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- Não se Vence a NaturezaPublication . Pinto, IsabelEsta comédia de três actos, e em verso, da qual, até ao presente, não se conhece qualquer publicação, não apresenta informação de autor, sendo mais uma cópia autógrafa de António José de Oliveira, prolífico escriba de teatro da segunda metade do século XVIII. Contudo, no Fundo da Real Mesa Censória (Livro 5, f. 179v; Caixa 21, doc. 16), no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, existe registo de um requerimento de António José de Paula, figura polifacetada do teatro português enquanto autor, tradutor, intérprete e director, solicitando licença para a representação desta comédia. Aventamos, então, o seu nome como possível autor/tradutor. Um dado curioso acerca do texto é a acção desenrolar-se em Ferrara, a que acresce o facto de os nomes das personagens, Aurora, Roberto, Silvano, etc., também não desmerecerem de uma apenas conjecturável ascendência italiana. A intriga é essencialmente amorosa, centrando-se nos obstáculos que os enamorados, Carlos e Aurora, enfrentam, os quais assumem pontualmente contornos tão trágicos que justificam o impulso suicida de Carlos numa cena do último acto. O eixo cómico, ainda assim igualmente dominante, é assegurado pela acentuada rusticidade da personagem Silvano, que é aqui explorada até às últimas consequências de modo a fazê-la coincidir com uma imbecilidade exorbitante. O contraste entre Carlos e Silvano é enorme, com o primeiro a enunciar longas tiradas líricas e o segundo a asneirar em todos os sentidos, proferindo falas tão escandalosas quanto descabidas. A primícia geral que subjaz a esta comédia vai em sentido oposto à ideologia do bon sauvage de Jean-Jacques Rousseau: nem sempre o que é natural é bom e melhor, e, pelo menos em certos casos, a sociedade, a cultura e o ensino de nada valem perante uma natureza menor, como é a de Silvano.
- Remoção de fluoroquinolonas do ambiente: biossorção a lamas ativadas e a grânulos aeróbiosPublication . Ferreira, Vanessa R. A.; Amorim, Catarina L.; Cravo, Sara M.; Tiritan, Maria E.; Castro, Paula M. L.; Afonso, Carlos M. M.Diversas matrizes ambientais, particularmente águas residuais, têm revelado a presença de antibióticos. Embora presentes em níveis vestigiais (ng.L-1 a µg.L-1,), estes compostos são pseudo-persistentes e, naquelas concentrações, podem também promover resistências nas populações bacterianas [1]. Estudos recentes de remoção de antibióticos com lamas ativadas (AS) e grânulos aeróbios (AGS) mostram a biossorção como processo dominante e eficaz na remoção destes micropoluentes [2,3]. O presente trabalho explorou a biossorção de três fluoroquinolonas (FQ) - ofloxacina (OFL), norfloxacina (NOR) e ciprofloxacina (CPF) - a AS e AGS. Com vista a uma melhor compreensão dos fenómenos que ocorrem durante o processo, foram estudados diversos parâmetros que condicionam a biossorção. As AS demonstraram melhor desempenho na remoção da OFL, NOR e CPF relativamente aos AGS. No entanto, nas concentrações estudadas, não foi possível promover a remoção total dos fármacos. A capacidade mais elevada de biossorção das AS foi atribuída à carga negativa da superfície da biossorção, representada por um potencial zeta de -25,65 mV, a pH 7. A OFL foi a FQ menos removida, tanto pelas AS como pelos AGS, porque a OFL a pH 7 está principalmente presente na forma aniónica, com uma pequena percentagem, na forma zwiteriónica. Em AGS verifica-se um aumento da biossorção da OFL, NOR e CPF em pH ácido (pH 4) e maior dessorção em pH alcalino (pH 8 a 9). Observou-se também que ocorre a destruição da estrutura granular dos AGS quando o pH do meio é igual ou inferior a 3. Os resultados obtidos neste estudo contribuem para uma utilização mais eficaz de AS e AGS na remoção de antibióticos fluoroquinolonas do ambiente.
