FFCS - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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Browsing FFCS - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses by advisor "Brito, José Henrique Silveira de"
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- Da hospitalidade em Derrida ao acolhimento em saúdePublication . Meneses, Ramiro Délio Borges de; Brito, José Henrique Silveira deA hospitalidade incondicional não é senão exposição à vinda daquele que vem, que é acolhido. Será uma hospitalidade que dá aquilo que não tem, aquilo que não possui como próprio. Assim, é uma hospitalidade como impossível. Faz o impossível e é, não apenas impossível, como um convite a fazer aquilo que é impossível. Logo, a hospitalidade absoluta exige que me abra em ―chez moi‖ ( em minha casa) e que me dê não só ao estrangeiro, como também ao Outro absoluto, desconhecido, anónimo, e que eu lhe dê lugar, que o deixe vir, que o deixe chegar e ter um lugar no lugar, que lhe ofereça, sem lhe pedir reciprocidade, nem mesmo o seu nome A lei da hospitalidade incondicional manda acolher incondicionalmente, ou seja, sem poder sobre o visitante ou o absoluto que chega. A esta forma de hospitalidade, Derrida designa a hospitalidade de visitação, contraposta à hospitalidade condicional ou normativa, a que obedece à lógica do convite. A hospitalidade é desconstrução e a desconstrução é hospitalidade. A hospitalidade pura e incondicional, a própria hospitalidade abre-se, está antecipadamente aberta ao que não é nem esperado, nem convidado, a quem chegua como visitante absolutamente estrangeira, em chegante não identificável e imprevisível, como absolutamente outro. Chamemos a isso hospitalidade de visitação. Derrida refere a hospitalidade condicional como aquela que é oferecida pelo direito,pela política,pela sociologia,etc. Há, com efeito, uma hospitalidade relativa e ad extra, que é narrada pelo conto exemplar e provocante do Desvalido no Caminho. A hospitalidade consiste em acolher o Outro-estranho, sob o mesmo tecto, e ser vulnerável na própria casa, tal como Marta acolheu Jesus em sua casa. No fundo, a hospitalidade constitui-se sobre um fundo aretológico e pode definir-se numa relação fiduciária entre o hóspede e o anfitrião. A hospitalidade é a saída do próprio lugar, para buscar o Outro-estranho como acolhido. Toda a humanização será uma hospitalidade condicional, dado que, por convite, o médico recebe o doente no seu coração. A humanização em saúde implica um novo paradigma, que se denomina ―recitativo elpídofânico‖, decifrado em dois momentos, como vêm expresso na narrativa da hospitalidade de Betânia: contemplação e acção. Esta humanização, fundada num acolhimento elpidofânico,radica numa ―responsabilidade poiética‖ entre um homo mendicans (homem pedinte) e um anfitrião, que vive entre uma ―responsabilidade pística‖ (Maria) e uma ―responsabilidade agápica‖ (Marta). Daqui surge um outro modelo, para a humanização em saúde, que se determina pela ―responsabilidade poiética‖, inspirado na parábola do Bom Samaritano. Também foi possível ao estabelecer a relação entre Desconstrução e Medicina, elaborar um outro paradigma para a humanização em saúde.
- A sabedoria da carne no itinerário de Emmanuel LévinasPublication . Júnior, Nilo Ribeiro; Brito, José Henrique Silveira deNossa investigação desenvolve a genealogia do corpo e da encarnação no pensamento de Emmanuel Lévinas, refazendo o percurso filosófico do autor, com uso das principais obras, dos escritos no cativeiro e da juventude até os da maturidade. Seu percurso é balizado pelas categorias filosóficas da Criação, Revelação, Redenção. Como dialoga de maneira especial com os autores da viragem fenomenológica da filosofia, Husserl e Heidegger, mostrar-se-á, em forma de intriga, sua aproximação e distanciamento dos mestres, invertendo o amor à Sabedoria, do Ocidente, em uma Sabedoria da carne, devido à entrada do Outro. O cerne da Sabedoria da carne é o corpo que resta como corpo criatural entregue à bondade do mundo, que acolhe a revelação do outro e que se faz dom de si ao outro como Bem para além do Ser; ao outro exposto ao sofrimento inútil. Feito isto, relançar-se-á a Sabedoria da carne no debate com o pensamento encarnado dos filósofos franceses Merleau-Ponty e Michel Henry. Com isso, ressalta-se como o corpo dá o que pensar em função da significação e do dizer da carnalidade do humanismo do outro no confronto com outras formas de como o corpo se diz na contemporaneidade.