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Poéticas da Imperfeição é uma reflexão sobre os modos como a autoria, e suas diversas
figurações, é construída na narrativa histórica de Walter Scott (1771-1832) e depois
traduzida por um intelectual português contemporâneo do autor, André Joaquim
Ramalho e Sousa (1790-1857). A tese procura descrever os trânsitos europeus de
produção, circulação e tradução de literatura na primeira metade de Oitocentos, a partir
do caso do mais famoso escritor da época: Walter Scott.
O estudo — que se desenvolve em díptico, porquanto parte do pressuposto de que a
tradução de literatura resulta de um diálogo transsubjectivo e transtextual — pretende
iluminar aspectos menos evidentes da tessitura narrativa dos Waverley novels (1814-
-1833), entre os quais avulta a questão da autoria: entre 1814 e 1827, os diversos romances
da série são publicados anonimamente e atribuídos, em patamares paratextuais, a
numerosas figuras ficcionais. Indaga-se a natureza da autoria assim encenada e, no
momento seguinte (segunda tábua do díptico), as imagens inversas, em espelho, que as
traduções produzem desse processo de des/construção autoral num contexto muito
diverso, ainda que temporalmente próximo.
Os dois lados do díptico pressupõem, à vez, três passos: ARQUEOLOGIA — escavação, busca
de traços de (trad)autorias perdidas —, CONTEXTUALIZAÇÃO — integração dos vestígios nas
possibilidades do tempo e do espaço — e INTERPRETAÇÃO — encadeamento narrativo que
procura dilucidar processos e projectos, concepções culturalmente determinadas de
«literatura» e «tradução», «inovação» e «memória do sistema».
Sendo uma tese em história da tradução, impõe-se que seja metodologicamente ágil,
cruzando os processos próprios dos estudos de tradução comos de áreas do saber afins e
importando conceitos e práticas dos estudos de cultura, da historiografia, dos estudos
literários (teoria da narrativa e narratologia, estética da recepção e história literária), da
sociologia da leitura e do livro.
Pelas razões aduzidas, este é umtexto que espelha e estuda fronteiras e a sua transgressão,
sejam elas sistémicas, narratológicas, linguísticas ou culturais. Daí que, em termos
metodológicos, se assuma como projecto intrinsecamente pluri e transdisciplinar. Daí que
se alicerce, estruturalmente, numa narrativa plural.
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Keywords
Estudos de tradução História da tradução Teoria da narrativa Walter Scott Autoria Ramalho e Sousa Tradução literária