- Molière ou Segunda Parte de TartufoPublication . Goldoni, CarloMolière ou Segunda Parte de Tartufo, comédia em prosa de que não se conhece o tradutor, e que obtém aqui a sua primeira edição, é tradução de Il Molière, de Carlo Goldoni, representada, pela primeira vez, em Turim, no ano de 1751. Trata-se de mais uma cópia de António José de Oliveira, concluída a 26 de Dezembro de 1782, ano em que o escriba se encarrega de reproduzir doze textos, entre eles, quatro comédias de Goldoni. Conhece-se, via HTP online – Documentos para a História do Teatro em Portugal (http://ww3.fl.ul.pt/cethtp/webinterface/default.htm), um parecer favorável para a representação da comédia O Molière no Teatro do Bairro Alto, assinado por três censores, com data de 25 de Junho de 1770. Não se sabe qual a tradução apensa a este parecer. A deliberação da Real Mesa Censória repercute-se no fólio 300 de Contas do Princípio do Teatro da Casa da Ópera do Bairro Alto (1761-1766), em que figura assente a despesa relativa a «cópia e partes da comédia intitulada O Molière», no valor de 2040 réis, lançada em Junho de 1770. Esta tradução revela proximidade face ao original italiano, a ponto de, por vezes, sacrificar a sintaxe portuguesa em proveito da construção frásica da língua de origem. A intriga apresenta-nos Molière em luta contra todos os que adoptam a hipocrisia como conduta, ou seja, os tartufos, responsáveis ainda pelo sucessivo adiamento da representação da sua comédia Tartuffe ou l’Imposteur. Após várias diligências, e grande perseverança, Molière consegue a necessária autorização do rei Luís XIV, logrando, a posteriori, os louros de um êxito retumbante.
- O Vassalo Mais Fiel no Cerco de GuimarãesPublication . Pinto, IsabelO Vassalo Mais Fiel no Cerco de Guimarães, comédia em verso de autor desconhecido, que aqui obtém edição inaugural, é cópia do escriba profissional António José de Oliveira, no ano de 1796. Contém, para além da comédia assim intitulada, um «Argumento», que esclarece a fonte histórica da intriga: Terceira Parte da Monarquia Lusitana, que contém a História de Portugal desd’o Conde Dom Henrique até todo o reinado del Rei Dom Afonso Henriques, da autoria de António Brandão, impressa em Lisboa, em 1632. Insere-se no contexto mais lato da recuperação do teatro histórico na segunda metade do século XVIII, a par com outros títulos, que lograram ser publicados em avanço: A Glória Lusitana ou A Restauração de Cambre (Lisboa: Oficina de Domingos Gonçalves, 1783); O Ilustríssimo D. Afonso de Albuquerque em Goa (Lisboa: Oficina de António Rodrigues Galhardo, 1784); A Glória de Portugal nas Acções de D. Nuno Álvares Pereira (Lisboa: Oficina de António Gomes, 1790), etc. A intriga recupera o acto temerário de Egas Moniz, aio e secretário de D. Afonso Henriques, ao dispor-se a sacrificar a vida, juntamente com a da família, para cumprir a sua palavra, depois de D. Afonso VII, primo de D. Afonso Henriques, de acordo com o previamente combinado com o próprio Egas Moniz, ter levantado o cerco à cidade de Guimarães, em 1127. A comédia enaltece a figura de um herói que escapa ao pathos pelo elevado empenhamento no interesse colectivo e no desígnio nacional.
- The role of Drawing in Animated FilmsPublication . Kunz, SahraAbstract. Historically, the role of drawing in traditional animation was unequivocal. How has this role been affected or changed by the advent of computer animation, and the increasingly widespread use of digital tools in animation? Can the contemporary animator work exclusively with these digital tools and forego the use of drawing, or are these tools an extension of traditional drawing utensils?
