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- Autobiografia e autorretrato em Adília Lopes: “reduzir ao absurdo"Publication . Ferreira, Teresa JorgeEste artigo propõe uma reflexão sobre certos aspetos da escrita autobiográfica e autorretratística a partir da leitura dos poemas “Autobiografia sumária de Adília Lopes” e “Self-portrait” de Adília Lopes. A par da análise destes textos poéticos, discutem-se sobretudo formulações de Philippe Lejeune, Georges Gusdorf e Michel Beaujour, dialogando com alguma bibliografia sobre a obra adiliana. Sugere-se que a poesia de Adília Lopes desafia os postulados autobiográficos, ainda que não os rejeite, num trabalho persistente de “[r]eduzir ao absurdo”.
- A paisagem e a saudade: convergências na representação de Portugal e do eu na poesia de Teixeira de PascoaesPublication . Ferreira, Teresa JorgeTeixeira de Pascoaes foi um dos grandes pensadores da identidade nacional portuguesa no século XX, com uma obra vasta que incluiu, além da poesia, artigos, ensaios, conferências, textos críticos, entre outros. Numa linha de «patriotismo mítico», Pascoaes propôs que a saudade fosse elevada a bandeira do movimento da Renascença Portuguesa, procurando uma rutura com o passado monárquico e decadente das décadas anteriores e com a exagerada influência estrangeira. Portugal foi o centro da produção em prosa de Pascoaes. No entanto, na sua poesia, as referências explícitas a Portugal são escassas e é muito mais evidente o lugar ocupado pelo eu. Há, no lirismo de Pascoaes, uma profunda busca da identidade. Pretende‑se com este estudo mostrar que esta pesquisa identitária não é apenas individual, mas também nacional. Por meio de duas linhas – a paisagem e a saudade –, Pascoaes transforma uma poesia sobre o eu numa poesia sobre o ser português. Aproveitando a ideia de que o poeta é um intérprete privilegiado dos mistérios da natureza, o eu do poeta identifica‑se com a paisagem da sua terra natal contemplada da janela, que, por sua vez, representa a paisagem nacional. Na linha do seu panteísmo espiritualista, Pascoaes considera que essa paisagem tem uma «alma» feita de saudade, tal como a «alma» do povo, tal como a «alma» do eu. Pode assim verificar‑se que a poesia de Pascoaes, mediante variados recursos estilísticos, mistura a construção do eu com a construção da identidade nacional.
- A lente incerta da poesia: Herberto Helder e Fernando LemosPublication . Ferreira, Teresa JorgeA obra de Herberto Helder tem contribuído para pensar sobre a relação entre a poesia e as outras artes, como a fotografia e o cinema. Este artigo explora uma via possível dessa relação a partir do poema “Retratíssimo ou narração de um homem depois de maio”, estendendo a leitura do texto herbertiano a uma obra fotográfica, o autorretrato “Eu poeta ”, de Fernando Lemos. Considerando que Helder apresenta um “Retratoblíquo” no qual inclui a expressão “Julgo ser eu”, preconizando a incerteza figurativa do poema, propõe-se uma ampliação da obliquidade do autorretrato poético para mostrar que a ambiguidade au- torretratística pode sugerir o cruzamento de diferentes objetos artísticos aos olhos do leitor.