Repository logo
 

FCSE - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses

Permanent URI for this collection

Browse

Recent Submissions

Now showing 1 - 10 of 200
  • Desalojar o desassossego que vive em si : a necessidade de informação da família na UCI
    Publication . Mendes, Anabela da Graça Amaro Pereira; Vieira, Margarida Maria da Silva
    A situação de doença crítica de uma pessoa e consequente internamento numa unidade de cuidados intensivos tem um impacto significativo, no quotidiano e na vida, da família na qual se insere. Identificam na experiência vivida um conjunto de necessidades, para as quais procuram encontrar resposta, salientando de um modo muito particular a necessidade de informação. Reconhecida a necessidade de informação pela família, definiu-se como questão central de investigação: Qual é o lugar que a necessidade de informação ocupa na experiência vivida pela família da pessoa adulta internada numa UCI? Encontraram-se a partir desta, outras três questões que subsidiaram a investigação e a interpretação do fenómeno em estudo, elencando-se: Qual a informação que tem significado? Como adquirem e se apropriam as pessoas da família da informação? e Como é que usam a informação ao longo do internamento? Pretendia-se conhecer na experiência vivida pela família da pessoa adulta na UCI, fundamentalmente: o significado da informação; a informação que assumiu como significativa; o modo como os enfermeiros corresponderam à sua necessidade de informação; as intervenções de enfermagem que facilitaram/possibilitaram a sua compreensão/domínio da informação; o modo como o seu conhecimento da situação era monitorizado e considerado pelos enfermeiros. A investigação insere-se num paradigma qualitativo e no seu âmbito numa abordagem fenomenológica. Como referência teve-se o modelo de van Manen. De acordo com a proposta do autor recorreu-se à entrevista aberta para recolha de dados, da qual se realizou análise e interpretação. O suporte Nvivo8 foi facilitador na organização dos dados e no processo de análise. Permitiu-se dos dados elencar os temas essenciais numa revisitação intencional pelos objetivos do estudo. O conjunto dos temas essências que compoêm cada uma das dimensões de análise, permite a caraterização do fenómeno: o desassossego que vive no familiar do doente na UCI. Constatou-se que A notícia gerou o desassossego; a aquisição da informação possibilitou abrandar o desassossego; a apropriação da informação permitiu lidar com o desassossego; a informação que tem significado é a que permitiu perceber o que (desas)sossega; o significado que atribui à informação resulta da possibilidade de contrariar o desassossego; o sentido encontrado permitiu desalojar o desassossego. De um trabalho sistemático de imersão nos dados pela leitura repetida das transcrições e dos temas, e da conversação com os mesmos, tem-se que a informação na experiência vivida pela família da pessoa adulta na UCI se revelou na essência, o que permitiu desalojar o desassossego que vive em si. Da interrogação sobre o exercício na assistência, na educação e na investigação permite-se compreender que a resposta às necessidades, nomeadamente de informação, das pessoas com quem se interage, dependerá da intencionalidade colocada no agir, considerando que a aprendizagem e apropriação do cuidado de enfermagem são etapas capitais a considerar e acautelar num registo educacional e profissional. Remete-se para uma co construção nos contextos e dos contextos, substanciada por um exercício reflexivo constante, em domínios específicos e determinantes, evitando-se a sua generalização e banalização. Reconhece-se que a necessidade de informação ultrapassa a matriz de conteúdo, considerando que, na intencionalidade de saber, a pessoa da família espera e deseja alcançar, da interação com os enfermeiros, algum sossego. É na relação próxima com as emoções que experiencia, que substancia a sua iniciativa, a sua esperança e constrói a tentativa de desalojar o desassossego que vive em si.
  • Metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar : o processo de uso terapêutico das emoções em enfermagem pediátrica
    Publication . Diogo, Paula Manuela Jorge; Lopes, Manuel José
    O processo de cuidados de enfermagem é um processo relacional, cujas relações interpessoais estão impregnadas de emoções. Actualmente defende-se que lidar com tais emoções é parte integrante do trabalho dos enfermeiros, tornando-se necessária a sua gestão para efectivar uma ajuda aos clientes. Por outro lado, as emoções conferem o sentido humanista ao agir dos enfermeiros, dão sentido ao próprio cuidar e guiam o relacionamento. Mas a literatura disponível não explicita bem estes aspectos emocionais da prática dos enfermeiros. Com este estudo propusemo-nos aprofundar o conhecimento sobre a dimensão emocional da prática de enfermagem, e mais particularmente sobre o uso das emoções enquanto instrumento terapêutico em enfermagem pediátrica. A nossa opção metodológica teve por base pressupostos qualitativos, utilizando como ferramenta de investigação a metodologia da grounded theory. O procedimento de amostragem teórica permitiu alcançar o corpus de dados, obtido através da observação, entrevista e narrativa escrita realizadas a participantes-enfermeiros e participantes-crianças/jovens/familiares, que foi simultaneamente analisado através do método de comparações constantes, comparações teóricas e paradigma do processo constituído por etapas: contexto/condições-acções/interacções-consequências. Utilizámos, ainda, na análise de dados o programa informático NVivo 8, um Software concebido para trabalhar com dados qualitativos facilitando a sua organização e distribuição pela árvore categorial emergente. O desenrolar da teorização permitiu alcançar uma formulação teórica explicativa sobre o uso das emoções em enfermagem pediátrica. O processo de uso terapêutico das emoções no acto de cuidar dos enfermeiros comporta 5 estratégias principais (sub-processos): promover um ambiente seguro e afectuoso, nutrir os cuidados com afecto, gerir as emoções dos clientes, construir a estabilidade na relação e regular a disposição emocional para cuidar (dos enfermeiros). As ligações recíprocas entre estas estratégias ao longo do continuum temporal da relação, permitem transformar positivamente a experiência emocional de doença e hospitalização dos clientes e de cuidar dos enfermeiros – a metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar. O conceito central que emergiu é esta metamorfose da experiência emocional que os enfermeiros desenvolvem na sua prática de cuidados, dirigida para os clientes mas também para os próprios, promovendo o bem-estar e o alívio do sofrimento, tal como o crescimento de ambos.
  • Efetividade dos cuidados de enfermagem à pessoa com diabetes tipo 2 : a educação terapêutica e resultados em cuidados de saúde primários
    Publication . Menino, Eva Patrícia da Silva Guilherme; Dixe, Maria dos Anjos Coelho Rodrigues; Louro, Maria Clarisse Carvalho Martins
    Introdução: A qualidade dos cuidados de saúde é uma questão central. Os sistemas de saúde e também os enfermeiros são impelidos a demonstrar que os cuidados que providenciam são efetivos e alcançam os resultados a que se propõem. A diabetes é uma doença crónica cujos números alcançam proporções epidémicas, sendo premente que se demonstre o valor dos cuidados prestados pelos enfermeiros e a sua efetividade nesta área. Objetivo geral: avaliar a efetividade dos cuidados de enfermagem respeitantes à educação terapêutica à pessoa com diabetes tipo 2. Metodologia: Com o intuito de ir ao encontro do objetivo geral desenvolvemos 3 estudos tendo em consideração os princípios éticos inscritos na declaração de Helsinquia: - O primeiro estudo de análise quantitativa permitiu validar/revalidar os instrumentos de medida em duas amostras não probabilísticas, uma de 104 enfermeiros e outra de 292 utentes com diabetes. - O segundo estudo, de caráter descritivo, teve como objetivo específico descrever as condições