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Abstract(s)
E se eu fosse s/Surda? é um espaço mental construído no âmbito da Linguística
Cognitiva que permite um olhar sobre o que é ser s/Surdo e como se processa a
categorização do mundo pelo s/Surdo. A Linguística Cognitiva descreve este matizado
de conceitos à luz da teoria da categorização, preferindo um tratamento da linguagem
atualizada no uso pragmático da língua.
Constituímos quatro capítulos no enquadramento teórico ao longo dos quais
revelamos as conceções de surdez e da pessoa s/Surda. Questionamo-las a partir da
dicotomia deficiência - diferença. Com base no peso do friso cronológico, apresentamos
os paradigmas sócio-antropológico e médico-terapêutico definidores de filosofias de
educação de s/Surdos. Propomos uma visita à educação de s/Surdos e descrevemos a
urgência de uma educação s/Surda promotora do bilinguismo fundado na mestria de
duas línguas: a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a Língua Portuguesa (LP) na
modalidade escrita. Esta educação, sustentada em evidências das neurociências,
pretende-se que capacite o aluno s/Surdo para a literacia emergente, redimensionando as
suas mundividências na plataforma multilingue e multicultural. Propomos a
emancipação do s/Surdo pela emancipação da LGP. Neste processo, considerámos os
Professores de língua(s) vetores determinantes na promoção da educação para a
diversidade. Aplicámos um questionário, a nível nacional, estes Professores com o
intuito de diagnosticar que lugar ocupam os s/Surdos e a LGP na escola, descrevendo
qual o estatuto da LGP para estes docentes. A maioria destes profissionais não
reconhece este idioma, tornando a pessoa s/Surda invisível. O conceito de língua é
repensado e reconfigurado pela existência de línguas gestuais formalmente
reconhecidas.
Construímos três guiões de entrevistas realizadas a 21 profissionais distribuídos
por três categorias: Formadores/Docentes de LGP s/Surdos, Professores/Educadores da
Educação Especial e Audiologistas. Constituímos um triângulo a partir do qual
analisámos a conceptualização do mundo a partir da comunidade s/Surda e a partir da
comunidade ouvinte: três formas de conceptualizar a surdez e o ser s/Surdo. A
construção e a categorização do mundo pelo s/Surdo já participam de muitas identidades
cosmovisões. Se eu fosse s/Surda seria um ser em construção, um espaço de amálgama,
no qual a LGP constrói o mundo de forma diferente da Língua Portuguesa (LP).