FEP - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
Permanent URI for this collection
Browse
Recent Submissions
- Fostering democratic learning environments. The role of leadership in the construction of the whole-school approach in Italy and PortugalPublication . Fioretti, Francesca; Agrusti, Gabriella; Cabral, Ilídia
- Por que razão as escolas (não) aprendem? Os fatores que ativam e os fatores que obstaculizam a aprendizagem organizacional da escolaPublication . Alexandre, Isabel Alexandra Martins Faria dos Santos; Mesquita, Diana Isabel de AraújoA concetualização da escola enquanto organização aprendente tem vindo a assumir-se como uma possibilidade de reforma dos sistemas educativos. Existe um vasto corpo de investigação que discute esta concetualização, tenta dissecar as inúmeras dimensões ou até mesmo avaliar modelos já largamente implementados. Apesar dos méritos reconhecidos, interessa estudar as minudências organizacionais que poderão ser indutoras de desigualdades dentro do sistema educativo alargado. Na busca destas minudências formulámos a nossa questão de partida: por que razão as escolas (não) aprendem? Interessava-nos desenvolver um estudo que permitisse responder às seguintes questões de investigação: 1) Quais os fatores que ativam a aprendizagem organizacional da escola? 2) Quais os fatores que obstaculizam a aprendizagem organizacional da escola? Apesar da simplicidade destes enunciados, estes deram-nos a conhecer uma realidade hipercomplexa, multiescalar e multidimensional. O estudo insere-se no paradigma fenomenológico-interpretativo, de natureza qualitativa, desenvolvendo-se em três fases distintas: um estudo exploratório, um estudo de caso intrínseco e um estudo extensivo. Atendendo à natureza do nosso problema de investigação mobilizámos a participação de lideranças, de professores, de assistentes técnicos e operacionais e de pais. A recolha de dados foi feita a partir de um período de observação não participante, de entrevistas semiestruturadas e de grupos de discussão focalizada. À medida que fomos tratando os dados, fizemos uma Revisão Sistemática da Literatura capaz de (des)construir concetualmente a problemática de investigação. Os dados recolhidos e as circunstâncias de tempo e de espaço que rodearam a nossa investigação, modelaram o trabalho e acrescentaram novas dimensões. Nomeadamente a urgência de uma ecologia amiga da aprendizagem, radicada em cada escola, fundada no desenvolvimento profissional contínuo e sustentável de todos (lideranças, professores e colaboradores não docentes), facilitando a emergência de uma liderança co-construída, congregando a ação de todos em prol de uma visão comum – a aprendizagem de todos os alunos, em especial os mais desfavorecidos.
- Aprendizagem organizacional em contexto de funcionamento de equipas educativas enquanto comunidades de aprendizagem : a progressiva emergência de uma metamorfose profissional e escolarPublication . Pinheiro, Generosa Pinto Silva Vilela; Alves, José MatiasA resposta aos desafios globais contemporâneos exige uma educação de qualidade, o que pressupõe uma transformação da estrutura organizacional da escola, a adoção de novos papéis e mentalidades dos seus atores e uma cultura de aprendizagem nos vários níveis da organização. Deste modo, as equipas educativas, a funcionar enquanto comunidades profissionais de aprendizagem, podem apresentar-se como uma mudança organizacional valiosa para a melhoria das escolas, configurando-se como um relevante objeto de estudo em educação. Embora, nas duas últimas décadas, tenha havido muita pesquisa sobre a temática das comunidades profissionais de aprendizagem, constata-se uma escassez de investigações que estudem tais comunidades como propulsoras da construção de organizações aprendentes, sendo, por isso, um campo que carece de aprofundamento. Esta tese inscreve-se nessa linha de investigação, procurando contribuir para a teoria, a investigação e a prática acerca da forma como a alteração de algumas estruturas organizacionais, nomeadamente a organização do ensino por equipas educativas, pode ter implicações na aprendizagem individual, coletiva e organizacional de uma escola. Neste sentido, adotamos um paradigma de investigação tendencialmente qualitativo, que operacionalizamos através de um estudo de caso instrumental, em que conjugamos uma abordagem quali-quanti. Articulamos uma estatística descritiva de dois questionários, objetos de uma descodificação e interpretação estrutural e semântica, com uma análise de conteúdo de entrevistas, grupos de discussão focalizada, notas de um diário de campo, para aprofundarmos alguns contextos singulares e a perspetiva de atores