- Ulisses em LisboaPublication . Lusitano, CândidoEsta ópera em três actos, e em verso, da autoria do árcade Cândido Lusitano, e cópia autógrafa de António José de Oliveira, copista profissional de textos de teatro, tem a presidir-lhe a circunstância de um festejo real, o nascimento de Dom José (1761-1788), príncipe da Beira e primogénito de Dona Maria I. No mesmo ano do nascimento, ou seja, em 1761, é publicado este texto laudatório, que surge acompanhado por um argumento inicial, omisso na cópia de António José de Oliveira, e por uma licença final. No âmbito do primeiro, são destacadas como fontes históricas da intriga Monarquia Lusitana, de Frei Bernardo de Brito, e Poema de Lisboa, de Resende. Já a licença é constituída por seis oitavas que enaltecem a importância do feliz nascimento para o futuro da lusitana pátria. Quanto à intriga da ópera, ela recupera o mito da fundação de Lisboa, pondo em primeiro plano a Gorgoris, rei dos lusitanos, também apelado de “O Melícola” por ter iniciado a extracção do mel, circunstância que merece uma cena da ópera, e um conjunto de personagens mitológicas: Aristeu, Ulisses, Calipso, etc. Propondo o heroísmo como panaceia para o mal do (suposto) fraco nascimento do enamorado Tágio, pretendente à mão de Elisa, filha de Gorgoris, o texto acrescenta lustro à história da Lusitânia, pela congregação de esforços heróicos, nomeadamente por parte de Tágio e Ulisses, em torno do estabelecimento de Lisboa. Por outras palavras, à luz deste texto, o nascimento do príncipe Dom José deve ser entendido como a desejada perpetuação do estro luminoso e excepcional que cabe à lusa nação.
- Segunda parte das últimas acções do valeroso capitão ou Tragédia intitulada As constâncias de Belisário na sua maior decadênciaPublication . Marmontel, Jean-FrançoisA peça, em verso, não datada, mas, provavelmente, remontando aos últimos cinco anos do século dezoito, cópia de António José de Oliveira, é uma adaptação para teatro, por autor/tradutor desconhecido, da obra Belisaire, de Jean-François Marmontel, publicada em 1767. No Prefácio, o autor francês assume ter seguido como fonte Procópio de Cesareia, historiador do século VI, para narrar as desventuras do general romano Belisário, às mãos de inimigos inclementes, já na sua velhice. A peça portuguesa que medeia entre a narrativa de Marmontel e a famosa ópera de Gaetano Donizetti, de 1836, começa in media res em relação ao texto de origem, dado que a primeira cena, com Antonina e Eudocha, respectivamente mulher e filha de Belisário, a debaterem-se com a prisão deste último, pertence ao capítulo V da obra francesa. O texto português está incompleto, sendo que, a título de exemplo, nunca assistimos à reunião de Belisário com a sua família no castelo Narbonense; o seu final corresponde a uma cena do capítulo VII em que o imperador Justiniano toma a decisão de se redimir da sentença injusta, cegueira e desterro, que havia feito recair sobre Belisário. Embora a passos a fidelidade ao texto de origem seja acentuada e notória, no todo esta versão portuguesa evidencia uma outra estrutura e ritmo, os de palco. Assim, é de registar um certo aproveitamento das personagens, com o desenvolvimento de umas (Tibério e Doreita, por exemplo) e a introdução de outras (Salácio), e uma dinâmica de acção que expande momentos-chave dos capítulos, aos quais acrescenta outros, que, em última instância, se justificam pela configuração de situações dramáticas mais directamente reconhecíveis pelo público português. Todavia, a singularidade deste texto na galeria setecentista emerge pelo seu carácter político, estando a intriga amorosa nos trinta e um fólios que o compõem reduzida a uma só cena, na qual participam Tibério e Eudocha. Ao invés, o que está em jogo são os ingredientes do poder, os seus processos e implicações, a economia da guerra que, alegadamente, deve apenas servir a paz, o papel do povo na inteireza do reino, e, claro, a condição do herói que perpassa, ilumina e articula todas estas esferas.