para o exercício da prática de enfermagem (estrutura), o processo de cuidados de enfermagem e os resultados da pessoa com diabetes, recorrendo a uma amostra não probabilística de 49 enfermeiros prestadores de cuidados a utentes com diabetes em cuidados de saúde primários e a uma amostra não probabilística de 292 utentes com diabetes tipo 2, cuidados por aqueles enfermeiros. - O terceiro estudo, de natureza correlacional, permitiu testar o modelo NREM de análise da efetividade dos cuidados de enfermagem adaptado à área da diabetes, na amostra caraterizada no estudo anterior. Considerando a revisão da literatura efetuada, foram testadas as hipóteses propostas de relação entre a estrutura, processo e resultado. Resultados: Os resultados do primeiro estudo indicam adequação dos instrumentos para avaliar os construtos a que se propõem. Todos os instrumentos apresentam boas caraterísticas psicométricas não só na fidelidade como na validade de constructo. Os resultados do segundo estudo permitiram caraterizar o ambiente da prática de cuidados e os dados demográficos e profissionais dos enfermeiros e caraterizar o processo de educação terapêutica ao utente com diabetes e a educação relativa aos comportamentos de autocuidado. Em relação ao utente, este permitiu caraterizar a situação clínica e sociodemográfica, a satisfação com os cuidados, o autocuidado com a diabetes e os conhecimentos sobre a diabetes. O modelo estrutural resultante do terceiro estudo revelou qualidade pelas capacidades preditivas e relações estatisticamente significativas apuradas. Verificou-se haver relações estatisticamente significativas entre as variáveis da estrutura e as do processo e entre estas e os resultados obtidos. Conclusão e implicações: Os resultados obtidos poderão reverter para a área da investigação, do ensino e da prática, uma vez que se identificou a contribuição dos cuidados de enfermagem (educação terapêutica) para os resultados, permitindo sublinhar o valor e a efetividade dos cuidados de enfermagem na área da educação terapêutica à pessoa com diabetes.
  • Aspetos fonológicos, morfossintáticos e semânticos da negação em língua gestual portuguesa : o caso do gesto não_haver
    Publication . Carmo, Helena Cristina Horta Sustelo do; Zaky, Ana Margarida Mineiro Rodrigues; Morgado, Celda Maria Gonçalves; Carvalho, Paulo Alexandre Castelão Vaz de
    A negação, enquanto categoria da linguagem, é uma propriedade universal às línguas do mundo, independentemente da sua modalidade. A realização da negação nas línguas gestuais individuais, bem como a variação tipológica entre línguas gestuais têm sido objeto de estudo em várias investigações, sob perspetivas descritivas e teóricas diversificadas. Neste estudo, analisa-se a negação frásica na Língua Gestual Portuguesa, a partir de um corpus constituído no âmbito do Projeto Avatar (PTDC/LLT-LIN/29887/2017) - Corpus de Referência da LGP e modelização de um AVATAR para a tradução automática LGP/Português, tendo como objetivo estudar a negação frásica por meio de gestos negativos, em simultâneo ou em sequencialidade com os gestos com as quais formam a construção negativa, acompanhados ou não de Marcadores Não Manuais. Foram detetadas 23 categorias fonomorfológicas de negação, entendendo-se por negação a operação que permite denotar a inexistência da situação/entidade originalmente reportada por essa situação/unidade. Mais particularmente, foi feita uma categorização de base morfossintática e sintáticosemântica do gesto NÃO_HAVER, correspondente à expressão da negação com Configuração da Mão/Mãos em “O” (n.º 12), nas produções das subcategorias A1, A2 e A4. Durante a análise dos dados, foram considerados usos diferentes para o gesto negativo NÃO_HAVER: i) verbo com sentido de inexistência- não haver; ii) verbo com sentido de inexistência- não ser; iii) verbo com sentido de posse negativa - não possuir/ter; iv) com sentido de inexistência locativa- não estar; v) partícula negativa combinada com um outro gesto interpretado como Verbo.
