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Le pardon entre memoire et esperance : pour une lecture theologique de Paul Ricoeur

dc.contributor.advisorDuque, João Manuel Correia Rodrigues
dc.contributor.advisorVerstraeten, Johan
dc.contributor.authorBoas, Susana de Sousa Vilas
dc.date.accessioned2022-04-26T02:23:25Z
dc.date.available2024-10-04T00:30:40Z
dc.date.issued2021-10
dc.date.submitted2022-01-22
dc.description.abstractA partir de la pensée de Paul Ricœur sur l'histoire-temps et la mémoire-oubli, nous cherchons à comprendre le sens de l'espérance, non seulement dans une perspective philosophique, mais aussi – et surtout – dans une perspective théologique chrétienne. Nous cherchons ici à comprendre comment il est possible de maintenir une continuité historique et de sauvegarder la mémoire (aussi traumatisante soit-elle) et d'envisager l'avenir avec espérance. La proposition de Paul Ricoeur semble indiquer non seulement une tension insurmontable entre la mémoire et l'oubli qui ne peut être surmontée que par un pardon personnel/humain. Cependant, la vision ricoeurienne du pardon – toujours limité par la contingence humaine – semble entrevoir une certaine impossibilité de garder l'espérance. Ainsi, en articulant la vision de Ricœur avec les perspectives d'autres philosophes, psychologues, sociologues et théologiens, il devient possible d'ouvrir de nouvelles voies et de défendre la thèse selon laquelle seul le pardon, compris dans une perspective chrétienne-théologique, peut être un lien et un chemin de possibilité pour une véritable espérance. Dans cette étude, nous cherchons donc à comprendre les concepts d'histoire-temps et de mémoire-oubli au-delà des perspectives ricoeuriennes, pouvant ainsi comprendre l'ampleur et les implications du pardon pour une continuité historique et pour une espérance au-delà de la contingence et des circonstances terrestres. D'un point de vue théologique, l'espérance et l'histoire se présentent ‘main dans la main’ sous le signe de la promesse et de l'eschatologie, où le pardon est pensé de façon personnelle (entre les êtres humains), sans nier – mais plutôt en incluant – la présence et l'action de Dieu. Dans ce cas, le pardon est présenté, non seulement comme un don offert, mais comme une condition de possibilité du salut humain – une condition marquée par la responsabilité envers l'autre et par une attente qui n'existe pas post mortem, mais dans une continuité entre la vie terrestre et céleste. Ici, l'être humain est compris au-delà de sa biologie et de la vie (son sens ultime) au-delà des fatalismes des circonstances et de ses limites (notamment la limite de la mort), ce qui conduit à comprendre la vie dans un sens ‘non circonscrit’ par la mort. Au contraire, la mort devient un moment naturel de l'existence humaine, qui ne doit en aucun cas effrayer ou faire peur ; elle est plutôt l'ouverture de nouveaux horizons – l'horizon eschatologique qui commence dans la vie terrestre mais ne s'arrête pas avec sa finpt_PT
dc.description.abstractStarting from Paul Ricoeur's thinking on history-time and memory-forgetfulness, we seek to understand the meaning of hope, not only from a philosophical perspective, but also - and above all – from a Christian theological perspective. Here we seek to understand how it is possible to maintain historical continuity and to safeguard memory (however traumatic it may be) and to look forward to the future with hope. Paul Ricoeur's proposal seems to indicate not only an insurmountable tension between memory and forgetting that can only be overcome by personal/human forgiveness. However, the Ricoeurian vision of forgiveness - always limited by human contingency – seems to foresee a certain impossibility of keeping hope. Thus, by articulating Ricoeur's vision with the perspectives of other philosophers, psychologists, sociologists and theologians, it becomes possible to open up new avenues and defend the thesis that only forgiveness, understood in a Christian-theological perspective, can be a link and a path of possibility for true hope. In this study, therefore, we seek to understand the concepts of history-time and memory-forgetting beyond Ricoeurian perspectives, thus being able to understand the scope and implications of forgiveness for a historical continuity and for a hope beyond contingency and earthly circumstances. From a theological point of view, hope and history are presented ‘hand in hand’ under the sign of promise and eschatology, where forgiveness is thought of in a personal way (between human beings), without denying – but rather including – the presence and action of God. In this