- Nova e Verdadeira História do Triunfo da Rainha de VolscoPublication . Silveira, Jerónima Luísa daEste é, a par com Osmia (1790), de Teresa de Mello Breyner (1739-?), condessa de Vimeiro, o único texto da colecção de teatro de António José de Oliveira que sabemos ser obra de uma autora, Jerónima Luísa da Silveira, que chega até nós como ilustre desconhecida. De facto, por ora, nada se sabe sobre a sua biografia ou a textura das suas ligações ao mundo teatral setecentista. Os três actos que compõem a peça, em verso, excedem em incidência o título, pois em lugar de uma heroína, Lavínia, filha de el-rei Latino, trazem-nos duas, havendo a considerar também as peripécias de Camila, filha de Métabo, destituído do seu trono pelo mesmo Latino. Esta fábula é baseada na mitologia romana, sendo que Camila é personagem central no Livro XI da Eneida, de Virgílio, que Jerónima Luísa da Silveira cita no Argumento. A autora faz assim convergir duas fábulas da mitologia para criar a intriga deste drama. Contudo, as narrativas mitológicas são convenientemente adaptadas, sendo, por exemplo, introduzidas personagens de lavra própria (Pernesto, Fávio, etc.). Camila é a figura guerreira que luta pelo seu direito legítimo à coroa de Volsco, valente, destemida e, já perto do fim, quase sanguinária enquanto aparenta a decisão de matar com as próprias mãos o seu amado, Pernesto. Quanto a Lavínia mostra-se inabalável no seu sentimento e afecto por Turno, rei dos Rútulos, senhora de uma constância que desafia até a morte. No todo, é um texto pautado por um arrebatado sentimentalismo, vinculado à temática amorosa, pois até a aguerrida Camila se enamora à primeira vista, enquanto dardeja uma besta fera, e logo do filho do seu contrário. Há suspiros e desvelos em generosa afluência e não falta sequer o condimento das cenas de ciúmes determinadas pela rivalidade feminina. Esta tónica conduz-nos a imaginação pelos intricados caminhos, pelo que até agora comportam de desconhecido, da existência de um público especificamente feminino a considerar no teatro de setecentos.
- Oral microflora and oral diseases in a sample of Portuguese childrenPublication . Gomes, Veronique; Veiga, Nélio; Sousa, Sara; Correia, Maria José
- O Homem VencedorPublication . Goldoni, CarloO Homem Vencedor, comédia em prosa que aqui se edita pela primeira vez, é mais uma cópia de António José de Oliveira, concluída a 16 de Outubro de 1782. No verso da folha de rosto surge a indicação «É de Goldoni e traduzida por A. J. de Paula», que contribui decisivamente para o mistério que envolve este manuscrito. A começar, a letra da indicação não é de António José de Oliveira, mas, ainda assim, coeva da cópia. Ao longo do texto, há emendas e acrescentos consistentemente de outra mão, que parece coincidir com a da indicação. Até à presente data, não foi possível identificar a que original de Goldoni corresponde a comédia portuguesa. Embora os nomes das personagens e certas passagens coincidam com figuras e momentos da galeria goldoniana, a intriga, na íntegra, não encontra correlato na criação do autor italiano. Ao certo sabe-se que na segunda metade do século XVIII Goldoni foi presença assídua nos palcos e prelos portugueses e António José de Paula, o alegado tradutor, efectuou percurso ascensional desde actor no Teatro do Bairro Alto até empresário do Teatro da Rua dos Condes. A comédia apresenta-nos dois irmãos, Florindo e Rosaura, que se opõem constantemente. A uni-los a dificuldade em dominarem-se: Florindo, a paixão por Matilde, e Rosaura, o génio fustigante. O primeiro pretende evitar a qualquer custo que a amada parta, pois o desejo de com ela casar subalterniza-lhe o arbítrio; a segunda teme ser espoliada pelo irmão, pois quer dispor, a curto prazo, de avultado dote, também para casar. A comicidade do texto está do lado feminino, com Rosaura a protagonizar cenas tão arrebatadas quanto hilariantes; em contrapartida, a moral, plasmada no título, está associada a Florindo que, no final, se torna, pela sublimação do desejo, homem esclarecido e vencedor.