individuais. Apresentamos cinco estudos relacionados, centrados na análise das dinâmicas de funcionamento das equipas educativas e dos seus efeitos. O estudo 1 consiste numa revisão de literatura, do tipo scoping review, sobre as mudanças organizacionais, culturais e pedagógicas geradas pelas comunidades profissionais de aprendizagem em meio escolar. Este estudo dá suporte aos estudos 2, 3 e 4. O estudo 2 apresenta o funcionamento das equipas educativas enquanto comunidades profissionais de aprendizagem, assim como os seus efeitos nos seus membros, nas práticas de sala de aula e nas culturas de escola. No estudo 3, focamo-nos nestes mesmos efeitos despoletados, desta vez, pela atuação dos coordenadores das equipas educativas, enquanto líderes intermédios. O estudo 4 centra-se na análise das interações colaborativas entre os professores das equipas educativas e no seu contributo para a aprendizagem profunda dos mesmos. Com o estudo 5, um estudo guarda-chuva, procuramos focar-nos na metodologia usada na nossa investigação, para revelarmos a importância do diário de campo na desocultação de algumas tensões e no aprofundamento dos resultados apresentados. Estes estudos permitiram-nos concluir que uma alteração de estruturas organizacionais é uma condição imprescindível para a melhoria na educação, mas insuficiente. É necessária uma mudança de crenças dos atores e uma colaboração que proporcione uma aprendizagem profunda. Uma mudança substancial da educação, no âmbito da organização educativa, requer, pois, uma ação conjugada ao nível da estrutura, das lideranças intermédias, das crenças e das culturas profissionais.
- Novel non-linear approaches to understanding the dynamic brain : knowledge from rsfMRI and EEG studiesPublication . Sanchez, Lucía Penalba; Cifre, Ignacio; Silva, Patrícia Oliveira; Sumich, AlexanderAdvances in neuroimaging techniques have been critical to identifying new biomarkers for brain diseases. Resting State Functional Magnetic Resonance Imaging (rsfMRI) non-invasively quantifies the Blood Oxygen Level Dependent (BOLD) signal across brain regions with high spatial resolution; whilst temporal resolution of Electroencephalography (EEG) in measuring the brain’s electrical response is unsurpassed. Most of the statistical and machine learning methods used to analyze rsfMRI and EEG data, are static and linear, fail to capture the dynamics and complexity of the brain, and are prone to residual noise. The general goals of this thesis dissertation are i) to provide methodological insight by proposing a statistical method namely point process analysis (PPA) and a machine learning (ML) multiband non-linear EEG method. These methods are especially useful to investigate the brain configuration of older participants and individuals with neurodegenerative diseases, and to predict age and sleep quality; and ii) to share biological insights about synchronization between brain regions (i.e., functional connectivity and dynamic functional connectivity) in different stages of mild cognitive impairment and in Alzheimer’s disease. The findings, reported and discussed in this thesis, open a path for new research ideas such as applying PPA to EEG data, adjusting the non-linear ML algorithm to apply it to rsfMRI and use these methods to better understand other neurological diseases.
- Ethos, cultura e missão da Universidade Católica Portuguesa : um estudo de caso no Centro Regional do PortoPublication . Vieira, João Paulo Oliveira; Azevedo, Manuel Joaquim Pinho Moreira deUma Universidade Católica possui características que a diferenciam de outras Universidades, nomeadamente o facto de ter a sua missão enraizada na matriz humanista cristã e de ser uma Instituição de Ensino da Igreja e de Igreja. O presente estudo procurou identificar quais as características especificas da cultura organizacional de uma Universidade que, por ser Católica, se pensa e planeia a partir do Evangelho e por isso mesmo lhe está confiada uma particular missão. Esta missão encontra-se refletida em documentos fundamentais como a Constituição Ex Corde Ecclesiae, no âmbito universal, nos seus Estatutos, no âmbito particular, em muitos outros documentos do Magistério e em escritos de autores vários. Esta investigação pretendeu compreender a concretização da missão da Universidade, tendo em conta um ethos e uma cultura organizacional específicos, tendo sido inquiridos líderes, docentes e alunos, no contexto específico do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Foi nossa intenção perceber como é que a ação da Comunidade Académica, na sua administração, no seu ensino e investigação e na vida estudantil, concretiza a missão de uma Universidade Católica.
