Browsing by Author "Ferreira, Teresa Jorge"
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- Ao espelho: autorretrato de Ana HatherlyPublication . Ferreira, Teresa JorgeNeste artigo, apresenta-se uma leitura da composição poética “Auto-retrato” de Ana Hatherly (A idade da escrita, 1998), que define “o [seu] retrato” como “lúcido espelho”. Analisando a estrutura tríptica de “Auto-retrato”, integrativa de um soneto da autora e de dois sonetos de poetisas barrocas dos séculos XVII e XVIII, e explorando a tradição associada às expressões “Este que vês” e “oculto”, três vezes repetidas no soneto de Hatherly, observa-se que a autora enceta um intenso diálogo com outras vozes para afirmar a sua arte poética. “Auto-retrato” experimenta o difícil jogo da recriação-recreação promovido por Hatherly na sua obra.
- Autobiografia e autorretrato em Adília Lopes: “reduzir ao absurdo"Publication . Ferreira, Teresa JorgeEste artigo propõe uma reflexão sobre certos aspetos da escrita autobiográfica e autorretratística a partir da leitura dos poemas “Autobiografia sumária de Adília Lopes” e “Self-portrait” de Adília Lopes. A par da análise destes textos poéticos, discutem-se sobretudo formulações de Philippe Lejeune, Georges Gusdorf e Michel Beaujour, dialogando com alguma bibliografia sobre a obra adiliana. Sugere-se que a poesia de Adília Lopes desafia os postulados autobiográficos, ainda que não os rejeite, num trabalho persistente de “[r]eduzir ao absurdo”.
- O autorretrato possível de Ruy BeloPublication . Ferreira, Teresa JorgeO poeta português Ruy Belo escreveu grande parte da sua obra durante a longa ditadura do Estado Novo. Esta obra é marcada por uma profunda busca existencial impregnada de desencanto em relação à realidade política e social portuguesa, na qual a censura afeta a consciência individual. É fora de Portugal que Ruy Belo escreve, ainda antes do fim da ditadura, o poema a que deu o título “Auto-retrato” e que apenas foi publicado postumamente. Confrontando este texto com “Nota do autor”, de País Possível, destaca-se a relevância de “Auto-retrato” no trabalho poético beliano, pela síntese de tópicos fundamentais desta obra.
- Autorretrato: no dicionário, na arte, na poesiaPublication . Ferreira, Teresa JorgeAo estudar o autorretrato na poesia, um dos aspetos mais relevantes é a pesquisa dos sentidos da própria palavra “autorretrato” (anteriormente, auto-retrato”) e das formas como o vocábulo é apresentado nas obras poéticas. Este artigo reflete sobre as aceções contempladas na dicionarização do termo, ao mesmo tempo que explora a história da prática autorretratística. Verifica-se que, na linha de uma tradição antiga, é no século XX que a palavra “autorretrato” inicia e expande a sua presença na poesia portuguesa e também de língua portuguesa, na mesma altura em que é dicionarizada.
- O feedback aluno-professor como ferramenta para a criação de materiais de PLEPublication . Pimenta, Carlota; Brogueira, João; Ferreira, Teresa Jorge
- A lente incerta da poesia: Herberto Helder e Fernando LemosPublication . Ferreira, Teresa JorgeA obra de Herberto Helder tem contribuído para pensar sobre a relação entre a poesia e as outras artes, como a fotografia e o cinema. Este artigo explora uma via possível dessa relação a partir do poema “Retratíssimo ou narração de um homem depois de maio”, estendendo a leitura do texto herbertiano a uma obra fotográfica, o autorretrato “Eu poeta ”, de Fernando Lemos. Considerando que Helder apresenta um “Retratoblíquo” no qual inclui a expressão “Julgo ser eu”, preconizando a incerteza figurativa do poema, propõe-se uma ampliação da obliquidade do autorretrato poético para mostrar que a ambiguidade au- torretratística pode sugerir o cruzamento de diferentes objetos artísticos aos olhos do leitor.
- A paisagem e a saudade: convergências na representação de Portugal e do eu na poesia de Teixeira de PascoaesPublication . Ferreira, Teresa JorgeTeixeira de Pascoaes foi um dos grandes pensadores da identidade nacional portuguesa no século XX, com uma obra vasta que incluiu, além da poesia, artigos, ensaios, conferências, textos críticos, entre outros. Numa linha de «patriotismo mítico», Pascoaes propôs que a saudade fosse elevada a bandeira do movimento da Renascença Portuguesa, procurando uma rutura com o passado monárquico e decadente das décadas anteriores e com a exagerada influência estrangeira. Portugal foi o centro da produção em prosa de Pascoaes. No entanto, na sua poesia, as referências explícitas a Portugal são escassas e é muito mais evidente o lugar ocupado pelo eu. Há, no lirismo de Pascoaes, uma profunda busca da identidade. Pretende‑se com este estudo mostrar que esta pesquisa identitária não é apenas individual, mas também nacional. Por meio de duas linhas – a paisagem e a saudade –, Pascoaes transforma uma poesia sobre o eu numa poesia sobre o ser português. Aproveitando a ideia de que o poeta é um intérprete privilegiado dos mistérios da natureza, o eu do poeta identifica‑se com a paisagem da sua terra natal contemplada da janela, que, por sua vez, representa a paisagem nacional. Na linha do seu panteísmo espiritualista, Pascoaes considera que essa paisagem tem uma «alma» feita de saudade, tal como a «alma» do povo, tal como a «alma» do eu. Pode assim verificar‑se que a poesia de Pascoaes, mediante variados recursos estilísticos, mistura a construção do eu com a construção da identidade nacional.