Browsing by Author "Pinto, Ana Paula"
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- Ao espelho de A Noite: NarcisoPublication . Pinto, Ana PaulaNarciso garante na Mitologia e Literatura antigas uma aura de enigmática singularidade: algumas alusões esparsas a tradições locais – veiculadas entre outros pelo afã descritivo de Pausânias, Cónon, Filóstrato o Velho e Calístrato o Sofista – e corroboradas aliás pela etimologia antiga do antropónimo, permitem supor como provável que, antes de ocorrer no enquadramento narrativo perfeitamente definido – e mais conhecido – das Metamorfoses de Ovídio, a narrativa já tivesse enraizadas no terreno fértil do imaginário mítico antigo algumas versões controversas. Elas não terão tido, no entanto, ao que podemos concluir pela tradição estético-literária, uma notória projecção na mundividência antiga.Obscuramente associado a outros mitos que com ele comungam traços significativos de amplo espectro simbólico (como o de outros jovens seviciados), chama a atenção, na interpretação do mito, a notação obsidiante, que a intuição dos artistas soube exaustivamente cativar no amplo arco temporal desenhado entre a Antiguidade e os nossos dias, de uma solidão intransitiva do ser diante de si mesmo, isto é, do seu próprio reflexo; a articulação poética proposta por Ovídio entre os infortunados destinos de Eco e Narciso permitirá multiplicar essa solidão numa especularidade refractiva, que convoca simultaneamente a voz e o olhar, enquanto vectores de emissão e recepção, isto é, de comunicação.Partindo do pretexto poético oferecido pelas notações da Literatura Antiga, propomo-nos tentar a hermenêutica dos ecos simbólicos do mito, e da sua peculiar acutilância no enquadramento das modernas tragédias do nosso quotidiano. A esse propósito interessa-nos trazer à colação, na moldura trágica do Holocausto, uma leitura simbólica de A Noite, de Elie Wiesel.
- “Aquiles, figuração da desmesura”Publication . Pinto, Ana PaulaNo enquadramento complexo das figuras heróicas da mitologia greco-latina, Aquiles surge como uma das referências mais relevantes da Antiguidade. Essa excepcional popularidade, que permitiu à personagem sobreviver à erosão do esquecimento e exercer incomparável influência sobre o imaginário, deve-se ao facto de Homero o ter escolhido como protagonista da Ilíada, e ter orientado pela intensidade passional da sua ira o ângulo peculiar de perspectivação da Guerra de Tróia, que a Antiguidade considerava o maior evento histórico da Humanidade. Embora a narrativa da Odisseia se centre já na figura de Ulisses, a dupla evocação do guerreiro da ira súbita, das proezas superlativas, e da obsessão com a honorabilidade, já morto, no Hades, em Od. XI e Od. XXIV, concorre para sublinhar na mensagem poética uma tónica moralizadora muito mais positiva e optimista, que transcende o trágico determinismo da Ilíada. Sabemos que o apelo do herói já se exercia sobre o imaginário grego antes do conhecimento regular e universal da poesia homérica o ter referenciado como paradigma heróico, porque o conjunto da chamada Poesia Cíclica- peculiarmente os Cypria, com o detalhar dos antecedentes da guerra de Tróia, e a Aethiopis, com o elenco dos factos que se seguiam aos funerais de Heitor - oferece muitos dos detalhes tradicionais acerca de Aquiles a que Homero apenas discretamente aludiu. Tomando como ponto de partida os Poemas Homéricos, propomo-nos pois abordar as narrativas da reelaboração poética dos Poemas Cíclicos Troianos, amplamente documentadas ainda nas pinturas cerâmicas do período clássico. Essa perpectiva comparativa nos permitirá, em síntese, propor diferentes modelos de abordagem simbólica à figura heróica de Aquiles.
- Camilo e os clássicos: mais um casamento felizPublication . Pinto, Ana Paula
- Cartografias de exílio: Ulisses rumo a ÍtacaPublication . Pinto, Ana PaulaPrivileging the theme of return, the Odyssey endorses the landscape a fundamental relevance in terms of expression. The exile of Ulysses, who remained absent when all the Greek survivors had already returned, and unknown even in his homeland, will justify the narrative singularity of the work that is articulated in two specular sections. Amidst the work there exist, multiplied within dual structures, spatial references regarding both real and historic spaces, or fantastic and mythical landscapes, where the hero’s itinerancy stages and projects into the individual history of each man a peculiar symbology. Upon these symbolic exile’s landscapes we shall draw our own thoughts and developments.
- Imagery of childhood from the Homeric PoemsPublication . Pinto, Ana PaulaAs the first European literary documents, the Iliad and the Odyssey ensure in the cultural history of the West a unique status, assuming itself since Antiquity as the first foundation of philological and philosophical research, and also as superior literary and artistic model. In the framework of their traditional nature, due to the creative elaboration of generations of aedos, both epics, based on a peculiar technique of production and transmission, articulate in an enigmatic poetic plot threads of mythic narratives and historical realities that modern archaeological investigations confirm. From the poetic testimony of Homer, we will try to analyse the references to childhood. While some occur generically as images of a certain extract of human society, marked by peculiar characteristics, functions and needs, others, supported by peculiar mentions, assume a dramatic functionality in the mythical plot of the two poems, which contributes to their symbolic density. These poetic founding references, plastically reflected in the Greek ceramic art of the classical period, will offer us the pretext not only to better understand the ancient worldview, but also to interpret in it the symbolic expressiveness of the childhood universe.
