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Abstract(s)
A solidariedade entre gerações é vivida em contexto familiar e de relações de proximidade por meio da educação e socialização. Atualmente, a longevidade conquistada pode permitir maior convívio entre as diferentes gerações, o que possibilita preservar, nos jovens, a integridade da memória das diferentes gerações, bem como, o reconhecimento dos contributos de pessoas adultas mais velhas. No entanto, muitas vezes tomados como adquiridos, os relacionamentos entre pessoas de gerações diferentes, designadamente, entre netos e avós, são um fenómeno cada vez mais complexo. Uma série de mudanças e transformações sociais e culturais vieram alterar profundamente os modelos relacionais familiares, associadas, entre outras razões, a processos de integração em respostas sociais de caráter definitivo de pessoas mais velhas, assim como de distanciamento físico e emocional que explicam, em parte, fenómenos sociais mais vastos, entre os quais a "destradicionalização" e a perda de sentido de passado e de memória na família, no plano intergeracional. Esta comunicação resulta de um estudo em curso, com estudantes de ensino superior em Portugal, entre os 18 e os 30 anos. Procura-se através da aplicação de questionários, identificar o tempo dado e retribuído entre gerações, bem como as memórias e a convivência estabelecida. Assim, este estudo, pretende responder às seguintes questões: Como é vivido e interpretado o tempo dado/retribuído entre avós e netos? Que memória gera este tempo partilhado? Como preservam, 34 perpetuam e esperam transmitir a futuras gerações as memórias partilhadas? Com alicerce em diversas abordagens teóricas, ancoradas no debate acerca das formas de solidariedade e relações intergeracionais, exploram-se algumas variações significativas relacionadas com os contextos de vida, assim como as estratégias utilizadas pelos jovens de modo a preservarem esses laços, aludindo à crescente dificuldade das famílias manterem as relações entre avós e netos e de estes disporem de tempo e de recursos que permitam a continuidade e a alimentação destas relações.