FCSE - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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- Cuidado de si : a natureza da parceria entre o enfermeiro e o doente idoso no domicílioPublication . Gomes, Idalina Delfina; Costa, Maria Arminda MendesActualmente um novo paradigma reconhece à pessoa o direito à autonomia, o que tem gerado movimentos a favor da participação activa de cada um no seu processo de cuidados de saúde, numa perspectiva de cidadania. É neste quadro que o conceito de parceria na saúde ganha realce. Por outro lado, o envelhecimento demográfico pode trazer o aumento de doenças crónicas e um número elevado de doentes idosos com necessidades de cuidados continuados no domicílio. Assim, este estudo tem como objectivo compreender a natureza, a estrutura e o processo da parceria entre o enfermeiro e o doente idoso, na relação de cuidados em contexto domiciliário. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, seguindo o método da grounded theory. Os participantes, 10 enfermeiros e 28 doentes idosos, foram seleccionados por amostragem teórica. As técnicas de colheita de dados foram a observação participante, as entrevistas e a análise de documentos. A recolha de dados realizou-se entre Dezembro de 2006 a Março de 2009. Efectuaram-se 50 registos de observação, 29 entrevistas a doentes idosos (15 formais e 14 informais) e 22 entrevistas a enfermeiros (10 formais e 12 informais). A análise dos dados realizou-se pelo método das comparações constantes. Os resultados mostram que na construção do processo de parceria, num contexto de vulnerabilidade e dependência, são condições estruturais ver a pessoa idosa como ser de projecto e de cuidado e ter tempo e espaço para estabelecer uma relação de qualidade. As estratégias passam por partilhar significados da experiência na construção de uma acção conjunta, quando o doente idoso tem autonomia, ou a construção de uma acção em que o cuidado de Si é assegurado pelo enfermeiro, quando este não tem autonomia. As consequências destas acções e interacções são o assumir ou o assegurar o cuidado de Si. A construção do processo de parceria caracteriza-se por cinco fases: revelar-se; envolver-se; capacitar ou possibilitar; comprometer-se; assumir o controlo de Si ou assegurar o cuidado do Outro. Conclui-se que a parceria como a construção de uma acção conjunta que promova o cuidado de Si, no respeito pela singularidade da pessoa ou como a construção de uma acção que tem como objectivo assegurar o cuidado do Outro, permite que a pessoa possa assumir o controlo sobre o seu projecto de vida e de saúde ou prosseguir a sua trajectória de vida, qualquer que seja a sua circunstância.
- Metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar : o processo de uso terapêutico das emoções em enfermagem pediátricaPublication . Diogo, Paula Manuela Jorge; Lopes, Manuel JoséO processo de cuidados de enfermagem é um processo relacional, cujas relações interpessoais estão impregnadas de emoções. Actualmente defende-se que lidar com tais emoções é parte integrante do trabalho dos enfermeiros, tornando-se necessária a sua gestão para efectivar uma ajuda aos clientes. Por outro lado, as emoções conferem o sentido humanista ao agir dos enfermeiros, dão sentido ao próprio cuidar e guiam o relacionamento. Mas a literatura disponível não explicita bem estes aspectos emocionais da prática dos enfermeiros. Com este estudo propusemo-nos aprofundar o conhecimento sobre a dimensão emocional da prática de enfermagem, e mais particularmente sobre o uso das emoções enquanto instrumento terapêutico em enfermagem pediátrica. A nossa opção metodológica teve por base pressupostos qualitativos, utilizando como ferramenta de investigação a metodologia da grounded theory. O procedimento de amostragem teórica permitiu alcançar o corpus de dados, obtido através da observação, entrevista e narrativa escrita realizadas a participantes-enfermeiros e participantes-crianças/jovens/familiares, que foi simultaneamente analisado através do método de comparações constantes, comparações teóricas e paradigma do processo constituído por etapas: contexto/condições-acções/interacções-consequências. Utilizámos, ainda, na análise de dados o programa informático NVivo 8, um Software concebido para trabalhar com dados qualitativos facilitando a sua organização e distribuição pela árvore categorial emergente. O desenrolar da teorização permitiu alcançar uma formulação teórica explicativa sobre o uso das emoções em enfermagem pediátrica. O processo de uso terapêutico das emoções no acto de cuidar dos enfermeiros comporta 5 estratégias principais (sub-processos): promover um ambiente seguro e afectuoso, nutrir os cuidados com afecto, gerir as emoções dos clientes, construir a estabilidade na relação e regular a disposição emocional para cuidar (dos enfermeiros). As ligações recíprocas entre estas estratégias ao longo do continuum temporal da relação, permitem transformar positivamente a experiência emocional de doença e hospitalização dos clientes e de cuidar dos enfermeiros – a metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar. O conceito central que emergiu é esta metamorfose da experiência emocional que os enfermeiros desenvolvem na sua prática de cuidados, dirigida para os clientes mas também para os próprios, promovendo o bem-estar e o alívio do sofrimento, tal como o crescimento de ambos.