  • Incontinência urinária no pós-parto : epidemiologia e impacto na qualidade de vida das mulheres
    Publication . Guerra, Maria João Jacinto; Alves, Paulo Jorge Pereira
    INTRODUÇÃO: A incontinência urinária (IU) é considerada como uma perda involuntária de urina sendo mais frequente nas mulheres do que nos homens. A incontinência urinária tem um impacto negativo na qualidade de vida, com implicações importantes a nível psicológico e físico, na vida social e sexual e com custos económicos elevados. Na mulher, a gravidez e o trauma do parto têm sido considerados fatores de risco significativos para a presença de IU no pós-parto imediato e para a sua persistência no restante ciclo de vida. Com esta tese pretende-se: realizar a validação de dois instrumentos de avaliação a da incontinência urinária e a da qualidade de vida relacionada, avaliar a prevalência da incontinência urinária no pós-parto, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida das mulheres portuguesas. METODOLOGIA: A presente investigação incluiu duas etapas. A primeira consistiu em dois estudos metodológicos em que se realizou a validação dos dois instrumentos para a cultura portuguesa, o ICIQ-UI SF e o ICIQ-LUTSQol. Na segunda, foi realizado um estudo observacional de tipo transversal em que foi constituída uma amostra de 696 mulheres com um parto ocorrido até há um ano e em que foi avaliada a presença de incontinência urinária, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida através da utilização de um questionário online disponibilizado nas redes sociais. RESULTADOS: Obtivemos uma taxa de prevalência de 46,6% numa amostra de 696 mulheres tendo 324 participantes referido perdas de urina, ou seja, incontinência urinária. Os fatores de risco identificados e estudados foram a presença de perdas urinárias antes da gravidez, durante a gravidez, o tipo de parto e a idade acima dos 34 anos. A frequência das perdas de urina encontra-se associada a uma menor qualidade de vida. Mesmo perder urina uma vez por semana foi considerado como tendo um grande impacto na qualidade de vida por 18,8% das mulheres. No entanto quando a perda de urina acontece diversas vezes ao dia o impacto é mais significativo mostrando que 63,6% consideram-na ter um grande impacto na qualidade de vida. CONCLUSÃO: Esta tese permitiu a validação de dois instrumentos muito úteis e importantes para a clínica e para a investigação nesta área. Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que a prevalência encontrada da incontinência urinária no pós-parto corrobora as evidências existentes de que esta condição constitui um problema de saúde que necessita de ser abordado na prática de cuidados. A incontinência urinária tem um significativo impacto na qualidade de vida das mulheres particularmente a nível da sua relação com o seu companheiro, na vida sexual e no bem-estar psicológico.
  • Qualidade de vida, autocuidado e gestão do tratamento farmacológico em pessoas com onicomicoses
    Publication . Neves, Vasco Manuel da Silva; Vieira, Miguel Santos Pais
    Introdução: A Onicomicose (OM) é uma infeção fúngica das unhas. A prevalência estimada no mundo varia de 0,5-26%, com uma tendência crescente. É um fator de risco, promotor das úlceras do pé e celulite bacteriana aguda, em particular nas pessoas com diabetes. Provoca alterações na qualidade de vida (QV) desencadeando problemas físicos, mentais, sociais e compromisso no autocuidado e atividades de vida diária (AVD). As anomalias morfológicas nas unhas, os traumatismos ungueais, o calçado desadequado, a utilização frequente de balneários públicos e as reduzidas condições de higiene promovem o seu aparecimento. Os casos de maior gravidade ocorrem em pessoas com doenças crónicas e/ou estados de imunossupressão. A OM apresenta resistência aos tratamentos e recidivas frequentes. Objetivos: Pretende-se descrever a prevalência da OM na amostra em estudo; avaliar a QV através da tradução para a população portuguesa do questionário (OnyCOE-t TM); caraterizar o estilo de autocuidado e gestão do regime terapêutico (GRT) e testar a atividade fungicida dos antisséticos em espécies clínicas e American Type Culture Collection (ATCC). Metodologia: Foram realizados quatro estudos com materiais e métodos diferentes. Um estudo transversal