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Pinto, Ana Paula Figueiredo

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  • Politropia e itinerância: Ulisses e o final da idade heróica
    Publication . Pinto, Ana Paula
    A pretexto da tensão phýsis/nómos, propusemo-nos revisitar, pela experiência de politropia de Ulisses, a peculiar mundividência homérica; contrastamos a esfera poética da Odisseia com os testemunhos cíclicos da Telegonia, onde as últimas aventuras e a morte de Ulisses ocorrem como prelúdio para o final da idade heróica.
  • Migalhas do banquete homérico
    Publication . Pinto, Ana Paula
    A leitura dos Poemas Homéricos tende a provocar nos leitores a impressão de que a mundividência arcaica conceberia a vida humana como uma permanente itinerância entre dois palcos fundamentais, o das guerras e o dos festins. Atribuindo a cada uma destas esferas distintos pesos, dado o seu peculiar contexto narrativo, cada uma das obras enquadra nestes dois espaços simbólicos a ação dos seus heróis: enquanto a Ilíada detalha como, em Tróia, joguetes do capricho dos deuses, e sobrevivendo com esforço às violentas investidas dos inimigos, os guerreiros buscam sobre “a terra alimentadora” alento na partilha de mantimentos, na Odisseia, depois de reconhecer a cartografia de Ítaca, Ulisses porá fi m ao severo roldas suas tribulações, encerrando com brutal carnificina, no seu próprio palácio, o criminoso festim dos pretendentes de Penélope. Nesta comunicação propomo-nos sobrevoar a riqueza expressiva da temática alimentar na poesia homérica, a partir de múltiplos dos seus ângulos de perspetivação. Partindo da básica abordagem linguística, sem descurar aspetos de natureza histórica, sociológica, e religiosa, procuraremos focalizar na nossa análise com particular atenção a dimensão simbólica, que parece espelhar poeticamente não só a mundividência antiga, consciente, mas também o fluxo inconsciente e perene do imaginário humano sobre o tema.
  • In the backlight: Augustus in Plutarch
    Publication . Pinto, Ana Paula
    True synthesis of the richest classical tradition between Greek essence and Roman naturalness, Plutarch's work will always show a structural tendency to reconciliation of two changeable worlds. Although cited in the Lamprias's Catalog, the Αὐγούστου Βίος has not survived, and readers only know an indirect portrait of Augustus, in the shade of other historical figures like his predecessor Iulius Caesar, the adversary Antony, or the emulus Alexander. From this diffuse portrait it is however possible to capture the emperor's image and the influence he could exert on the conscience of a colonized.
  • A infância nos poemas homéricos
    Publication . Pinto, Ana Paula
    As the first European literary documents, the Iliad and the Odyssey ensure in the cultural history of the West a unique status: assuming itself since Antiquity as the first foundation of philological and philosophical research, and superior literary and artistic model, and today tended to be interpreted in the framework of slow creative elaboration of generations of aedos, based on a peculiar technique of production and transmission, both articulate in an enigmatic poetic plot, from their traditional nature, threads of mythic narratives and historical realities that modern archaeological investigations confirm. Starting from the poetic pretext offered by the two works, we propose to trace references to the universe of childhood. Some, generic, occur as images of a certain extract from human society, marked by peculiar characteristics, functions and needs. Others, supported by specific mentions of determined children, assume a specific dramatic functionality in the mythical plot of the two poems, which contributes to the peculiar symbolic density of the narrative.
  • O recado do Morro: profecia e redenção
    Publication . Pinto, Ana Paula
    Inscrita no referente espacial da paisagem sertaneja, a narrativa ficcional de “O Recado do Morro”, de João Guimarães Rosa, fundamenta a sua articulação diegética no mitema nuclear da viagem. A partir da circunstância concreta de uma deslocação, num indefenido “julho-agosto” (11), de uma comitiva de cinco homens (o guia pedestre Pedro Orósio, três patrões, seo Alquiste, Frei Sinfrão, e seo Jujuca do Açude, e o cavaleiro Ivo da Tia Merência), desde os “fundos do município”, em Cordisburgo, pelas coordenadas agrestes do sertão, o mote da travessia oferecerá pretexto para se poetar a íntima itinerância do homem pela cartografia mágica do retorno a si mesmo. Filtrado pelo ângulo subjectivíssimo da perspectivação narrativa, sobressairá neste enquadramento expressivo, pela intensidade da sua mensagem profética, a instância sobrenatural da voz do Morro das Garças; transmitida por uma galeria muito ampla de outros actantes dramáticos, numa sequência simbólica de sete ecos distorcivos, a ela cabe preparar projectivamente os momentos de progressão da intriga, e enunciar obliquamente os sinais do castigo e da redenção do herói. A fundamentação simbólica do conto instaura-se sobre uma complexa rede de referências intertextuais, onde podem reconhecer-se muito ecos das tradições literárias greco-latina e bíblica. É, pois, a hermenêutica desses ecos poéticos que nos propomos fazer com esta comunicação.
