência e na violência global (41,7%). A violência psicológica e financeira, foram as mais reportadas. A reação” emocional” foi a mais frequente. Em todos os tipos de violência, os elementos da família foram os principais agressores. Como fatores protetores da violência psicológica surgem a idade, a coabitação, suporte social (apoio da família) e QV na intimidade e como fator de risco a saúde mental (ansiedade). Ter mais idade, viver sozinho, ter maior suporte social/maior apoio familiar e maior QV na intimidade diminui a possibilidade de ser vítima. Já os indivíduos mais ansiosos apresentam maior probabilidade de vitimização. O sexo, o estado civil, a coabitação e a saúde mental (ansiedade) revelaram-se fatores de risco para a violência financeira. Apresentavam uma possibilidade superior de sofrer este tipo de violência: os indivíduos do sexo masculino; os que não viviam uma relação de casado/união de facto (solteiros, divorciados/separados e viúvos); os que viviam em coabitação com o conjugue companheiro(a) e “outros”; os mais ansiosos. Conclusões: Este estudo, permitiu caracterizar a violência, os agressores e identificar os fatores protetores e os de risco da violência psicológica e financeira, subsidiando o raciocínio critico dos enfermeiros na intervenção com a pessoa idosa, família e comunidade, na prevenção da violência e na promoção da QV das pessoas idosas. Aquando da avaliação das pessoas idosas, das suas famílias e da comunidade envolvente, cabe ao enfermeiro, através da colheita de dados e de todas as interações com a pessoa/família, valorizar os fatores preditores de violência, de modo a prevenir, detetar e intervir nesta área.
- Competências de linguagem oral e escrita em crianças com epilepsia benigna de infância com pontas centro-temporaisPublication . Teixeira, Joana Marta Gonçalves Gouveia Abreu; Santos, Maria Emília; Oom, PauloQualquer fator intrínseco ou extrínseco que interfira com o processo natural de aquisição e desenvolvimento das competências de linguagem, pode comprometer o seu percurso e, consequentemente, todas as outras atividades que lhe estão associadas. As perturbações no domínio da linguagem são muito comuns na infância, um período fulcral neste processo, devido à sensibilidade neuronal das redes recrutadas. Estas alterações, frequentemente, decorrem de perturbações neurológicas, como é o caso da epilepsia. Na vasta diversidade de síndromes epiléticas, surge a Epilepsia Benigna de Infância com Pontas Centro-Temporais (EBIPCT), que é a mais comum neste período. Sabe-se que a atividade epilética desta síndrome pode ter impacto nas competências cognitivas das crianças, nomeadamente ao nível da atenção e da memória, e também da linguagem. Dentro deste conjunto de perturbações, considerando a especificidade da localização da EBIPCT (zona peri-rolândica), torna-se necessário aprofundar o conhecimento sobre as possíveis sequelas ao nível da linguagem das crianças com esta neuropatologia. Procurando assim contribuir para o esclarecimento das capacidades de linguagem desta população, esta tese apresenta o trabalho resultante de uma investigação que engloba duas revisões sistemáticas da literatura, acerca das competências de linguagem oral e escrita destas crianças, e ainda dois estudos empíricos relativos à avaliação das suas competências de linguagem oral, quer em idade pré-escolar, quer em idade escolar e à análise das suas capacidades de leitura e escrita, comparativamente com uma amostra de controlo. Os resultados obtidos indicam que as crianças com EBIPCT demonstram competências de linguagem inferiores aos seus pares de idade em diversas áreas da linguagem oral e escrita. Deste modo, deve ser enfatizada a importância da avaliação precoce destas capacidades e a eventual necessidade de intervenção terapêutica, de forma a minimizar o impacto destas alterações no seu desempenho escolar e qualidade de vida.
- Peer feedback : modelo de avaliação e desenvolvimento de competências metacognitivas nos estudantes de enfermagem : contributos para a supervisão clínicaPublication . Ferreira, António Manuel dos Santos; Araújo, Beatriz Rodrigues de; Alves, José Joaquim Ferreira MatiasEm resposta às elevadas expectativas da sociedade, as Instituições de Ensino Superior (IES) deparam-se com a necessidade permanente de desenvolverem mecanismos que garantam a aquisição pelos estudantes de competências que permitam uma adequada integração na vida ativa, em resposta aos contextos profissionais em permanente mudança. Sendo o estudante o elemento central e nuclear no processo de ensino, aprendizagem e avaliação, torna-se necessário e fundamental refletir e analisar os processos educativos ao nível do ensino superior com vista a desenvolver e implementar um conjunto de métodos e estratégias que favoreçam o papel ativo do estudante para que possa autorregular o processo de aprendizagem. Neste sentido, o peer feedback no ensino superior tem sido definido como um dos métodos colaborativos onde o estudante assume um papel dinâmico, quer nos processos de ensino, aprendizagem, quer de avaliação, favorecendo o desenvolvimento de competências. Neste estudo, pretende-se aprender e analisar um modelo pedagógico com recurso ao peer feedback, pedagogicamente sustentado e que potencie a participação ativa do estudante quer na aprendizagem, quer na avaliação, identificando os contributos no desenvolvimento de competências metacognitivas nos estudantes de enfermagem em ensino clínico. Trata-se de um estudo de caso construtivista com recurso a multi- métodos em duas fases distintas: Fase 1 (F1) – Desenvolver e Modelar, relativos aos resultantes do 1o e 2o ciclos da Pesquisa-ação Participativa - PaP, seguida da Fase 2 (F2) – Validade/Viabilidade, relativos ao estudo quasi-experimental (Antes e Depois) de forma a validar os requisitos do modelo, a recetividade e possível compliance ao modelo pelos docentes e estudantes. Este estudo realizou-se nos anos de 2018 a 2021, numa Escola Superior de Saúde da Região Norte de Portugal Continental, integrando as unidades curriculares de Ensino Clínico dos 3o e 4o anos, do 1o Ciclo de Estudos do Curso de Licencatura em Enfermagem. O estudo integra os estudantes e docentes/supervisores clínicos das unidades curriculares em análise. Os resultados obtidos permitem apresentar um modelo de avaliação dos estudantes de enfermagem em ensino clínico, com recurso ao peer feedback, relevantes para o seu exercício profissional futuro, com foco nos mecanismos de autoconhecimento, autorreflexão e autorregulação, de comunicação e relação interpessoal promotores do trabalho em equipa. Foram identificadas características requeridas na implementação do peer feedback das quais se destacam a capacitação de estudantes e docentes/supervisores clínicos, e a “Guideline de Implementação: Peer feedback” enquanto recurso de suporte e apoio. Foi ainda evidente o envolvimento das estruturas cientifico-pedagógicas na orientação para políticas educativas alinhadas com o paradigma de ensino centrado no estudante, através de um elevado grau de compromisso da comunidade académica na implementação do modelo. Em síntese, evidencia-se que a adoção de um modelo centrado no estudante e no seu processo de aprendizagem e avaliação na formação de enfermagem em contexto clínico, favorece um percurso académico de sucesso, possibilita o alinhamento das metodologias pedagógicas com os referenciais nacionais e internacionais na garantia da qualidade do ensino superior, e contribui de forma significativa para o conhecimento em enfermagem.