para avaliar a prevalência da OM. Um estudo em subamostra para traduzir e adaptar o questionário (OnyCOE-t TM). Um estudo em subamostra para identificar estilos de GRT e as caraterísticas associadas. Um estudo in vitro para testar atividade fungicida dos antisséticos, nos fungos identificados no estudo de prevalência. Como critérios de inclusão, consideraram-se os indivíduos com idade superior a 18 anos, com suspeita clínica de OM. Excluíram-se os doentes que utilizaram antifúngicos nos últimos três meses e que tinham alterações cognitivas. Foi solicitado parecer à comissão de ética e o consentimento livre e esclarecido aos participantes, tendo sido informados sobre a sua participação neste estudo. Resultados: Verificou-se uma taxa de prevalência de OM de 53,3% através de confirmação laboratorial. O fungo mais prevalente foi o T. rubrum (38,6%). Os participantes apresentaram dificuldades no autocuidado dos pés (74,4%), desconforto (66,0%), espessamento ungueal (90,0%), vergonha e constrangimento devido a esta situação (37,8%). A maioria (54,4%) apresentava OM há mais de 5 anos. No processo de tradução do questionário (OnyCOE-t TM) obteve-se boa consistência interna (Alfa de Cronbach >0,725). Verificou-se que 12,5% apresentavam um estilo de autocuidado predominantemente responsável, com caraterísticas de controlo e flexibilidade e afastamento do estilo negligente. A dificuldade no autocuidado não estava associada ao estilo de GRT (p=0,493). O estudo in vitro demonstrou que as soluções antisséticas de PVP-I e OCT-D foram as mais eficazes contra as espécies clínicas T. rubrum, T. interdigitale e C. parapsilosis, com redução de 99,99% (log> 4). Discussão/Conclusão: Com o presente estudo contribuiu-se para uma melhor descrição da epidemiologia da OM. Os resultados da tradução do questionário OnyCOE-t TM sugerem que esta é uma ferramenta útil e fiável para a realização de estudos de QV nestes doentes, na população portuguesa. O elevado número de indeterminados revelou um aglomerado de caraterísticas comuns a todos os estilos de GRT. Os antisséticos PVP-I e OCT-D evidenciaram potencialidades in vitro para a utilização na OM. Deverão ser realizados estudos experimentais, tendo em consideração o conhecimento da prática clínica dos enfermeiros na utilização dos antisséticos, perspetivando a melhoria da QV e promoção do autocuidado das pessoas com OM.
  • Vulnerabilidade das pessoas idosas com apoio domiciliário : implicações para os cuidados de enfermagem
    Publication . Costa, Tânia Filipa Santos; Sá, Luís Octávio de
    Introdução: A complexidade e variabilidade que qualificam o envelhecimento acentuam as diferenças individuais dificultando a ação profissional. No Porto, esta realidade adquire especial relevo pelo efeito em espiral de fatores demográficos, socioeconómicos e familiares que contribuíram para que as atividades de assistência às pessoas idosas vulneráveis passassem a ser confiadas a respostas sociais, como o serviço de apoio domiciliário. O quadro conceptual ancorado na mais recente literatura científica indica-nos que, nestes casos, a vulnerabilidade, como estado, resulta do somatório de determinantes comunitários com determinantes individuais. Objetivo: Caracterizar a vulnerabilidade das pessoas idosas inscritas em serviços de apoio domiciliário da cidade do Porto, esperando colocar a descoberto a prevalência dos fenómenos, potencialmente sensíveis aos cuidados de enfermagem, promotores dessa vulnerabilidade, bem como, as relações que entre eles se estabelecem. Espera-se que este conhecimento disciplinar contribua para decidir acerca da adequação deste serviço, definir terapêuticas de enfermagem e políticas públicas percursoras do desenvolvimento de modelos mais integrados e sustentáveis. Material e Métodos: Estudo observacional, analítico e transversal que decorreu entre maio de 2018 e setembro de 2019. Optou-se pela amostragem por conglomerados de uma única etapa. A participação foi, sempre, voluntária e os participantes e/ou representante legal e/ou cuidador informal foram informados e esclarecidos. Os dados foram recolhidos por formulário junto de 320 pessoas idosas inscritas em serviços de apoio domiciliário integrados em instituições particulares de solidariedade social da cidade do Porto. A recolha de dados