- Educação social e formação inicial : o lugar da pedagogia socialPublication . Vaz, Cindy Ribeiro; Baptista, Isabel Maria de CarvalhoA presente dissertação foi elaborada no âmbito do curso de Doutoramento em Ciências da Educação, da Universidade Católica Portuguesa, área de aprofundamento da Pedagogia Social. A Pedagogia Social define-se como a Ciência da Educação que enquadra os processos de intervenção socioeducativa, sendo como tal reconhecida pelos educadores sociais, enquanto conhecimento profissional de referência. Partindo deste pressuposto, quisemos perceber qual o lugar que a Pedagogia Social ocupa atualmente na formação inicial dos educadores sociais, tendo por base a realidade portuguesa. Para tal, começámos por mapear as Instituições de Ensino Superior com oferta da licenciatura em Educação Social, analisando os seus planos de estudo, os documentos oficiais e os conteúdos de formação das respetivas unidades curriculares conforme surge exposto no primeiro capítulo/artigo. No mesmo sentido, num segundo momento interessou-nos perceber até que ponto a Pedagogia Social constituiu um requisito necessário no âmbito das habilitações para a docência nos cursos de licenciatura em Educação Social atualmente existentes no nosso país, atendendo ao que têm sido as recomendações da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), conforme surge apresentado no segundo capítulo/artigo. Por fim, quisemos perceber de que forma os atores profissionais, os educadores sociais, reconhecem e valorizam a Pedagogia Social na sua formação inicial, conforme se expõe no terceiro capítulo/artigo. A análise cruzada dos dados recolhidos nos três momentos do estudo, permitem concluir que, em termos gerais a Pedagogia Social encontra uma expressão académica significativa na oferta formativa em Educação Social proporcionada pelas instituições portuguesas, evidenciada nos respetivos planos de estudo e nos perfis formativos do seu corpo docente, ainda que de forma por vezes inconsistente conforme surge assinalado. Concluímos também que esta formação é valorizada pelos atores profissionais que, na sua condição de técnicos de intervenção socioeducativa, se identificam como “pedagogos sociais” detentores de um saber específico, distintivo e relevante.
- Ética e formação inicial dos educadores sociais : o caso portuguêsPublication . Machado, Renata Liliana Monteiro dos Santos; Baptista, Isabel Maria de CarvalhoEste trabalho apresenta resultados de uma investigação sobre “Ética e Formação Inicial de Educadores Sociais – o caso português”, realizada no âmbito do programa de doutoramento em ciências da educação, tendo sido elaborado por artigos, em conformidade com o Regulamento da FEP/UCP. Nesse sentido, encontra-se organizado em três partes, cada uma delas referente a um artigo submetido e/ou publicado, respeitantes, respetivamente, a três momentos do nosso estudo. A Educação Social corresponde a uma área de conhecimento e de ação inserida no campo epistemológico da Pedagogia Social, enquanto ciência da educação referente aos processos de formação ao longo da vida, desenvolvida numa perspetiva de inclusão e solidariedade social (Carvalho & Baptista, 2004). Dentro deste campo pedagógico-educacional, a Educação Social define-se pela intervenção prioritária especializada às pessoas e grupos humanos vulneráveis, concretizada por profissionais devidamente qualificados, os educadores sociais. Ou seja, estamos perante necessidades de formação e qualificação profissional particularmente exigentes, onde as questões éticas ocupam um lugar primordial. Neste pressuposto, quisemos perceber qual o lugar da Ética na formação inicial dos educadores sociais portugueses, tendo por base o mapeamento das instituições de Ensino Superior, com oferta formativa na área da Educação Social. Para responder a esta questão central de estudo, optou-se por um processo de revisão bibliográfica assente em três núcleos teóricos essenciais, Pedagogia Social-Educação Social e Ética Educacional recorrendo, sobretudo, ao pensamento dos autores nacionais, adotando uma visão triádica da ética, simultaneamente teleológica, deontológica e pragmática. Ainda neste contexto, procedeu-se à contextualização histórica e normativa relativa à formação inicial em Educação Social no nosso país. Do ponto de vista empírico, optou-se por uma estratégia de desenvolvimento enquadrada por uma abordagem de caráter qualitativo, com recurso à consulta documental e inquirição direta de atores, feita através de grupo de discussão focalizada. Esta estratégia permitiu-nos responder a três objetivos operacionais fundamentais, referentes às três dimensões de ética consideradas, sendo o primeiro sobre o lugar da Ética nos planos curriculares do 1º ciclo de estudos em Educação Social, o segundo sobre o património ético-deontológico dos educadores sociais portugueses, tendo por base as instituições mapeadas e as comunidades cientifico-profissionais de referência, o terceiro sobre as perceções dos próprios educadores sociais, em relação à sua formação ética. Assim, conforme se expõe no primeiro capítulo/artigo, pudemos constatar que, de um modo geral, a formação ética está contemplada nos planos de estudo, embora com peso curricular diferenciado. Em termos concetuais, esta formação encontra-se alinhada com as conceções