- Decisão ética em enfermagem : do problema aos fundamentos para o agirPublication . Fernandes, Sérgio Joaquim Deodato; Nunes, LucíliaA presente tese resultou do estudo realizado com o propósito da obtenção do grau de doutor em enfermagem, na Universidade Católica Portuguesa. Incide sobre a decisão ética em enfermagem, definindo o conceito de problema ético de enfermagem, enunciando as fases de construção da decisão ética e significando os fundamentos utilizados pelos enfermeiros no seu agir profissional. O estudo parte de dois problemas de investigação, a saber, o que constitui problema ético na prática clínica de enfermagem e como é que os enfermeiros constroem a decisão ética para resolver esses problemas. Destes problemas resultaram três questões de investigação: o que constitui problema ético de enfermagem; de que forma os enfermeiros constroem a decisão ética de enfermagem e por fim, quais os fundamentos utilizados pelos enfermeiros, na sua prática clínica, para suportarem a construção da decisão ética de enfermagem. As questões de investigação formuladas deram origem a três objetivos, a saber, definir o conceito de problema ético de enfermagem; descrever a construção da decisão ética de enfermagem e ainda, significar os fundamentos da construção da decisão ética de enfermagem. Para estes objetivos desenhou-se um estudo de abordagem qualitativa, exploratório e descritivo, com recurso à entrevista como método de recolha de dados e a utilização da análise de conteúdo para a sua análise. A tese, elaborada sob orientação da Sra. Professora Doutora Lucília Nunes, inclui um enquadramento apriorístico do estudo (Parte I), onde se identifica o conhecimento atual na área da decisão ética de enfermagem, se sintetiza a ancoragem teórica de referência e se situa o campo epistemológico escolhido. Ancoramo-nos em Aristóteles, Kant e Paul Ricoeur quanto à decisão ética e em Lucília Nunes e Margarida Vieira na ligação da ética à enfermagem. Tendo em conta o contexto problemático e metodológico do estudo, situamo-nos no pos-modernismo enquanto campo epistemológico de referência. A uma clarificação da metodologia utilizada do estudo (Parte II), segue-se a apresentação dos resultados na Parte III. A parte IV é destinada à teorização da decisão ética de enfermagem, discutindo os resultados do estudo com os referenciais teóricos adotados. Como principais conclusões, relevamos a definição do conceito de problema ético de enfermagem, enquanto incerteza face à escolha das intervenções a realizar pelo enfermeiro, a natureza não processual da construção da decisão ética de enfermagem e uma predominância da utilização de fundamentos éticos para esta decisão. Como propostas futuras, este estudo sugere o aprofundamento da investigação na área de ligação entre a decisão clínica e a decisão ética de enfermagem.