sobre as políticas de saúde e sociais, realizou-se pela consulta de documentos de referência. A sintaxe da vulnerabilidade contou com as variáveis que compõem os domínios dos determinantes comunitários e as dimensões dos determinantes individuais. A Comissão de Ética da Universidade Católica Portuguesa - Centro Regional do Porto aprovou o estudo. Resultados: Na cidade do Porto, 17,1% da população idosa que recebe serviços de apoio social no domicílio, através de instituições particulares sem fins lucrativos, é muito vulnerável. Neste nicho, assinalam-se nos determinantes comunitários, a elevada percentagem de mulheres com 83 ou mais anos, reduzida escolaridade, que não gerem a pensão de reforma, que consideram o rendimento mensal insuficiente para responder às necessidades quotidianas, que não usufruem de cuidados informais e que contratualizam três ou mais serviços ao apoio social no domicílio. Nos determinantes individuais atesta-se a elevada prevalência de fenómenos, sensíveis aos cuidados de enfermagem, que se encontram afetados, como: declínio cognitivo, compromisso do estado de consciência, do sono e da mobilidade, polimedicação, queda acidental, dor, dependência nas atividades básicas e instrumentais de vida diária, perda de massa magra, alto risco de desenvolver úlceras de pressão, presença de úlceras de pressão e autoperceção de saúde negativa, bem como, a existência de relações estatisticamente significativas entre esses mesmos fenómenos, ampliando a vulnerabilidade. No entanto, à medida que aumenta a vulnerabilidade aumenta a utilização do serviço de urgência e o número de internamentos o que aliado à ausência de relação estatística com o número de vezes que é utilizada a unidade de saúde familiar sugere que para as pessoas idosas e suas famílias os cuidados sociais e de saúde diferenciados são as respostas adotadas. Face a esta realidade, o apoio social no domicílio responde com cuidados que complementam ou substituem o próprio e, se existir, o cuidador informal/família revelando que não estão preparados para o desafio de promover um envelhecimento saudável, mas sim para perpetuar o ageing in place, atrasando a institucionalização. Conclusão: Identificaram-se áreas sensíveis aos cuidados de enfermagem aparentemente a descoberto. Destaca-se a necessidade de um diálogo permanente entre qualidade de vida, ageing in place e cuidados domiciliários que atenda à importância do processo multidisciplinar de diagnóstico interdisciplinar com vista ao desenvolvimento de ações integradas, contínuas e coordenadas potenciadoras do envelhecimento saudável.
  • Dor e rigidez articular da coluna cervical : acurácia da avaliação física em enfermagem
    Publication . Soares, Bruno Miguel Garrido; Alves, Paulo Jorge Pereira; Fonseca, Patrícia
    INTRODUÇÃO: A disfunção cervical é uma problemática de elevado impacto pessoal, social e económico a nível mundial. Embora a etiologia da disfunção cervical seja descrita como multifatorial, verifica-se a necessidade do seu melhor esclarecimento. Desta forma, a avaliação física realizada pelo enfermeiro poderá demonstrar-se não ajustada à real condição da pessoa. A literatura tem vindo a evidenciar a relação entre a condição cervical, o funcionamento mandibular e a condição visceral. Com a finalidade de contribuir para a acurácia da avaliação física realizada pelos enfermeiros, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência do sistema estomatognático e dos reflexos viscerossomáticos na dor e rigidez articular da coluna cervical. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo piloto, com desenho quasi-experimental realizado no período entre Junho e Julho de 2019, em 50 participantes voluntários da população da Universidade Católica Portuguesa Centro Regional do Porto, onde se analisou a influência da alteração da intercuspidação habitual, da desprogramação oclusal e do estímulo de pressão da região cutânea reflexa do ílion/colon na coluna cervical alta. Este estudo foi dividido em dois momentos, onde primeiramente realizamos a análise cinemática e dor na mobilização passiva da coluna cervical alta, com recurso ao Motion Capture System® e à Escala Visual Analógica. No segundo momento avaliamos o limiar de dor à palpação da musculatura eretora do pescoço e das estruturas do