teóricas privilegiadas pelos autores nacionais, evidenciando uma matriz humanista, relacional e orientada para o desenvolvimento de competências de ética aplicada. Relativamente ao património ético-deontológico e, no que diz concretamente respeito às comunidades cientifico-profissionais, foi possível identificar e analisar documentos explícitos de regulação prática. O mesmo não aconteceu no plano institucional, tal como surge exposto. Em termos gerais, concluiu-se que o património que existe é rico e diversificado, mas ainda pouco consistente, evidenciando processos em desenvolvimento. No que diz respeito à perceção dos atores, pudemos compreender que os educadores sociais reconhecem e valorizam a importância das questões éticas na sua vida profissional, reclamando uma formação mais próxima das suas práticas. A análise cruzada destas conclusões principais permitiu reforçar a nossa posição inicial sobre a importância da formação ética dos educadores sociais, como parte integrante e substantiva da sua identidade profissional, devendo como tal ocupar um lugar relevante nos planos de estudo da formação inicial, desenvolvidos em estreita ligação com os contextos de prática e com programas consequentes de formação contínua.
- Crenças, conhecimento e práticas dos professores sobre a avaliação pedagógica a partir de portefólios reflexivosPublication . Carneiro, Alexandra Maria Pereira; Alves, José MatiasA crença de que a avaliação pedagógica exige um tipo particular de instrumento de medida ou um movimento separado do ensinar tende a prevalecer sobre o conhecimento de que a avaliação pedagógica é o processo intrínseco ao ensinar, que permite que o ensino se transforme em aprendizagem. O conhecimento docente é um património dinâmico constituído por conhecimentos científicos da área disciplinar, conhecimento de pedagogia e de técnicas de ensino, imersos em valores e experiências pessoais, convicções e crenças sobre, por exemplo, o que é a escola e a educação, qual o papel do professor e dos alunos, como deve ser organizada a aula e a avaliação. Em termos epistemológicos, a crença só se torna conhecimento quando a verdade da proposição é provada (por via racional ou empírica) e daqui resulta a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada, condições necessárias para o conhecimento epistémico que se aplicam a todos os enunciados de natureza científica. No exercício da docência, que crenças é que os professores têm sobre avaliação pedagógica e sobre as suas práticas de avaliação pedagógica? Esta é a pergunta que desencadeia o movimento de autoquestionamento e autoobservação da relação entre crenças, conhecimento e práticas de avaliação pedagógica relativamente à garantia epistémica no contexto de uma oficina de formação a partir da qual averiguamos da possibilidade de criar condições que favoreçam a autonomia e autoria epistémica docente. Adotou-se o paradigma qualitativo de investigação, ligado à fundamentação do pensar e do agir, no pressuposto de que a realidade não é unívoca. O processo de investigação foi desencadeado a partir da ação (prévia) de conceção/acreditação, implementação e avaliação de uma oficina de formação sobre avaliação pedagógica, no contexto da qual os professores participantes elaboraram um portefólio reflexivo. Em sequência, os instrumentos de recolha de dados tiveram em conta o método autobiográfico, envolvendo os participantes num processo de reconstrução interpretativa das experiências na primeira pessoa: portefólio reflexivo e, depois, micronarrativa e entrevista coletiva. Os dados obtidos foram sujeitos a duas fases de análise de conteúdo, tendo sido considerados ao longo desse processo quatro fatores: objeto e contexto, modalidade formativa, dinâmicas e produto a realizar. A primeira fase de análise foi realizada com base nos conceitos crenças, práticas e conhecimentos docentes, validada por juízes externos, para evidenciar alinhamentos e dissonâncias no discurso dos professores e se, através da formação, é possível criar condições que favoreçam a autonomia e autoria epistémica docente. Na fase seguinte, foram analisados os portefólios reflexivos relativamente aos enfoques de conhecimento – tácito, práxico e epistémico. Dos procedimentos éticos e técnicos resultou o objeto inicial de 26 portefólios; os instrumentos micronarrativas e entrevistas coletivas recolheram dados junto de seis docentes. Da triangulação dos dados obtidos nos portefólios reflexivos, micronarrativas e entrevistas coletivas verifica-se que a participação na oficina de formação, a implicação direta da aula com a premissa do professor como investigador da sua prática e consequente registo reflexivo em portefólio foram decisivas para fazer emergir as dissonâncias, tensões e alinhamentos entre crenças, práticas e conhecimentos. Da análise dos portefólios reflexivos quanto ao enfoque do conhecimento conclui-se que nenhum portefólio apresenta um enfoque de conhecimento único; a totalidade dos portefólios mostra um enfoque práxico - identificando razões e/ou justificações (teóricas ou práticas) para escolhas didáticas, aliando a identificação da intencionalidade pedagógica de uma atividade com expectativas de prestação dos alunos. Considera-se que 14 portefólios apresentam enfoque tácito, emergente do exercício centrado no agir e