- In the backlight: Augustus in PlutarchPublication . Pinto, Ana PaulaTrue synthesis of the richest classical tradition between Greek essence and Roman naturalness, Plutarch's work will always show a structural tendency to reconciliation of two changeable worlds. Although cited in the Lamprias's Catalog, the Αὐγούστου Βίος has not survived, and readers only know an indirect portrait of Augustus, in the shade of other historical figures like his predecessor Iulius Caesar, the adversary Antony, or the emulus Alexander. From this diffuse portrait it is however possible to capture the emperor's image and the influence he could exert on the conscience of a colonized.
- A infância nos poemas homéricosPublication . Pinto, Ana PaulaAs the first European literary documents, the Iliad and the Odyssey ensure in the cultural history of the West a unique status: assuming itself since Antiquity as the first foundation of philological and philosophical research, and superior literary and artistic model, and today tended to be interpreted in the framework of slow creative elaboration of generations of aedos, based on a peculiar technique of production and transmission, both articulate in an enigmatic poetic plot, from their traditional nature, threads of mythic narratives and historical realities that modern archaeological investigations confirm. Starting from the poetic pretext offered by the two works, we propose to trace references to the universe of childhood. Some, generic, occur as images of a certain extract from human society, marked by peculiar characteristics, functions and needs. Others, supported by specific mentions of determined children, assume a specific dramatic functionality in the mythical plot of the two poems, which contributes to the peculiar symbolic density of the narrative.
- Migalhas do banquete homéricoPublication . Pinto, Ana PaulaA leitura dos Poemas Homéricos tende a provocar nos leitores a impressão de que a mundividência arcaica conceberia a vida humana como uma permanente itinerância entre dois palcos fundamentais, o das guerras e o dos festins. Atribuindo a cada uma destas esferas distintos pesos, dado o seu peculiar contexto narrativo, cada uma das obras enquadra nestes dois espaços simbólicos a ação dos seus heróis: enquanto a Ilíada detalha como, em Tróia, joguetes do capricho dos deuses, e sobrevivendo com esforço às violentas investidas dos inimigos, os guerreiros buscam sobre “a terra alimentadora” alento na partilha de mantimentos, na Odisseia, depois de reconhecer a cartografia de Ítaca, Ulisses porá fi m ao severo roldas suas tribulações, encerrando com brutal carnificina, no seu próprio palácio, o criminoso festim dos pretendentes de Penélope. Nesta comunicação propomo-nos sobrevoar a riqueza expressiva da temática alimentar na poesia homérica, a partir de múltiplos dos seus ângulos de perspetivação. Partindo da básica abordagem linguística, sem descurar aspetos de natureza histórica, sociológica, e religiosa, procuraremos focalizar na nossa análise com particular atenção a dimensão simbólica, que parece espelhar poeticamente não só a mundividência antiga, consciente, mas também o fluxo inconsciente e perene do imaginário humano sobre o tema.
- A paleta homéricaPublication . Pinto, Ana Paula; Pinto, João Carlos OnofreTendo conquistado desde a Antiguidade o posto de primeiro autor ocidental, Homero continua a merecer, em praticamente todos os âmbitos da mundividência cultural europeia, um espaço referencial de centralidade indisputada. Do ponto de vista expressivo, a leitura da Ilíada e da Odisseia – abarcando quer as componentes mais denotativas da produção linguística, quer as mais conotativas da sua aura simbólica – continua a causar, ao fim de quase três mil anos de reaproximações, a impressão de regresso à inesgotável fonte primordial. A esse título pareceu-nos particularmente sugestivo propor como ângulo de abordagem o pormenor expressivo da notação das cores. Interessa-nos verificar como esta peculiar apreensão sensorial-racional, que perpassa toda a experiência mental humana, surge traduzida na plasticidade poética da língua grega arcaica. Simultaneamente, procuramos perceber como a notação homérica da cor se aproxima ou diverge daquela que, na contemporaneidade, as línguas modernas traduzem, e a investigação e a experimentação estética no âmbito das artes visuais interpretam. É, pois, através da análise circunstanciada dos campos lexicais e semânticos associados às referências de cor, e da transfiguração simbólica do real apreendido que eles operam, que nos propomos tentar a revisitação do poeta – em diálogo com as grandes questões filosóficas e científicas à volta da cor e da visão.
- Para uma história da civilização: a polarização da mesa entre a cidade e o campoPublication . Pinto, Ana PaulaDepois de publicar em 1892 o conto “Civilização”, Eça de Queirós passará os últimos anos da vida empenhado na drástica refundição da breve narrativa numa obra novelística de maior estro, concebida como parte de uma vasta colecção ficcional de narrativas fantasistas curtas. No atormentado processo de recriação, aperfeiçoamento, e sistemáticas emendas, que resultará na publicação póstuma, a narrativa surgirá articulada não só sobre idênticos referentes diegéticos, mas também sobre as mesmas essenciais tese (a da supremacia da civilização sobre a natureza), antítese (o ingresso acidental no espaço da natureza), e síntese (a natureza reconcilia o homem com a vida). Desde o binómio simplificado da trama, entre a desumanização materialista da Cidade-Civilização, e a espiritualidade redentora da Serra-Natureza, ambas as narrativas se enriquecem de excepcionais potencialidades estilístico-simbólicas, para as quais concorrem poderosamente as referências temáticas ao contexto alimentar e gastronómico, já notadas pela crítica literária como motivo obsidiante no imaginário queirosiano. À luz desse peculiar enquadramento expressivo polarizado − dos prazeres da mesa e do enfartamento − pretendemos revisitar comparativamente as narrativas queirosianas “Civilização” e A Cidade e as Serras, sem deixar de, através delas, procurar recuperar as memórias culturais da Antiguidade Clássica e sua pervivência no imaginário simbólico do Ocidente.