DL - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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- Por detrás das máscaras do silêncio : um estudo da prostituição indoor : análise sociolinguística do discurso dos trabalhadores do sexoPublication . Silva, Stéphanie Alves Monteiro da; Capucho, Maria FilomenaNeste estudo de caso procuramos levantar o véu sobre o “submundo” ainda pouco conhecido da prostituição de interior e descobrir quem são os vários atores sociais que nela habitam. A análise das produções discursivas enunciadas por homens e mulheres, trabalhadores do sexo, desenha histórias de vidas singulares, pedaços fragmentados de vida que suas memórias escolheram para contar. A identidade, noção central neste trabalho, serve de base sustentável para uma reflexão e compreensão das estratégias, das modalidades identitárias, entre outros parâmetros levados a cabo por estes sujeitos. A nossa abordagem insere-se no âmbito do interacionismo simbólico e da análise do discurso, uma vez que entendemos que é essencialmente, pela interação discursiva que o sujeito constrói a sua identidade pessoal, social e profissional. A escolha do léxico, as marcas de auto-representação enunciativa explícita e implícita, o grau de comprometimento ou de desinvestimento do sujeito falante denunciam uma postura, uma forma de se dar a conhecer num processo interactante. A análise qualitativa das entrevistas permitiu delinear e distinguir quais os processos de construção da identidade utilizados pelos sujeitos e, assim, estabelecer diferenças entre os homens e as mulheres trabalhadores do sexo. Deste modo, este trabalho dá corpo a um estudo comparativo entre as vivências dos géneros, quanto a uma atividade profissional, em que o corpo físico emerge agregado a práticas, que o senso comum dita como desviantes e o conceito de identidade surge numa plataforma giratória na construção social dos trabalhadores do sexo. Os resultados mostram que, no processo de construção da identidade dos nossos informantes, a prostituição se encontra, não só, organizada em torno do dinheiro, como também envolta em questões como a identidade sexual, o espaço dos afetos, a noção da discriminação, o uso da máscara, o desvio social, a centralidade do corpo e a demanda da regulação e legalização da atividade prostitutiva.
- O projeto eTwinning LOA : uma abordagem intercultural para a integração pedagógica das TIC no ensino das línguasPublication . Silva, Maria da Piedade Carvalho da; Capucho, Maria FilomenaA Internet introduziu novas formas de interação e novos ambientes de aprendizagem. Por um lado, os indivíduos podem interagir diretamente com as fontes de informação e conhecimento e participar ativamente na sua produção. Por outro lado, a Internet cria novos processos de socialização e de mobilidade em ambientes virtuais multiculturais e multilingues. Por esta razão, o potencial das TIC para a comunicação intercultural deve ser explorada, especialmente no contexto do ensino de línguas estrangeiras (Audras & Chanier, 2008; Kern et al., 2008; Liaw & Master, 2010; O'Dowd, 2007, 2010; O'Dowd & Ware, 2008; Ollivier & Puren, 2011; Yang, 2011, entre outros). A ação eTwinning do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida proporciona as condições ideais de integração das TIC. Fomenta, ainda, o desenvolvimento de estratégias de ensino-aprendizagem que promovem a descoberta intencional, a construção colaborativa de conhecimento e a abertura para a diversidade linguística e cultural no contexto da comunicação intercultural. O projeto eTwinning LOA, que apresentamos nesta tese, foi desenvolvido no contexto de um estudo de investigação-ação que visou testar o impacto da integração curricular de um projeto de colaboração intercultural na motivação dos alunos para usar e aprender línguas estrangeiras e no desenvolvimento de sua competência comunicativa intercultural. A metodologia do projeto foi inspirada nos modelos da abordagem intercultural de Candau (2003) e Maurice (2008). Os alunos interagiram com estudantes de outros países europeus com os quais trabalharam na consecução de objetivos comuns e na construção de relações de amizade, estando criadas as condições da teoria de contacto (Allport, 1954; Amir, 1969, 1976; Pettigrew, 1997, 1998; Pettigrew & Tropp, 2000, 2005, 2006). O projeto eTwinning LOA promoveu uma mudança no processo de ensino-aprendizagem que se tornou mais centrado no aluno, nas suas necessidades e nos seus interesses. Os resultados da intervenção mostram uma melhoria na competência de comunicação, na autoestima e na autonomia dos alunos, que se empenharam em usar o inglês para aprender com e sobre os seus parceiros eTwinning. Em concordância, o estudo da frequência dos contatos interculturais mostra um aumento substancial da iniciativa social. A análise dos atos comunicativos evidencia um aumento de atos que demonstram atitudes de respeito e consideração para com os seus interlocutores, um contributo para o desenvolvimento da competência comunicativa intercultural.
- Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo AntunesPublication . Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da; Martins, Adriana Alves de PaulaA presente dissertação tem como principal objetivo a apresentação de uma proposta de abordagem da problemática da memória e identidade portuguesas, no que diz respeito ao período compreendido entre o evento do 25 de Abril de 1974 e os finais da primeira década do século XXI. Adota para esse efeito uma perspetiva comparatista entre dois modelos distintos de representação: por um lado, o da imagem oficial da nação, tipicamente suportado por um vetor de poder estatal, que o impõe de forma constante sobre o aglomerado de indivíduos que integram o país; por outro, e problematizando essa mesma forma de representação oficial, um modelo discursivo de matriz literária, assente na obra de António Lobo Antunes, que deriva, precisamente, da exploração da perspetiva única do indivíduo, que se vê confrontado com os efeitos dessa vivência em comunidade. Partindo do confronto entre o texto inaugural da Constituição da República Portuguesa (datado de 2 de Abril de 1976) e as diversas revisões a que se vê sujeito ao longo das últimas décadas, demonstra que o projeto de um Portugal democrático, nela, inicialmente traçado, é alvo de sucessivas reconfigurações, que correspondem, também, a alterações profundas, no que às políticas de memória e identidade que lhe subjazem diz respeito, assim como no que toca aos próprios vetores de poder que determinam e impulsionam tais políticas. Daí deriva a possibilidade de identificação de quatro etapas distintas de evolução da imagem oficialmente partilhada pelo país, as quais, muito por causa de uma estratégia comum de apagamento forçado de tudo aquilo que possa revestir-se de natureza problematizante, conseguem, apesar de tudo, manter a ilusão de uma quase perfeita continuidade discursiva entre o Portugal de 1974 e o do século XXI. A identificação de tais etapas conhece, no entanto, novos contornos, a partir do momento em que, com base na proposta de uma poética de memória em António Lobo Antunes, se procede à identificação das dinâmicas discursivas que se desenvolvem por debaixo dessa imagem oficial, revelando, através da ficcionalidade, todo um conjunto de representações alternativas e tipicamente silenciadas da nação portuguesa, as quais evidenciam as lacunas inerentes ao seu discurso oficial de memória e identidade das últimas décadas, e atestando, em última análise, o verdadeiro caráter pós-moderno e pós-colonial de que a produção literária do autor se reveste.
- Burro velho não aprende línguas!? : uma sentença questionável : contribuições para uma prática contextualizadaPublication . Rocha, Maria Lucília Pinto de Almeida; Capucho, Filomena; Oliveira, Ana MariaO século XXI trouxe desafios políticos, sociais e económicos que se substanciam particularmente na qualificação e no empreendedorismo exigido a cada cidadão comum. Todos, à escala individual, sentem necessidade de acompanhar a evolução das sociedades contemporâneas. Porém, não há desenvolvimento e crescimento sem formação e conhecimento. Pretendemos mostrar neste trabalho que o provérbio “Burro velho não aprende línguas” é, nos nossos dias, um mito ultrapassável, muitas vezes o espelho do conformismo e de negligências plurais. A nossa investigação inscreve-se no âmbito da didática das línguas estrangeiras e decorre de preocupações pessoais e da necessidade de uma intervenção eficaz junto de uma população adulta, pouco escolarizada e de meio rural. Ao longo do ano letivo de 2008/2009, realizámos um estudo de caso, com a colaboração de um grupo de formandos, a frequentar um curso EFA B2, no âmbito das Novas Oportunidades, na Escola Básica de Castro Daire, Distrito de Viseu. Sendo um público particularmente específico, assentámos o nosso trabalho nos seguintes objetivos: 1) caracterizar social, cultural e linguisticamente o público objeto de estudo; 2) apurar o tipo de representações mentais dos participantes; 3) averiguar sobre as práticas que têm sido desenvolvidas por professores na aprendizagem de uma língua estrangeira, no âmbito da Educação e Formação de Adultos; 4) analisar as estratégias de aprendizagem que os adultos mobilizam para adquirir uma