sistema estomatognático, com recurso à algometria. Foi ainda analisada a influência dos reflexos viscerossomáticos nas estruturas do sistema estomatognático. RESULTADOS: No Momento I verificou-se em todos os participantes aumento da amplitude média de movimento total e diminuição da dor na mobilização passiva na primeira e segunda vertebra cervical (p<0.001) . Na análise da correlação entre as variáveis, verificou-se as variáveis em estudo se apresentaram estatisticamente iguais (p<0.001). Verificou-se neste estudo que o aumento da amplitude de movimento foi acompanhado de uma diminuição da dor na mobilização passive (p<0.001). No segundo Momento II verificou-se que tanto a desprogramação oclusal como estímulo de pressão na região cutânea reflexa do ílion/colon aumentaram o limiar de dor à palpação da musculatura eretora do pescoço (p<0.001). Neste mesmo sentido, verificamos que reflexos viscerossomáticos apresentaram influência significativa no limiar de dor à palpação das estruturas do sistema estomatognático (p<0.001). CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo permitem identificar a interferência do sistema estomatognático e dos reflexos viscerossomáticos na dor e rigidez articular da coluna cervical, evidenciando o complexo cérvico-mandibular-visceral, realçando a importância da sua integração no momento da avaliação física realizada pelos enfermeiros. Deste estudo decorrem dois protocolos que contribuem para a acurácia da avaliação física dos enfermeiros junto da pessoa com disfunção cervical e da pessoa com disfunção do sistema estomatognático.
  • Impacte de uma intervenção multimodal nas práticas de cateterização periférica por enfermeiros
    Publication . Costa, Paulo Jorge dos Santos; Vieira, Margarida Maria da Silva; Graveto, João Manuel Garcia do Nascimento
    Problemática: A obtenção de um acesso vascular afigura-se como um dos avanços mais notáveis da saúde contemporânea. Na maioria dos contextos internacionais, entre as opções de acesso conhecidas, nenhuma é mais recorrente que a cateterização venosa periférica, sendo os enfermeiros responsáveis pelos cuidados prestados à pessoa neste âmbito. Porém, sabe-se que um número significativo de cateterizações falha prematuramente, decorrente, por vezes, de práticas não devidamente informadas por evidência científica recente, com risco para a saúde e bem-estar das pessoas. Esta realidade é particularmente desafiante para a pessoa com doença oncológica, a qual experiencia risco acrescido de depleção da rede venosa periférica. Na literatura, ainda que incipiente, alguns autores assinalam o potencial das intervenções multimodais na promoção de cuidados de enfermagem eficientes, seguros e sustentáveis à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica. Objetivo: Avaliar o impacte de uma intervenção multimodal (IM) nas práticas de enfermagem no âmbito da cateterização venosa periférica de pessoas com doença oncológica. Material e métodos: Trata-se de um estudo de investigação-ação, desenvolvido em colaboração com uma equipa de enfermagem de um serviço cirúrgico de um hospital de oncologia em Portugal. O estudo foi desenvolvido com base em seis atividades principais: i) estudo observacional prospetivo no contexto de estudo, de modo a avaliar o impacte das práticas e tecnologias em uso pelos enfermeiros nos resultados sensíveis aos seus cuidados; ii) tradução, adaptação e validação de duas escalas de avaliação da rede venosa periférica para a população adulta portuguesa; iii) desenvolvimento de um pack de cateterização venosa periférica; iv) desenvolvimento de um bundle clínico informado por evidência científica recente e opinião de peritos internacionais em acessos vasculares; v) condução de painéis de discussão de práticas com a equipa de enfermagem; e vi) estudo observacional prospetivo, de modo a avaliar o impacte da IM a nível da uniformização e alinhamento das práticas da equipa de enfermagem no que respeita à cateterização venosa periférica, assim como na prevenção de complicações associadas. Resultados: Findo a primeira atividade, constatámos que as práticas de cateterização venosa periférica não eram uniformes entre a equipa, divergindo pontualmente das recomendações existentes em guidelines internacionais, o que poderá explicar a taxa de sucesso