- O impacto dos grupos de ajuda mútua no desenvolvimento da esperança dos pais de crianças com doença crónica : construção de um modelo de intervenção colaborativaPublication . Charepe, Zaida Borges; Neto, Luís Miguel Vicente Afonso; Vieira, Margarida Maria da SilvaIntrodução: Os grupos de ajuda mútua promovem o suporte social de que os pais de crianças com doença crónica podem beneficiar quando os integram. As práticas e princípios de funcionamento destes grupos identificam e criam recursos na comunidade, de modo a apoiar os seus membros, pelo aumento dos níveis de iniciativa individual e valorização do apoio fornecido. Contudo, dada a escassez de estudos que relacionem a esperança nos pais de crianças com doença crónica e a intervenção em ajuda mútua, o cumprimento desta trajectória implicou processos de tomada de decisão interdisciplinar, complementares ao questionamento e reflexão das experiências de intervenção nos grupos de ajuda mútua. A interdisciplinaridade subjacente à intervenção grupal, emerge na perspectiva da amplificação de oportunidades de agir em mutualidade, no âmbito do desenvolvimento da esperança. Objectivos: Pretendemos explorar o impacto que a intervenção dos grupos de ajuda mútua tem no desenvolvimento da esperança dos pais de crianças com doença crónica; e construir um modelo de intervenção que vise o desenvolvimento da esperança, tendo em conta as práticas colaborativas que ocorrem nos grupos de ajuda mútua entre os técnicos e os pais de crianças com doença crónica. Metodologia: A investigação é de natureza qualitativa, utilizando-se como método o Inquérito Apreciativo. A população foi constituída por pais de crianças com doença crónica e técnicos, na área de influência da ARS de Lisboa e Vale do Tejo. A amostra populacional (não probabilística) foi distribuída pelas etapas do estudo. A recolha de dados contemplou para além da caracterização sócio-demográfica, e da entrevista com vista à obtenção de dados para a elaboração do ecomapa e do genograma de esperança; o cumprimento do protocolo da entrevista apreciativa; a observação participada nos grupos de ajuda mútua; e a discussão reflexiva com os técnicos (interlocutores/ stakeholders). Para o tratamento de dados obtidos, recorreu-se à estatística descritiva/indutiva e à estatística analítica. Resultados: Emergiu a co-construção de um modelo de intervenção em ajuda mútua promotor de esperança (MIAMPE). A partir da definição da matriz conceptual, pressupostos e princípios de intervenção, definiu-se a estrutura operativa pela integração de propostas gerais de intervenção, sendo descritas por rituais, duração, preparação do ambiente físico dos encontros, material de apoio e avaliação processual. Numa perspectiva de promoção da esperança nos pais de crianças com doença crónica, fez-se a adequação dos critérios de avaliação às opções de intervenção adicionais sugeridas, mediante a identificação dos factores promotores de esperança, esperança como factor de resiliência e factores de ameaça à esperança, enquanto recursos na intervenção. Além da descrição das actividades por cada proposta de intervenção, evidenciou-se a reflexão entre o modelo coconstruído e a sua aplicabilidade nos encontros dos grupos de ajuda mútua. Conclusão: A operacionalização de uma intervenção sistematizada nos grupos de ajuda mútua, permitiu a edificação de um modelo de intervenção co-construído com os interlocutores/stakeholders, a partir da identificação dos factores que influenciam as dimensões da esperança, fundamentados numa intervenção em ajuda mútua. Constituiu-se como um processo de discussão reflexiva em torno da conceptualização da esperança, ajuda mútua, partilha e subconceitos associados, tendo por base um referencial teórico apoiado numa revisão sistemática da literatura. A multidimensionalidade inerente ao conceito esperança, permitiu a explicitação de actividades conducentes à monitorização futura dos resultados, no âmbito da aprendizagem e análise das vivências promotoras de esperança dos pais de crianças com doença crónica; e tomada de decisões para a inclusão de propostas promotoras de esperança nos grupos de ajuda mútua, desenvolvendo simultaneamente uma relação horizontal entre os pais e técnicos-pais.
