Browsing by Author "Vaz, Armindo dos Santos"
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- Casas da Nova Aliança: chaves antropológicas, apelos ecológicosPublication . Vaz, Armindo dos SantosA «casa» surge frequentemente na paisagem do Novo Testamento. Vista de muitas perspetivas, atrai a si várias facetas da vida humana: antropológicas, sociológicas, psicológicas e até ecológicas. Aqui atentamos na vida das casas, das casas para dentro e das casas para fora: na forma como Jesus no seu ministério público as privilegiou e como as casas particulares foram postas ao serviço da difusão do evangelho no início e desenvolvimento das primitivas igrejas apostólicas. Então percebe-se que a palavra e a realidade casa foram usadas também com sentido metafórico, remetendo para realidades de ordem superior. Alargando mais o seu sentido metafórico, recentemente tem-se visto o planeta Terra como «casa comum» dos humanos e de todo o capital natural: a metáfora da casa comum referida ao reino humano, animal, vegetal e natural convida os humanos a conviverem harmoniosa e respeitosamente numa casa que é deles mas também de todos os outros seres.
- Criação: o presente iluminado pelas origensPublication . Vaz, Armindo dos SantosNa exegese e na teologia, na catequese e na pastoral, a interpretação tradicional de Gn 2,4b-3,24 parte de vários pressupostos: que essa narrativa fala de Adão e Eva, de um pecado ou de uma culpa original por eles cometida, de uma promessa de salvação, do diabo sob forma de serpente, do paraíso perdido... E liga explicitamente o pecado à criação. Ora, aqui e noutro trabalho citado, com os métodos exegéticos recomendados pelo magistério eclesial, lendo-o no seu contexto próprio, oferecido pelas literaturas mesopotâmicas, descobertas nas escavações arqueológicas lá levadas a cabo desde meados do séc. XIX, propomos uma interpretação radicalmente nova. Descobrindo que é um mito de origem e que funciona como os mitos de origem, a exegese cerrada do texto conclui que ele visa dar o sentido último ao presente belo e penoso – ao bem e ao mal – da vida humana mas se dissocia totalmente da ideia de pecado.
- Depois das antigas traduções da BíbliaPublication . Vaz, Armindo dos SantosAs traduções modernas da Bíblia no Ocidente cruzam-se com a própria história ocidental: escreveram um nobre capítulo, ao oferecerem-lhe a base para a sua matriz cristã, para a democracia, liberdade e fraternidade humana. Fizeram cultura e literatura, enriqueceram a tradição da pintura, com miniaturas e iluminuras de rara beleza. Foram determinantes para a Bíblia chegar aos sedentos da sua mensagem inspiradora e para esta sobreviver no presente de cada povo. Por elas, a Bíblia continuou a falar ao longo de mais de um milénio. Prescindindo de outros dados a ter presentes no difícil ato de a traduzir (critérios literários, hermenêuticos, teológicos, litúrgicos…), fazemos uma abordagem histórica à tradução para as línguas mais faladas do Ocidente (francês, italiano, alemão, inglês, espanhol, português), acompanhando as circunstâncias em que cada uma surgiu e influenciou a religiosidade dos povos que a faziam e acolhiam. Um fenómeno com que esbarrou essa aventura foi o das proibições de a traduzir e ler. Por um lado, aparentemente incompreensível, revela, por outro, o sumo cuidado por preservar inalterado o seu precioso conteúdo, tentando evitar que fosse adulterado. Se algumas proibições se revestiram de dramatismo, outras ficaram tingidas de perseguição e de sangue, o que denuncia bem o ardente desejo de a dar a ler.