à primeira tentativa (67%), o número elevado de tentativas consecutivas de punção (M = 1,6; DP = 1,1, 1-8) e a taxa observada de falha prematura da cateterização venosa periférica (26%) observados. A implementação da IM resultou na prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica informados por evidência científica recente, especialmente no que respeita ao envolvimento e avaliação da rede venosa periférica da pessoa, preservação da técnica assética no-touch, fixação segura do cateter venoso periférico, ensinos à pessoa após a cateterização e vigilância de complicações por parte da equipa. As mudanças observadas resultaram em indicadores superiores de qualidade dos cuidados de enfermagem neste âmbito, verificando-se o aumento da taxa de sucesso à primeira tentativa (86%; χ2(1) = 10,04; p = 0,002), diminuição do número de tentativas consecutivas de punção (t(154) = 7,6, p = 0,007, d = 0,39) e da taxa observada de falha prematura da cateterização venosa periférica (10%; χ2(1) = 8,7; p < 0,003) observados. Conclusão: A IM (co)desenvolvida com a equipa de enfermagem afigura-se como uma resposta estruturada, sensível a desafios estruturais e processuais, que potenciou a prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com necessidade de cateterização venosa periférica informados por evidência, com resultados significativos no que respeita à sua qualidade e experiência de cuidados.
  • Programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com ostomia de ventilação
    Publication . Queirós, Sílvia Maria Moreira; Santos, Célia Samarina Vilaça de Brito; Brito, Maria Alice Correia de
    Das áreas de atenção sensíveis aos cuidados de enfermagem no processo de transição para a vida com um estoma de ventilação, o autocuidado destaca-se como um dos mais significativos. Apesar do reconhecimento da sua importância, não existia evidência sobre as intervenções de enfermagem com relevância para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação. Paralelamente, os cuidados prestados eram frequentemente descritos como descontínuos, insuficientes e variáveis. Assim, foi definido como objetivo desta investigação construir e estudar a viabilidade de um programa de intervenção de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação, capaz de sistematizar a prática clínica. Para tal, foi realizada a construção teórica e estudo da viabilidade de um programa de intervenção, com base nas recomendações do Medical Research Council. Primeiramente, foi efetuada uma revisão de âmbito sobre as intervenções de enfermagem para a promoção do autocuidado na pessoa com um estoma de ventilação e seus resultados. Posteriormente, foram realizados dois estudos qualitativos com os envolvidos: as pessoas com um estoma de ventilação e os enfermeiros da prática clínica, para conhecer as suas expectativas, preferências e dificuldades. De seguida, o programa foi desenhado com recurso aos critérios de Aranda (2008). Procedeu-se também à construção e avaliação de materiais educativos escritos, enquanto recursos de suporte à implementação do programa. Depois, foi avaliada a adequação do programa por peritos e a sua aceitação pelos enfermeiros da prática clínica, através de um estudo qualitativo do tipo grupo focal. O programa de intervenção criado é constituído por seis módulos temáticos sequenciais. Em cada um dos módulos foi definido o objetivo, os dados que devem ser obtidos antes da sua implementação, o momento certo para intervir, as intervenções de enfermagem, os conteúdos que concretizam as intervenções, os seus métodos de administração e a dose. Foram ainda elaborados os manuais educativos escritos: “Viver após uma traqueotomia” e “Viver após uma laringectomia total”. Os participantes dos estudos de avaliação consideraram que o programa e os manuais são adequados, bem estruturados e clinicamente úteis. Esta investigação possibilitou melhorar o conhecimento disciplinar sobre a promoção do autocuidado na transição para a vida com um estoma de ventilação. Por outro lado, poderá contribuir para a melhoria da prática clínica, por conceber um programa de intervenção baseado na evidência, na perceção dos envolvidos e avaliado por peritos, que cumpre o rigor metodológico exigido para o desenvolvimento de intervenções complexas na área da saúde.