  • Ecos clássicos na recriação literária da identidade: o projecto Fradique Mendes
    Publication . Pinto, Ana Paula F.
    Fradique Mendes detém na ficção queirosiana um estatuto muito peculiar, que se aproxima tangencialmente, no enquadramento da moderna investigação literária, do complexo fenómeno da heteronímia. Passando, na sua gestação literária, por diferentes fases, a figura acabará por surgir à perplexidade dos leitores como um desconcertante exercício de recriação literária de identidade, onde se cruzam, ambiguamente, desígnios doutrinais e motivações inconscientes. Muito revelador nos parece, neste reelaborar transfigurador de uma alteridade artística idealmente planeada, a presença obsidiante de ecos da cultura clássica greco-latina, quer se trate de meras alusões a entidades mítico-literárias, quer menções mais estruturadas a referentes históricos, ou a personalidades da cultura e das artes. Tomando por critério as numerosas referências clássicas explicitadas em A Correspondência de Fradique Mendes, quer no espaço narrativo do relato memorialístico do biógrafo, quer nos exercícios epistolográficos da figura ficcional Carlos Fradique Mendes, propomo-nos esclarecer a importância relativa que assumiriam para o autor, na conformação de um modelo exemplar de personalidade, os modelos da Antiguidade Clássica.
  • Ultraje, exílio e salvação: Filoctetes e José do Egipto
    Publication . Pinto, Ana Paula
    A imagem de Filoctetes, sustentada nuclearmente pelo testemunho trágico de Sófocles, atravessa obsessivamente toda a Literatura Grega, no amplo arco temporal que vai desde a aurora original, com os Poemas Homéricos, ao ocaso, no séc. IX, com Fócio de Constantinopla. Arrastado do conforto da pátria pelo dever aristocrático de defender a honra dos pares, ferido pelos deuses e pela deslealdade dos companheiros, ele é obrigado a viver a condição excepcional de um exílio maior, que se confunde com a própria morte, isolado em Lemnos, até que sinais proféticos manifestem aos aqueus a exigência da sua pacificação e reintegração para a solução definitiva do conflito armado em Tróia. Também na narrativa bíblica do Génesis (37 sqq), integrado numa história genealógica de traições familiares, a José, o filho preferido de Jacob, vítima do ressentimento dos irmãos, e forçado a assumir o exílio (simbolicamente vivido como orfandade e luto por ele e pela famíla), longe da casa e do amor paterno, caberá por desígnio divino a salvação dos que o ultrajaram. É, pois, no enquadramento de uma tipologia mítica comum, apoiada em mitemas afins (como o do ultraje e do exílio) e estruturas ficcionais similares, que nos propomos fazer a leitura simbólica do tema da culpa e da salvação presente em ambas as narrativas.
  • Poetizar as fronteiras: Homero
    Publication . Pinto, Ana Paula
    Os Poemas Homéricos, incomparáveis referentes de cultura desde a Antigui-dade, concentram a sua força expressiva na temática da transgressão de fronteiras: na Ilíada, abandonada a pátria, os Gregos acampam muito tempo diante das muralhas inex-pugnáveis de uma nação estranha, a impor a sua determinação de vingança; na Odisseia desse limiar funesto da barbárie errará Ulisses pelos confins da terra, até vir a impor a paz, armado, no umbral da sua casa. Somando referências lexicais, narrativas e míticas, uma densa rede de significações simbólicas traduz a metaforização da itinerância em conflito — e das fronteiras.