língua estrangeira; 5) aplicar uma abordagem comunicativa e accional, conforme ao QECR; 6) desenvolver uma metodologia eclética, assente na coerência didática; 7) adotar a Intercompreensão como um processo motivador, facilitador e eficaz de aprendizagem de línguas estrangeiras; 8) articular sequências didáticas e suportes coerentes para o público-alvo; 9) sugerir a construção e o uso de um portefólio das línguas e 10) avaliar a experiência realizada. Aprender é intrínseco ao ser humano, assim, mostramos, neste trabalho, que qualquer indivíduo, em Educação e Formação de Adultos, pode aprender uma língua estrangeira, independentemente da idade, do estatuto social ou do nível de escolaridade. Para tal, contribuem as experiências vividas e as aquisições realizadas ao longo da vida, enquanto substrato sociocultural. Do mesmo modo, contribui a atitude diligente do formador. Os professores/formadores são os projetistas, os orientadores e os construtores de aprendizagens. A sua ação tem de ser precedida de uma análise cuidada ao nível das características, necessidades e expectativas dos seus aprendentes e a sua atuação tem de ser dirigida por processos eficazes e facilitadores inseridos em metodologias adequadas.
- Intercompreensão: uma utopia? : avaliação de competências de comprensão escrita em plurilingues e não plurilinguesPublication . Soares, Paula Cristina Correia; Capucho, Maria Filomena DiasNa presença de um cenário aparentemente antagónico entre o domínio arrebatador do inglês lingua franca e o incentivo ao multilinguismo e ao plurilinguismo por parte das duas principais instituições europeias – a União Europeia e o Conselho da Europa – emerge a intercompreensão como uma solução de compromisso. O presente trabalho expõe uma actividade de intercompreensão de uma língua românica (francês), eslava (búlgaro) e germânica (sueco), utilizando cartoons da banda desenhada “Astérix”, executada por 25 falantes plurilingues completos (língua materna e três ou mais línguas estrangeiras), 25 plurilingues (língua materna e duas línguas estrangeiras), 25 bilingues (língua materna e uma língua estrangeira) e 25 monolingues (língua materna). Os objectivos que estabelecemos para o nosso estudo visaram: avaliar a influência do número de línguas estrangeiras que os sujeitos dominavam na activação e no desenvolvimento de estratégias de intercompreensão; verificar se a intercompreensão estava relacionada com variáveis pessoais (sexo, idade, habilitações académicas); saber se a familiaridade com o género e o tipo de texto (banda desenhada) facilitava a intercompreensão; observar se no confronto com uma língua estrangeira aparentemente desconhecida, os elementos linguísticos e extralinguísticos foram inibidores e/ou promotores da intercompreensão; conhecer a abertura dos indivíduos para a aprendizagem de novas línguas, tendo em conta o número de línguas estrangeiras que conheciam; averiguar se as representações/ imagens que os sujeitos possuíam das línguas podiam ser explicadas pela aproximação ou afastamento tipológico face à sua língua materna; e, por fim, perceber se um indivíduo que conhecia duas ou mais línguas estrangeiras seria, pelo menos, um utilizador A1 (compreensão escrita) numa língua com a qual nunca contactou. Os resultados mostram que a intercompreensão é independente do número de línguas estrangeiras que os indivíduos conhecem, das variáveis pessoais (sexo, idade e habilitações académicas), da leitura regular de banda desenhada e do conhecimento da personagem Astérix. Os elementos extralinguísticos são promotores e os elementos linguísticos são inibidores da intercompreensão. O número de línguas estrangeiras que o sujeito conhece influencia o seu desejo de aprender outras línguas, predisposição mais acentuada entre os que sabem menos línguas. A imagem que os indivíduos possuem da língua inglesa é bastante positiva e, efectivamente, os indivíduos preferem as línguas românicas, línguas tipologicamente mais próximas da sua língua materna. A compreensão escrita, que passou pela identificação do acto ilocutório subjacente à situação de comunicação exposta pelos cartoons em búlgaro e em sueco (línguas desconhecidas pela amostra), foi mais bem-sucedida entre os não plurilingues do que entre os plurilingues.