- Intervenções de enfermagem à pessoa com diabetes tipo 2 em cuidados de saúde primários : contributos para uma prática baseada em evidênciaPublication . Ferrito, Cândida Rosa de Almeida Clemente; Nunes, Lucília; Carneiro, António VazIntrodução: A diabetes tipo 2 é um problema crescente com grande impacto social e económico uma vez que implica uma grande carga nos custos psicossociais e económicos, quer para os doentes e famílias quer para o Sistema Nacional de Saúde. Os enfermeiros devem ter um lugar relevante na prestação de cuidados à pessoa com diabetes tipo 2, uma vez que os estudos apontam que uma grande parte desses cuidados podem ser prestados por enfermeiros, desde que estruturados e orientados por protocolos detalhados ou Normas de Orientação Clínica (NOC). Objectivos: O objectivo principal deste trabalho foi o de contribuir com conhecimentos baseados em evidência para o desenvolvimento e promoção da consulta de enfermagem à pessoa com diabetes tipo 2. Como objectivos secundários estabelecemos: 1) Consensualizar as intervenções que devem ser realizadas pelos enfermeiros na consulta à pessoa com diabetes mellitus (DM) 2 em Cuidados de Saúde Primários (CSP); 2) Elaborar uma NOC para orientação da consulta de enfermagem à pessoa com DM2 em CSP, com base nas intervenções de consenso e nas recomendações baseadas em evidência das NOCs; 3) Identificar diferenças entre a prática corrente dos enfermeiros na consulta à pessoa com DM2 em CSP e as recomendações da NOC elaborada. Métodos: Para dar resposta a cada um dos objectivos, este estudo desenvolveu-se em três fases distintas mas interligadas. Na 1ª fase elaborámos um Painel de Delphi para consensualizar as intervenções a realizar pelos enfermeiros na consulta à pessoa com diabetes tipo 2 em CSP. Na 2ª fase realizámos pesquisa bibliográfica, suportada na metodologia da ADAPTE Collaboration, para sustentarmos as intervenções em recomendações baseadas em evidência e elaborarmos uma NOC. Na 3ª fase construímos e aplicámos um questionário aos enfermeiros que realizam consulta à pessoa com diabetes tipo 2 em CSP que teve por objectivo identificar as diferenças entre a prática corrente dos enfermeiros e as recomendações da Norma elaborada. Resultados: À excepção da avaliação do pulso, todas as intervenções de consenso são suportadas por recomendações baseadas em evidência. Entre a prática corrente e o preconizado pela NOC elaborada, a maior diferença existe no registo dos valores de Hemoglobina Glicosilada. Conclusões: Existem poucas diferenças entre as recomendações avaliadas da NOC e a prática referida dos enfermeiros que constituíram a amostra.
- Intenções dominantes nas concepções de enfermagem : estudo a partir de uma amostra de estudantes finalistasPublication . Silva, Maria Antónia Taveira da Cruz Paiva e; Vieira, MargaridaA partir de investigações nacionais e estrangeiras constata-se a existência de dissonância entre o objecto de estudo da disciplina referida nos “modelos expostos” na teoria de enfermagem e os “modelos em uso” no contexto da acção. Assim, formulámos a pergunta de partida: A intencionalidade subjacente à concepção de cuidados de enfermagem dos novos enfermeiros – estudantes finalistas – contribuirá para a diminuição do distanciamento actualmente verificado entre os modelos em uso na prática e os modelos expostos na teoria de enfermagem? Foi desenvolvido um inquérito electrónico, no qual cada estudante foi colocado face a um cenário clínico concreto, sendo-lhe pedido que solicitasse ao investigador dados iniciais. Munido das respostas aos dados iniciais foi-lhe então solicitado que identificasse os diagnósticos de enfermagem, definisse os objectivos e planeasse as intervenções. A amostra foi constituída por 128 estudantes finalistas dos cursos superiores de enfermagem das escolas portuguesas – que aderiram ao estudo – no ano lectivo 2006/2007, e que voluntariamente aceitaram participar. Recolhidos os dados procedemos à análise de conteúdo. As dimensões, categorias e subcategorias, que resultaram do processo de análise permitiram-nos construir um questionário administrado a um grupo de peritos nacional que pontuou a relevância de cada categoria e subcategoria em duas perspectivas: “gestão de sinais e sintomas da doença” e “resposta humana às transições”. A fiabilidade das medições e a consistência interna achada pelo cálculo do Alpha de Cronbach permitiu-nos evoluir para procedimentos estatísticos que possibilitaram atingir os objectivos definidos e assegurar a validade interna das conclusões a partir desses dados. Os resultados mostram que a concepção de cuidados na perspectiva da “gestão de sinais e sintomas da doença” é mais consistente, com maior especificidade na explanação, revelando maior domínio do conhecimento formal envolvido. Nesta perspectiva, os cuidadores familiares tendem a ser vistos, mais como meio para prover os cuidados necessários ao doente, do que como pessoas a viverem uma transição. Na perspectiva da concepção de cuidados focada na “resposta humana às transições” há intenção dos estudantes em integrar aspectos característicos dos focos de atenção de enfermagem diluídos, no entanto, na elevada e inconsistente quantidade de dados solicitados. Há uma correlação positiva entre a nota de acesso ao ensino superior dos estudantes da amostra e a qualidade da concepção de cuidados. Constata-se a necessidade de promover a sistematização na explanação da concepção de cuidados, bem como a necessidade de modelos operativos e de mais conhecimento formal.