na partilha quotidiana de preocupações com problemas concretos com referências a crenças tipificadas sobre alunos, situações ou ações. Noutros 14 portefólios, verificamos a existência simultânea do enfoque epistémico, pela narrativa de avaliação e fundamentação das práticas em conhecimentos, distinguindo crenças e expectativas de previsão e análise de resultados dos alunos, em consequência da intencionalidade pedagógica das mesmas. Dois portefólios apresentam elementos dos três enfoques. Verificou-se ainda que o contexto organizacional favorável ao desenvolvimento e aprendizagem profissional surge como essencial – uma vez que a oficina de formação foi criada por necessidade expressa de Agrupamentos de Escola da rede de parceiros do Serviço de Apoio à Melhoria da Educação, FEP/UCP. Concluímos que as características individuais destes professores, sugeridas por Dewey - um estado de dúvida e inquietação seguido por um ato de investigação que explique e fundamente ou anule a crença identificada, podem ser ativadas com vista à autonomia e autoria epistémica docente através da formação, sendo o contexto organizacional determinante para o maior alinhamento entre crenças, práticas e conhecimentos dos docentes em torno da avaliação pedagógica.
- A construção da identidade profissional de uma diretora e as lógicas de ação organizacional em tempos turbulentos : um estudo autobiográficoPublication . Cruz, Adília Maria Rosa da Fonseca Ferreira da; Alves, José MatiasA criação de um agrupamento de escolas, em julho de 2012, ao abrigo do artigo 7º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 224/2009, de 11 de setembro e pelo Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, num concelho da Área Metropolitana do Porto desencadeado por uma “fusão forçada”, pensada e implementada pela tutela com base na Resolução de Conselho de Ministros n.º 44/2010, de 14 de junho, veio despoletar posições de conflito de interesses entre os elementos da comunidade educativa. Segundo Lima (2018), este processo de agregação de escolas marca uma das mais estruturantes mudanças no sistema educativo português, e envolveu grandes alterações na constituição da rede escolar e dos seus órgãos de administração e gestão, ficando marcado, principalmente, pela forma como se processou e pelas consequências e atropelos que daí advieram. A partir da narrativa autobiográfica analisa-se um problema que consistiu na imposição política forçada da agregação de estabelecimentos de ensino que possuíam culturas e identidades próprias, com projetos educativos diferentes ainda que inseridos no mesmo território. Os círculos de influência e de dominação ao nível das organizações eram também específicos, possuindo uma “gramática” própria. Neste contexto, levanta-se a questão da (im)possibilidade de construir uma nova entidade organizacional que, a priori, não recolhia a adesão dos atores locais. Para guiar este trabalho seguimos as seguintes questões de investigação: que conflitos e consensos se geraram num processo de reconstrução organizacional, num dado território, implicando um conjunto de escolas? E quais as razões, emoções e lógicas de ação presentes num processo de (des)construção de identidades profissionais e organizacionais? O estudo adota um paradigma interpretativo (Denzin & Lincoln, 1994) e um design metodológico do tipo qualitativo, configurando-se como um estudo de caso intrínseco (Stake, 2000), baseando-se numa narrativa autobiográfica enquanto estratégia de produção de conhecimento. Pretende-se, através do estudo do percurso profissional da Diretora da escola secundária que agregou com o já existente agrupamento, dar a conhecer as (in)decisões e peripécias que envolveram esse processo num concelho da Área Metropolitana do Porto. Os dados recolhidos e analisados permitiram-nos concluir que o processo de agrupamento forçado de escolas foi um processo complexo e desafiador que envolveu várias dimensões: a complexidade das dinâmicas no processo de agrupamento de escolas; a influência das bases de poder na eleição do Diretor; as emoções e desafios na ação diretiva do Diretor. iv Esta investigação permitiu identificar algumas lógicas de ação dominantes, culturas organizacionais e profissionais e bases de poder que foram mobilizadas para a ação. Este processo de agregação forçada teve um impacto significativo na cultura organizacional e profissional das escolas envolvidas. Identificam-se algumas margens de melhoria explorando como as narrativas autobiográficas se aplicam em diferentes contextos sociais e culturais, sendo também importante considerar a incorporação de metodologias e fontes de dados complementares, para conferir uma maior consistência à pesquisa. A avaliação do impacto das mudanças resultantes do agrupamento forçado de escolas na qualidade da educação é uma área promissora para futuras investigações, incluindo a análise de mudanças curriculares e pedagógicas. O desenvolvimento profissional dos professores e dos líderes escolares é fundamental, devendo se analisar a formação de lideranças e os respetivos programas de capacitação. Por fim, comparar os resultados desta pesquisa com análise efetuadas noutros contextos, tanto nacionais quanto internacionais, pode fornecer insights importantes e tendências mais amplas em processos de reorganização escolar.