- E se eu fosse s/surda? : o processo de categorização do mundo da pessoa s/surda : a perspetiva da linguística cognitivaPublication . Silva, Ana Isabel Pereira Pinheiro da; Oliveira, Ana Maria Roza de Oliveira Henriques deE se eu fosse s/Surda? é um espaço mental construído no âmbito da Linguística Cognitiva que permite um olhar sobre o que é ser s/Surdo e como se processa a categorização do mundo pelo s/Surdo. A Linguística Cognitiva descreve este matizado de conceitos à luz da teoria da categorização, preferindo um tratamento da linguagem atualizada no uso pragmático da língua. Constituímos quatro capítulos no enquadramento teórico ao longo dos quais revelamos as conceções de surdez e da pessoa s/Surda. Questionamo-las a partir da dicotomia deficiência - diferença. Com base no peso do friso cronológico, apresentamos os paradigmas sócio-antropológico e médico-terapêutico definidores de filosofias de educação de s/Surdos. Propomos uma visita à educação de s/Surdos e descrevemos a urgência de uma educação s/Surda promotora do bilinguismo fundado na mestria de duas línguas: a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a Língua Portuguesa (LP) na modalidade escrita. Esta educação, sustentada em evidências das neurociências, pretende-se que capacite o aluno s/Surdo para a literacia emergente, redimensionando as suas mundividências na plataforma multilingue e multicultural. Propomos a emancipação do s/Surdo pela emancipação da LGP. Neste processo, considerámos os Professores de língua(s) vetores determinantes na promoção da educação para a diversidade. Aplicámos um questionário, a nível nacional, estes Professores com o intuito de diagnosticar que lugar ocupam os s/Surdos e a LGP na escola, descrevendo qual o estatuto da LGP para estes docentes. A maioria destes profissionais não reconhece este idioma, tornando a pessoa s/Surda invisível. O conceito de língua é repensado e reconfigurado pela existência de línguas gestuais formalmente reconhecidas. Construímos três guiões de entrevistas realizadas a 21 profissionais distribuídos por três categorias: Formadores/Docentes de LGP s/Surdos, Professores/Educadores da Educação Especial e Audiologistas. Constituímos um triângulo a partir do qual analisámos a conceptualização do mundo a partir da comunidade s/Surda e a partir da comunidade ouvinte: três formas de conceptualizar a surdez e o ser s/Surdo. A construção e a categorização do mundo pelo s/Surdo já participam de muitas identidades cosmovisões. Se eu fosse s/Surda seria um ser em construção, um espaço de amálgama, no qual a LGP constrói o mundo de forma diferente da Língua Portuguesa (LP).
- O espírito da terra na obra de Toni Morrison, Rudolfo Anaya e Joy HarjoPublication . Mancelos, Joaquim João Cunha Braamcamp de; Santos, Maria Irene Ramalho de SousaA sociedade norte-americana é um caleidoscópio de culturas e etnias, em constante interação. Para demonstrar como a literatura reflete esta realidade, selecionei vários autores: Toni Morrison, Rudolfo Anaya e Joy Harjo. Estes escritores pertencem a três grupos étnicos bem definidos (os afro-americanos, os chicanos, os ameríndios); têm lutado pela divulgação da herança cultural, fazendo da escrita um instrumento interventivo; são autores contemporâneos e conhecedores das grandes questões e dilemas da sociedade atual. O meu objetivo é compreender como os referidos autores percecionam a relação entre os grupos étnicos e a terra, nas suas múltiplas dimensões: o impacto da perda do espaço de origem, devido ao transporte esclavagista, à deslocação forçada e à migração; a reconfiguração da comunidade étnica quando transita do espaço rural para a zona urbana, e/ou do norte para o sul; as dimensões do espaço mítico (o mito da terra-mãe-deusa, o significado dos lugares mágicos); a terra e as mulheres que a representam (a griot, a curandeira, as deusas primitivas); o espaço da sexualidade; a viagem como um ritual iniciático; a perceção do espaço económico; o espaço histórico e a identidade em mudança. Ao longo desta dissertação debato criticamente estes aspetos, recorrendo à análise literária e à abordagem multidisciplinar: sociologia, história, economia, e antropologia concorrem para uma compreensão do texto no seu contexto.