- Cultura e atitudes face à estatística na investigação em ciências da saúdePublication . Pimenta, Rui Assunção Esteves; Costa, Elísio; Vieira, Margarida
- Tornar-se mãe, tornar-se pai : estudo sobre a avaliação das competências parentaisPublication . Cardoso, Alexandrina Maria Ramos; Marín, Heimar de Fátima; Silva, Abel Avelino Paiva eIntrodução: Tornar-se mãe e tornar-se pai constituem processos de mudança que encerram em si transições. A partir da gravidez, e ao longo do tempo, tanto as mães como os pais necessitam de preparar-se para o exercício do papel. Neste contexto, a mestria nas competências parentais é relevante para a saúde da criança e para a satisfação e eficácia no exercício do papel de mãe e de pai. Para responder às necessidades de aprendizagem das mães e dos pais, os enfermeiros são desafiados a procurar soluções inovadoras e efetivas, tanto no domínio do diagnóstico centrado nos processos de transição para a parentalidade, como no domínio da informoterapia com vista ao desenvolvimento das competências parentais. Assim, partiu-se para um estudo cuja finalidade foi contribuir para aperfeiçoar o processo diagnóstico através da construção de um instrumento que sistematize a avaliação das competências parentais para o exercício saudável do papel parental, desde a gravidez até ao 6.º mês de idade da criança, ampliando, por essa via, o conhecimento sobre as competências parentais e, em consequência, a qualidade dos cuidados. Neste estudo, as competências parentais (CP) foram definidas como o conjunto de conhecimentos, de habilidades e de atitudes que promovem o desempenho do papel parental com satisfação e mestria, contribuindo deste modo para o potencial máximo de crescimento e de desenvolvimento da criança. Material e métodos: O desenho do estudo contemplou duas fases. A primeira fase, que englobou duas etapas, teve como propósito construir um instrumento de avaliação das CP (I_ACP). Na 1.ª etapa desta fase, procurou-se identificar as CP, através dos discursos das mães e dos pais, complementando o processo com base na revisão da literatura. Da análise de conteúdo das entrevistas realizadas a mães e a pais (51) e da revisão da literatura emergiram um conjunto de 17 CP e 193 indicadores, que serviram de base à construção do I_ACP. Na 2.ª etapa, o conteúdo e a lógica de aplicação do I_ACP foram analisados e validados por peritos na área. Da análise das condições de aplicação do I_ACP resultou a inclusão de uma escala de avaliação de autoeficácia nos cuidados ao filho (PAE_CF). O I_ACP e a escala PAE_CF revelaram propriedades psicométricas adequadas para efeitos de análise estatística. A segunda fase teve como propósito caracterizar as CP, no período que medeia entre a gravidez e o 6.º mês de idade do filho. Participaram no estudo 634 mães e 129 pais, num total de 1228 contactos com mães e 184 com pais distribuídos pelos cinco momentos previstos para a avaliação das CP. A média de idades das mães foi de 29,5 anos e a dos pais de 32,1 anos. A maioria das mães (42,0%) possuía formação de nível superior e a maioria dos pais (37,6%) possuía formação de nível básico. Para 71,8% das mães, a gravidez correspondia ao primeiro filho. Resultados: As mães revelaram nível fraco (0,20-0,40) nos conhecimentos associados às CP: lidar com choro; reconhecer o padrão de crescimento e desenvolvimento normal; tratar coto umbilical; amamentar; e, estimular