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Vaz, Armindo dos Santos

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  • Criação: o presente iluminado pelas origens
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    Na exegese e na teologia, na catequese e na pastoral, a interpretação tradicional de Gn 2,4b-3,24 parte de vários pressupostos: que essa narrativa fala de Adão e Eva, de um pecado ou de uma culpa original por eles cometida, de uma promessa de salvação, do diabo sob forma de serpente, do paraíso perdido... E liga explicitamente o pecado à criação. Ora, aqui e noutro trabalho citado, com os métodos exegéticos recomendados pelo magistério eclesial, lendo-o no seu contexto próprio, oferecido pelas literaturas mesopotâmicas, descobertas nas escavações arqueológicas lá levadas a cabo desde meados do séc. XIX, propomos uma interpretação radicalmente nova. Descobrindo que é um mito de origem e que funciona como os mitos de origem, a exegese cerrada do texto conclui que ele visa dar o sentido último ao presente belo e penoso – ao bem e ao mal – da vida humana mas se dissocia totalmente da ideia de pecado.
  • Eleição divina e perceção humana de ser amado
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    A realidade da eleição divina de Israel na Bíblia constitui uma questão hermenêutica. Não se compadece com um entendimento literalista dos textos que a exprimem. Privilegiamos aqui a sua interpretação nos contextos originais culturais e religiosos. A teologia da eleição divina de Israel – de um povo – é inseparável da história da fé bíblica, que via Deus a revelar-se a todos os povos e a amá-los a todos, vendo também todos os humanos como criados por Deus. Nessa experiência histórica era compreensível que o povo que muito queria Deus se sentisse muito amado por Ele e sua “propriedade particular” e que, por isso, se dissesse eleito de entre todos os povos. Essa sensação era fé em ação: Deus ama todos, mas a perceção do amor é particular. A mais intensa procura e o mais profundo encontro conseguido por Israel levavam à clara consciência de ser preferido. Mas, ser escolhido por Deus era ao mesmo tempo escolher Deus. Dizer-se eleito é o outro lado do amor recebido, como eleição é o outro lado do amor ativo. Falar de eleição divina de Israel não significava que Deus abandonasse os outros povos, num favoritismo exclusivista, nem supunha a não-eleição deles. O sentido da particularidade sentida por Israel foi o de se ir convertendo em mediação para a progressão de outros povos na procura do divino. De facto, historicamente a eleição divina de Israel evoluiu nesse sentido e culminou, em Jesus Cristo, na eleição de todos os povos e pessoas como sumamente amados por Deus.
  • Depois das antigas traduções da Bíblia
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    As traduções modernas da Bíblia no Ocidente cruzam-se com a própria história ocidental: escreveram um nobre capítulo, ao oferecerem-lhe a base para a sua matriz cristã, para a democracia, liberdade e fraternidade humana. Fizeram cultura e literatura, enriqueceram a tradição da pintura, com miniaturas e iluminuras de rara beleza. Foram determinantes para a Bíblia chegar aos sedentos da sua mensagem inspiradora e para esta sobreviver no presente de cada povo. Por elas, a Bíblia continuou a falar ao longo de mais de um milénio. Prescindindo de outros dados a ter presentes no difícil ato de a traduzir (critérios literários, hermenêuticos, teológicos, litúrgicos…), fazemos uma abordagem histórica à tradução para as línguas mais faladas do Ocidente (francês, italiano, alemão, inglês, espanhol, português), acompanhando as circunstâncias em que cada uma surgiu e influenciou a religiosidade dos povos que a faziam e acolhiam. Um fenómeno com que esbarrou essa aventura foi o das proibições de a traduzir e ler. Por um lado, aparentemente incompreensível, revela, por outro, o sumo cuidado por preservar inalterado o seu precioso conteúdo, tentando evitar que fosse adulterado. Se algumas proibições se revestiram de dramatismo, outras ficaram tingidas de perseguição e de sangue, o que denuncia bem o ardente desejo de a dar a ler.
  • «Tudo é graça»: lectio divina de Mt 19,30-20,16
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    Mt 19,30-20,16 contém a essência do evangelho de Jesus e do cristianismo. Aprofundamo-la seguindo o itinerário da lectio divina, em homenagem ao Excelentíssimo Senhor Prof. Doutor D. Pio Gonçalo Alves de Sousa e com amizade para com ele.
  • No princípio da Bíblia está o mito : a espiritualidade dos mitos de criação
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    Os primeiros onze capítulos da Bíblia sempre puseram especiais problemas à sua interpretação, em boa parte, por serem lidos em circuito fechado, no desconhecimento do seu contexto. A descoberta de mitos de criação na antiga Mesopotâmia, paralelos estreitos dos seus congéneres bíblicos, vem situá-los no seu contexto cultural específico e contribui para a sua compreensão teológica. Só é preciso reconhecer que as narrativas bíblicas da criação são mitos e contêm toda a rica espiritualidade dos mitos de criação. Estes são o resultado de uma intuição religiosa, de uma constante atitude contemplativa face às coisas e à existência humana: vêem-nas à luz de Deus, em relação com Deus e vêem Deus nelas. Visam interpretá-las, sublimá-las, dar-lhes o mais profundo sentido, sugerindo que a maneira mais elevada de olhar para elas é vê-las na dependência de Deus. Para isso, em forma de história, atribuem a sua existência a um acto criador de Deus “no princípio” de tudo o que existe. São, pois, essencialmente autênticos actos de fé e teologia narrativa.
  • Onde abundou o pecado superabundou a graça
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    Partindo de uma nova interpretação de Gn 2-3, entendido como mito de origem que, portanto, não descreve um «pecado original», propõe-se aqui uma consequente nova interpretação de Rm 5,12-21, texto citado na 5.ª sessão do concílio de Trento, no decreto sobre o pecado original (17.6.1546). A exegese que a propõe lê o texto de Paulo, não como teologia dogmática, mas como midráš, o método judaico que explicava o texto sagrado canónico em forma de busca de sentido antropológico e teológico para situações presentes. Lido o texto como midráš, o recurso à unicidade do ’ādām aparece simplesmente como trampolim para ilustrar a visão universalista da condição pecaminosa histórica da humanidade antes de Jesus e, sobretudo, para afirmar a – então – necessária salvação universal gratuita por mediação de Jesus. Não é teologia do «pecado original», mas da redenção.
  • Justiça e misericórdia na Bíblia hebraica
    Publication . Vaz, Armindo dos Santos
    “Justiça” é uma ideia central da Bíblia hebraica, onde abundam paralelos e contextos matizados. Em alguns deles não se distingue muito da misericórdia e do amor: é um aspecto de ambos. Conceito rico de significações, precisa de exprimir-se pelo menos com três substantivos: mišpāţ, şedeq e şedāqāh. Mišpāţ é o “direito” objectivo e subjectivo, que faz justiça à pessoa em causa. A şedeq é a ordem criada, que estabelece como devem ser as justas relações entre humanos. A şedāqāh exprime o comportamento justo conforme a essa ordem e enquanto “acção salvadora”. As três visam promover o bem do necessitado: superam a estrita justiça e inscrevem-se como justiça libertadora.