- Eleição divina e perceção humana de ser amadoPublication . Vaz, Armindo dos SantosA realidade da eleição divina de Israel na Bíblia constitui uma questão hermenêutica. Não se compadece com um entendimento literalista dos textos que a exprimem. Privilegiamos aqui a sua interpretação nos contextos originais culturais e religiosos. A teologia da eleição divina de Israel – de um povo – é inseparável da história da fé bíblica, que via Deus a revelar-se a todos os povos e a amá-los a todos, vendo também todos os humanos como criados por Deus. Nessa experiência histórica era compreensível que o povo que muito queria Deus se sentisse muito amado por Ele e sua “propriedade particular” e que, por isso, se dissesse eleito de entre todos os povos. Essa sensação era fé em ação: Deus ama todos, mas a perceção do amor é particular. A mais intensa procura e o mais profundo encontro conseguido por Israel levavam à clara consciência de ser preferido. Mas, ser escolhido por Deus era ao mesmo tempo escolher Deus. Dizer-se eleito é o outro lado do amor recebido, como eleição é o outro lado do amor ativo. Falar de eleição divina de Israel não significava que Deus abandonasse os outros povos, num favoritismo exclusivista, nem supunha a não-eleição deles. O sentido da particularidade sentida por Israel foi o de se ir convertendo em mediação para a progressão de outros povos na procura do divino. De facto, historicamente a eleição divina de Israel evoluiu nesse sentido e culminou, em Jesus Cristo, na eleição de todos os povos e pessoas como sumamente amados por Deus.
- “Este é o meu nome para sempre”: revelação do nome Yahvé (Ex 3,13-15)Publication . Vaz, Armindo dos SantosO Deus invocado com o nome próprio Yahvé é o mesmo Ser pessoal que os patriarcas invocaram como “Deus do pai”. Mas o nome em si só terá sido atribuído ao Deus de Israel na passagem dos hebreus pela experiência humana e religiosa do êxodo,liderados por Moisés. É à memória do êxodo que está inextricavelmente associado o nome do Deus da fé yahvista. E só séculos depois desse acontecimento histórico fundador é que a fé do povo bíblico deu uma explicação teológica do sagrado tetragrama, situando-a no contexto da teofania que desencadeou o êxodo e fazendo hermenêutica dele. Fê-lo por meio da assonância mais próxima, com uma forma verbal de hayah. Entendia assim o nome dado a Deus em termos de “Ser, Existir”, como «o verdadeiramente Existente» para o povo, tornando-o livre da escravidão para se religar a Ele por meio de uma aliança de amizade.
- A imagem de um Deus violento na BíbliaPublication . Vaz, Armindo dos Santos
- Justiça e misericórdia na Bíblia hebraicaPublication . Vaz, Armindo dos Santos“Justiça” é uma ideia central da Bíblia hebraica, onde abundam paralelos e contextos matizados. Em alguns deles não se distingue muito da misericórdia e do amor: é um aspecto de ambos. Conceito rico de significações, precisa de exprimir-se pelo menos com três substantivos: mišpāţ, şedeq e şedāqāh. Mišpāţ é o “direito” objectivo e subjectivo, que faz justiça à pessoa em causa. A şedeq é a ordem criada, que estabelece como devem ser as justas relações entre humanos. A şedāqāh exprime o comportamento justo conforme a essa ordem e enquanto “acção salvadora”. As três visam promover o bem do necessitado: superam a estrita justiça e inscrevem-se como justiça libertadora.
- Lectio divina da parábola do pai misericordiosoPublication . Vaz, Armindo dos Santos
- Mito do eterno retorno ou eterno retorno do mito?Publication . Vaz, Armindo dos SantosUma dificuldade para descobrir nas narrativas bíblicas de Gn 1-11 a presença de mitos de origem e a sua elevada espiritualidade poderia ligar-se à dúvida de que então essas narrações não seriam senão uma história imaginada. Na realidade, o mito, não sendo história acontecida, tem toda a grandeza de uma história verdadeira, porque o seu mundo é o mundo verdadeiro do sentido último das realidades da vida. Fazendo-as remontar à acção criadora divina e ao Ser absoluto, outorga-lhes significado transcendente, tornando-as mais reais. O ‘tempo’ primordial, absoluto e sagrado, do “princípio” vem renovar o tempo histórico e dar força aos seus actos. Por isso, a nossa cultura recorre constantemente e de forma salutar ao mito, como “reservatório simbólico”, para caldear a explicação conceptual das coisas com a compreensão profunda do seu sentido superior.
- Narrativa da criação: mito e contemplaçãoPublication . Vaz, Armindo dos Santos