o desenvolvimento; já na CP: colocar a eructar, as mães revelaram maior nível de conhecimentos, atingindo o nível de bom (0,60- 0,80). No que concerne às habilidades das mães nas CP, constatou-se que, em todas, as mães revelaram nível superior a razoável (>0,40), sendo que nas habilidades nas CP: vestir/despir e colocar a eructar, as mães atingiram nível muito bom (>0,80). Nas diversas CP, os pais revelaram nível de conhecimentos entre muito fraco (<0,20) e fraco, revelando nível muito fraco nas CP: amamentar, criar hábitos para dormir, lidar com choro, tratar do coto umbilical, reconhecer o padrão de crescimento e desenvolvimento normal e integrar novo elemento na família; a exceção verificou-se ao nível dos conhecimentos na CP: colocar a eructar, na qual os pais evidenciaram nível razoável. No que se refere às habilidades dos pais nas CP, observou-se que os pais revelaram nível muito fraco nas habilidades relacionadas com a CP: promoção e vigilância da saúde e nível fraco nas CP: lidar com problemas comuns na criança e lidar com o choro; evidenciando, contudo, nível muito bom nas habilidades associadas à CP: colocar a eructar. As mães que revelaram maior nível nas CP foram as mais velhas, as que possuíam formação de nível superior, as que coabitavam com o pai do filho, as que já tinham outros filhos e experiência parental anterior, cuja gravidez foi planeada, as que optaram pelo serviço privado, as que não previam ter ajuda nos cuidados à criança após o nascimento e as que referiram o enfermeiro como fonte de informação. Os pais que revelaram maior nível nas CP foram os que coabitavam com a mãe do filho, os que já tinham outros filhos e experiência parental anterior, os que optaram pelo serviço privado, os que previam colaborar nos cuidados, os que colaboravam efetivamente após o nascimento da criança e os que referiram o enfermeiro, o médico e os livros como fonte de informação. Conclusões: O I_ACP revelou ser um instrumento efetivo na avaliação das CP. Os filhos são “mais filhos das mães do que dos pais”. De facto, as mães revelaram médias superiores às dos pais tanto nos conhecimentos como nas habilidades. A integração das CP decorre de modo diverso nas mães e nos pais, constituindo o nascimento do filho um evento crítico para o envolvimento do pai nas tarefas parentais. Constatou-se a ausência de um “plano de parentalidade”, na medida em que o que as mães não sabiam, os pais também não sabiam. No âmbito da promoção das competências parentais, importa considerar como clientes prioritários dos cuidados, dado serem os que revelam menor nível de conhecimentos e de habilidades nas CP, as mães mais jovens, as solteiras com menor nível de escolaridade, as mães pela primeira vez, as mães cuja gravidez não foi planeada e as mães com níveis baixos de perceção de autoeficácia, bem como, os pais não envolvidos na preparação para a paternidade e os pais que o são pela primeira vez. Os resultados deste estudo contribuem, desde já, com o conteúdo relativo às competências parentais, e respetivos indicadores, e com um conjunto de propriedades orientadoras do algoritmo do processo diagnóstico. O desafio passa por construir ferramentas educacionais, nomeadamente com recurso às novas tecnologias, que incorporem os conceitos do processo de enfermagem e que otimizem o efeito terapêutico da informoterapia prescrita pelos enfermeiros.