case, forgiveness is presented not only as a gift offered, but as a condition of possibility of human salvation – a condition marked by responsibility towards the other and by an expectation that does not exist post mortem, but in a continuity between earthly and heavenly life. Here, the human being is understood beyond his or her biology and life (its ultimate meaning) beyond the fatalisms of circumstances and its limits (notably the limit of death), which leads to an understanding of life in a sense ‘uncircumscribed’ by death. Instead, death becomes a natural moment of human existence, which should in no way frighten or scare; rather, it is the opening of new horizons - the eschatological horizon that begins in earthly life but does not end with its terminationpt_PT
dc.description.abstractA partir do pensamento de Paul Ricoeur sobre o história-tempo e a memóriaesquecimento, procura-se compreender o sentido da esperança, não apenas numa perspetiva filosófica, mas também – e sobretudo – numa perspetiva teológica cristã. Procura-se aqui compreender de que modo é possível manter uma continuidade histórica, salvaguardar a memória (por mais traumática que ela seja) e olhar o futuro com esperança (uma esperança capaz de transfigurar o modo de ver o futuro, mas também com poder de iluminar o presente e permitir uma releitura salvífica do passado). De facto, quando a história herdada e aquela que se vive no passado é cheia de sofrimento, torna-se difícil vislumbrar a esperança no futuro e, consequentemente, viver o tempo presente sem que este seja sentido como angústia incessante. 11 A proposta de Paul Ricoeur parece apontar alguns caminhos. Por um lado, a história e o tempo são pensados de um ponto de vista marcadamente ‘profissional/académico’, procurando-se que a reflexão filosófica se alie à história narrada pelos historiados e o tempo associado à cronologia e à calendarização. Por outro lado, a memória e o esquecimento procuram ser pensados para além do sentido proposto pelas ciências (neurociência, psicologia, etc.). Contudo, no momento de se pensar o presente e o tempo futuro, Ricoeur – de um modo mais implícito que explícito – propõe o perdão como possibilidade de olhar o futuro sem fatalismos e sem desesperos. Na visão ricoeuriana, o perdão alia-se à tensão que subsiste sempre entre memória e esquecimento e, não sendo o perdão esquecimento (nada tem a ver com o conceito de amnistia), este – sendo entre humanos – transfigura a realidade humana e torna-se capaz de curar a história. Porém, a perspetiva ricoeuriana de perdão é sempre associada à limitação própria da contingência humana, o que parece fazer vislumbrar uma certa impossibilidade de manter a esperança no sentido mais absoluto do termo. Se é certo que a seu pensamento sobre o conceito de perdão parece travar possiveis espirais de violência, de vingança e de desespero, este, porque não consegue abarcar a totalidade do ser humano parece ficar àquem daquilo que o ser humano poderia ansiar. Assim, Ricoeur procura uma aproximação à teologia para compreender o conceito de perdão e, sobretudo, o conceito de esperança. Esta é uma aproximação que vai oscilando com algumas tensões que Ricoeur expõe, mas que nem sempre consegue resolver, sobretudo quando procura que o perdão e a esperança sejam realidades concretas na vida do ser humano, evitando toda a ambiguidade ou possibilidade de pensar estes conceitos à luz de qualquer abstração utópica (como às vezes lhe parece ser o caso das perspetivas teológicas). Num caminho similar ao de Ricoeur, a leitura teológica que neste estudo é feita, desenvolve-se através da articulação da filosofia ricoeuriana com as perspetivas de outros filósofos, psicólogos, sociólogos e teólogos. Apartir desta articulação, e sob a marca teologicoescatológica, torna-se possível abrir novos caminhos e defender a tese de que, só o perdão, 12 entendido numa perspetiva teológica-cristã, poderá ser elo de ligação e caminho de possibilidade de verdadeira esperança. Neste estudo, procura-se, portanto, compreender os conceitos de história-tempo e de memória-esquecimento para além das perspetivas ricoeurianas, podendo assim, compreender a amplitude e implicações do perdão para uma continuidade histórica e para uma esperança para além da contingência e das circunstâncias terrestres. Na perspetiva teológica, a esperança e a história apresentam-se ‘de mãos dadas’ sob a marca da Promessa e da Escatologia, onde o perdão é pensado de modo pessoal (entre seres humanos), sem negar – mas, antes, incluir, a presença e ação de Deus. Só com Deus como ponto de partida e ponto de chegada do perdão é possível