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No seu artigo de 2013 «What Does the Comparative Do for Cosmopolitanism», César Domínguez chama a atenção para a relevância do estudo
das «tradições [cosmopolitas] ocultas», como é o caso da tradição literária cigana. Por «cosmopolita», Domínguez entende tradições literárias que são quer
multilingues quer produto de uma comunidade deslocada. Como «ocultas»,
o autor refere-se àquelas atividades cosmopolitas que foram ignoradas pelos
comparatistas, devido à sua falta de «sofisticação».
O presente artigo pretende apresentar um episódio cosmopolita desconhe cido da Literatura Portuguesa, a saber, as atividades literárias dos exilados
absolutistas em Paris depois da Guerra Civil (1828-1834).
Primeiramente, argumentar-se-á que estas atividades se encontram ausentes
das Histórias da Literatura Portuguesa. Obras como Saraiva/Lopes (1997) parecem ter delimitado a figura do exilado oitocentista português a um pequeno
grupo de intelectuais caracterizados por um elevado grau de sofisticação não
só social, mas também (e mais significativamente) político-ideológico. De facto, tal como se pretende demonstrar, o exilado português é tradicionalmente
identificado com o pensador moderno ou, neste caso, o partidário da monar quia constitucional e vencedor da Guerra Civil. Para além disso, cabe relembrar que a noção de «cosmopolita» de finais do século xviii fora desenvolvida
por Immanuel Kant como parte de um projeto para a paz mundial, projeto esse
que tinha como base política a monarquia constitucional (Tihanov). Na segunda parte do artigo, serão analisados dados que permitem apresentar
estes exilados como cosmopolitas, isto é, como envolvidos em atividades,
nomeadamente tradução, que tinham como objetivo salvaguardar o uso da
língua portuguesa em Paris. Importando o conceito de cosmopolitismo, desenvolvido por Michael Cronin, como indissociável do conceito de solidariedade, procurar-se-á demonstrar que as traduções publicadas por estes exila dos formavam parte de projetos mais latos de resistência linguística e cultural.
Concretamente, os exilados absolutistas forneciam à comunidade portuguesa
em Paris: (1) uma literatura traduzida em Português; (2) um estabelecimento
de ensino lusófono; (3) uma Livraria Portugueza que funcionava também como
ponto de encontro
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Keywords
Aillaud Absolutistas Cosmopolitismo Exílio Redes de solidariedade
Pedagogical Context
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Publisher
Universidade Católica Editora