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Abstract(s)
A relação entre médico e pessoa doente deve ser o encontro entre a autonomia
e a confiança da pessoa com a solicitude e a competência do médico. A autonomia da
pessoa doente é o ponto de partida permanentemente subjacente a esta relação. A
manutenção ou restauração da autonomia é um objectivo terapêutico, a par da cura.
Para isso o médico deve informar a pessoa, procurar o seu assentimento, partilhar com
ela a decisão, envolvê-la na gestão e na prestação dos cuidados de saúde a si própria.
A autonomia da pessoa é um meio para que a pessoa possa ser a auto realização do
seu projecto, meta da vida pessoal, para uma autonomia maior.
A solicitude do médico, como obrigação proactiva à relação, caracteriza o ser
médico enquanto profissão para a pessoa doente. Esta obrigação é uma
responsabilidade prévia e irrecusável do médico.
O médico predispõe a sua competência, quer técnica e científica, quer relacional,
como comunicação e relação afectiva para cuidar e curar a pessoa doente.
Entretanto o médico, reconhecendo a autonomia da pessoa, age de acordo com
a sua responsabilidade e consciência profissional. Estas foram algumas das conclusões
obtidas no estudo da opinião de um grupo de médicos, sobre a sua prática e o que
pensam sobre o relacionamento entre médico e pessoa doente.
A abordagem da pessoa doente pode ser biomecânica, centrada no médico,
noutros profissionais ou no sistema de saúde, correspondente ao que é convencional,
ou em alternativa, uma abordagem biopsicosocial, centrada na pessoa doente,
nomeada como personalista. Esta última incorpora o reconhecimento e a valorização
da autonomia da pessoa.
Foi concebido um modelo de aplicação desta abordagem a pessoas com doença
renal crónica em programa regular de hemodiálise, como população dependente com
necessidades acrescidas e específicas de autonomia.
Este modelo, baseado na autonomia da pessoa, tendo como objectivo o seu
envolvimento nos cuidados de saúde e a sua realização existencial, assenta na
elaboração de um conjunto de protocolos de aplicação contínua e sistemática que abrangem as diferentes áreas de assistência e os diversos sectores profissionais que apoiam a pessoa integrada naquela terapêutica substitutiva.
Ao fim de um ano de aplicação, foi feita a avaliação dos resultados demográficos, clínicos, biológicos e de satisfação das pessoas submetidas a este modelo. Simultaneamente foi feita a mesma avaliação a uma população idêntica mas sujeita ao modelo convencional.
A comparação dos resultados destes dois modelos, mostrou que com a aplicação do modelo personalista é obtida melhor satisfação e confiança da pessoa doente no seu médico do que na abordagem convencional, daí podendo resultar maior eficiência.
O modelo personalista surge assim como paradigma da relação entre médico e pessoa doente.