- Olhar a cultura organizacional e a liderança na escola pública sob o ethos da inovaçãoPublication . Serra, Lídia de Jesus Pecegueiro; Alves, José Matias; Soares, Diana Rafaela LopesInovação é a palavra de ordem da sociedade globalizada do século XXI, onde múltiplas agendas geopolíticas proliferam sob a premissa da procura de soluções para os desafios sociais, ambientais e económicos mais prementes. Desde que na década de 90 do século XX se concedeu à inovação o carater de força estratégica para o progresso, o desenvolvimento humano e para a melhoria da qualidade de vida, cedo foram transpostos desafios para a educação, interpelando a escola a encetar uma transformação no sentido de se tornar mais inclusiva. Contudo, as agendas para a educação focadas na transformação dos processos de escolarização vêm esbarrando na complexidade do próprio sistema e no seu modus operandi marcado pelo presentismo, conservadorismo e individualismo. É nesta conjetura de necessidade de transformação profunda da escola que se desenhou o estudo que consubstancia esta tese de doutoramento. Assim, tomando a inovação como elemento central de um triângulo de forças e lógicas intercruzadas que implicam as lideranças e as culturas de escola, a autonomia e os processos de regulação e controlo, as práticas e o capital profissional dos professores, pretende se compreender quais são os impulsos e obstáculos que enredam a inovação nas escolas. Assumindo um plano pluri/multimetodológico, foram combinados métodos qualitativos e quantitativos, num estudo compreensivo envolvendo uma subpopulação de 60 escolas e agrupamentos de escolas portuguesas que foram avaliados no terceiro ciclo de avaliação da Inspeção, no período de 2018 a 2021. O estudo de perceções de diretores, coordenadores de departamento, professores e elementos da equipa de autoavaliação de escola, bem como, de relatórios de avaliação externa e documentos estruturantes de escola, permitiu reunir evidências, sistematizadas em sete artigos, que indiciam a existência de organizações que operam como sistemas debilmente articulados, marcados por ordens espontâneas frágeis e por existências pseudomórficas, onde a inovação assume um carater marginal. As evidências reunidas apontam para um sistema educativo que reverbera numa interdependência frágil, enredado na complexidade de gerar articulação nas realidades intrincadas dos mega-agrupamentos de escolas, com problemas de mobilização coletiva, com culturas de avaliação que servem o propósito da legitimação, com dificuldade em gerar climas de inovação profícuos e de um capital decisional que suporte a transformação da escola. Urge gerar uma outra organização de escola, uma outra liderança, um outro modo de accountability e uma outra identidade profissional docente. Por conseguinte, dilucidamos um caminho de construção de uma escola fundada no funcionamento interdependente ativado por lideranças transformadoras que operem, também de modo interdependente, para gerar envolvimento a partir da (re)construção de significados por forma a alavancar e mobilizar as vontades individuais e coletivas para, assim, gerenciar ‘estados de fluxo’ organizacional favoráveis à mudança. Neste alinhamento da construção de significados que alimentem uma cultura profissional de liberdade, de compromisso e de responsabilidade, enuncia-se um referencial analítico enquadrador da iniciativa de capital de inovação para a educação que tem como desiderato fomentar a construção de uma outra escola.