que este seja entendido como ‘sempre primeiro’ e, nesse sentido, incondicional (para além do próprio reconhecimento de culpa e/ou arrependimento). Além disso, só deste modo é possível compreender a responsabilidade salvífica inerente à ação de perdoar : vítima e opressor, pelo acontecimento do perdão, ficam ligadas a um mesmo caminho salvífico – um será sempre co-responsável pela salvação do outro. Neste caso, o perdão apresenta-se, não apenas como dom oferecido, mas como condição de possibilidade para a salvação humana e, consequentemente, por uma esperança que não existe apenas no post mortem (como, por vezes, parece defender Ricoeur), mas numa continuidade entre vida terrestre e celeste. Aqui, o ser humano é entendido para além da sua biologia e a vida (o seu sentido último) para além dos fatalismos das circunstâncias e das suas limitações (nomeadamente a limitação da morte), o que leva a compreender a vida num sentido ‘não circunscrito’ pela morte. Ao contrário, a morte torna-se momento natural da existência humana, que em nada deve assustar ou atemorizar ; antes, é abertura de novos horizontes – o horizonte escatológico que tem início na vida terrena, mas que não termina com o seu fim. Deste ponto de vista, nem os acontecimentos geradores de sofrimento, nem a natureza humana que tem sempre presente a inevitabilidade da morte (seja pela antevisão da morte pessoal, seja pela confrontação com a morte de outros), são obstáculos a uma vida marcada pela esperança. Estes são elementos constituintes da vida e que, de algum modo, fazem parte da 13 consumação da esperança e da Promessa divina. O sofrimento e a morte não são, por isso, entendidos como rutura ou interrupção da vida, mas como continuidade de algo que é maior do que o simples desejo/expectativa humana (espoir) e, consequentemente, como algo que integra a realidade e sentido da existência humana. Apesar da esperança poder ser ameaçada por outros elementos que fazem parte da realidade humana, como a doença e a morte, este estudo procura, através da filosofia ricoeuriana e de perpetivas teológicas sobre a temática, compreender de que modo a esperança pode ser vivida sem fatalismos de maneira a que seja ela a imperar e alimentar as relações interpessoais e a identidade humana, impedindo que a vida seja pautada pelo vazio existencial e/ou por qualquer tipo de resignação onde a pessoa (o sujeito em si e aqueles que o circundam) percam ‘valor’. Neste sentido, ao compreender a esperança sempre sob a marca escatológica, e o perdão sob a marca do humano-divino, torna-se possível ir para além da compreensão ricoeuriana sobre estes conceitos e ultrapassar as dificuldades trazidas pela tensão intransponível entre memória e esquecimento. De facto, porque o perdão é total e absoluto, torna-se capaz de incidir na história e curar a história, não apenas das vítimas e dos seus opressores, mas de toda a comunidade humana (sobretudo quando falamos de crimes de larga escala em que, muitas vezes, as vítimas já morreram e, por isso, são incapazes de oferecer o perdão). Trata-se de um perdão libertador que nada perde da sua incondicionalidade ao associar-se ao conceito de reconciliação – lá onde se extinguiu a possibilidade de relação/encontro entre vítimas e opressores, só Deus pode perdoar ; mas desse perdão deriva a possibilidade (a exigência) de um caminho de reconciliação entre os herdeiros dos acontecimentos criminosos. De facto, e ao contrário do defendido por Ricoeur, a reconciliação surge como consequência imediata do perdão (cujo primado acontece em Deus). Neste caso, o esquecimento nunca se torna apelativo nem a memória obstaculizadora do perdão. Do mesmo modo, a esperança ganha, pelo perdão, nova amplitude : ela não visa apenas o futuro, mas tem incidência também no presente e no passado, na medida em que, por ela – e nela – é possível reler os acontecimentos segundo uma perspetiva escatológica, indo para além do fatalismo da factualidade.pt_PT
dc.identifier.tid101637098
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10400.14/37359
dc.language.isofrapt_PT
dc.titleLe pardon entre memoire et esperance : pour une lecture theologique de Paul Ricoeurpt_PT
dc.typedoctoral thesis
dspace.entity.typePublication
person.familyNameVilas Boas
person.givenNameSusana
person.identifier.ciencia-id4618-DE30-311E
person.identifier.orcid0000-0002-9937-4226
rcaap.rightsopenAccesspt_PT
rcaap.typedoctoralThesispt_PT
relation.isAuthorOfPublicationfc0f3ee2-dced-4b4e-bc91-bb191ad17c59
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thesis.degree.nameDoutoramento em Teologia

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