- Desenvolvimento da competência ética dos estudantes de enfermagem : uma teoria explicativaPublication . Pacheco, Maria Susana França e Sousa; Vieira, Margarida MariaA enfermagem é uma profissão que exige conhecimentos próprios, sólidos, profundos e actualizados e a adequação constante dos cuidados a cada pessoa, num determinado momento e num dado contexto. Deste modo, os enfermeiros têm de desenvolver competências, de forma a mobilizarem os recursos de que dispõem e a prestarem cuidados adequados perante situações únicas e imprevisíveis. A competência ética é fundamental, uma vez que a responsabilidade e o respeito pelo outro estão na base de cuidados seguros e adequados. Este estudo, realizado com os estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, teve por objectivo compreender como se desenvolve a sua competência ética ao longo do Curso de Licenciatura e desenvolver uma teoria explicativa, pelo que se usou como método a grounded theory. O relatório é constituído por cinco capítulos. No primeiro, salienta-se a pertinência do tema, tendo em conta dois aspectos: a necessidade e a importância do desenvolvimento da competência ética em enfermagem e a escassez de estudos do género, comprovada pela literatura existente e pelo “actual estado da arte”. No segundo, é referido o caminho metodológico, mencionando-se o tipo de estudo e método, os participantes envolvidos, os instrumentos utilizados e algumas considerações éticas a ter em conta. O terceiro capítulo consta da apresentação e discussão dos resultados e o quarto do desenvolvimento da teoria. No quinto capítulo são feitas as conclusões e apresentadas algumas sugestões. Conclui-se que a competência ética se vai desenvolvendo gradualmente ao longo do curso, seguindo geralmente um determinado padrão, o que depende de variados factores, nomeadamente: os conhecimentos adquiridos, os debates sobre situações reais, as experiências ao longo do curso, os contextos onde decorrem os ensinos clínicos e o tipo de orientação. Estes factores tanto podem ser facilitadores como inibidores da identificação do problema, reflexão, tomada de decisão e acção. Por exemplo, o tipo de orientação é fundamental, na medida em que enquanto alguns professores/orientadores são facilitadores do desenvolvimento dos estudantes – proporcionando tempo e espaços de debate e ajudando-os na reflexão, tomada de decisão e acção –, outros dão prioridade às técnicas e procedimentos e demonstram uma maior preocupação com o desempenho dos estudantes a esse nível. Um aspecto fundamental e muito referido pelos participantes é o facto de o seu estatuto de estudantes actuar como factor inibidor da acção pela falta de poder que sentem, por serem geralmente considerados como estranhos pelas equipas e pela insegurança ainda sentida, sobretudo em situações inesperadas e imprevisíveis.
- Do proteoma salivar ao orolomaPublication . Rosa, Nuno Ricardo das Neves; Barros, Marlene Maria Tourais de; Oliveira, José LuisA cavidade oral humana é um ecossistema complexo onde factores do hospedeiro, microbianos e ambientais interagem num equilíbrio dinâmico que se reflecte no fluido que a envolve: a saliva. A compreensão da biologia da cavidade oral e dos distúrbios que a afectam (ou de doenças sistémicas que nela se reflectem) depende de ferramentas bioinformáticas que façam a compilação, a integração e a aplicação da informação gerada por técnicas de alto rendimento, como a proteómica, que se dedica à identificação de todas as proteínas expressas. Na última década foram determinados diversos proteomas da cavidade oral. No entanto, não existe um instrumento que permita compilar, integrar e interpretar os dados gerados. Neste sentido, este trabalho contribuiu para o desenvolvimento de uma ferramenta bioinformática que permite aos investigadores estudar a diversidade e variabilidade das proteínas que integram o proteoma oral, permitindo definir e caracterizar o oraloma (fisioma da cavidade oral). Este trabalho permitiu compilar os proteomas da cavidade oral publicados na última década e rever a informação relativa às proteínas identificadas, à luz do conhecimento actual. Este processo gerou uma grande quantidade de informação que obrigou à criação de uma base de dados para a armazenar, designada OralOme e de um portal web, designado OralCard, com funcionalidades que permitem ao utilizador pesquisar, integrar, interpretar e visualizar esses dados de forma relevante do ponto de vista biológico e clínico. O estudo das proteínas depositadas no OralOme contribuiu para a compreensão das funções moleculares das proteínas produzidas pelos vários sub-compartimentos da cavidade oral e, deste modo, para o esclarecimento do contributo de cada um deles para as funções da saliva. Neste trabalho foram, ainda, testadas as diversas funcionalidades do OralCard na análise de dados de proteómica da cavidade oral provenientes de amostras de saliva para desenvolver metodologias de análise capazes de esclarecer mecanismos moleculares envolvidos em diversas patologias e para identificar requisitos funcionais a implementar em actualizações futuras. As metodologias seguidas permitiram estudar a relação das proteínas salivares com os estados de saúde oral e sistémica e, consequentemente, salientar o potencial da saliva como fluido de diagnóstico. O desenvolvimento de ferramentas bioinformáticas como o OralCard é um importante contributo para o esclarecimento da biologia oral e para o desenho de estratégias que facilitem a identificação de biomarcadores a partir de amostras de saliva, contribuindo para o desenvolvimento de métodos de diagnóstico e de prognóstico mais eficientes e de terapêuticas mais eficazes.