Loading...
8 results
Search Results
Now showing 1 - 8 of 8
- Hermenêuticas do feminino: por um esforço arqueológico e interdisciplinar para a recuperação da contribuição feminina no campo da cultura e da religiãoPublication . Bartolomei, Teresa; Mariani, Ceci Maria Costa Baptista; Candiotto, Jaci de Fátima Souza; Almendra, Luísa Maria
- Fátima, a fábula mística e o papel da literaturaPublication . Bartolomei, TeresaA leitura da produção literária relacionada com o tópico Fátima, publicada em Portugal entre 2015 e 2017, em ocasião dos 100 anos dos acontecimentos na Cova da Iria, oferece a oportunidade de refletir sobre o papel do dispositivo literário no seio do discurso eclesial, evidenciando que ele é tanto mais espiritualmente e sapiencialmente eficaz, quanto mais autónomo na sua racionalidade estética. Afirmando-se como um dos possíveis vetores expressivos da conversão simbólica da visão em aparição (no sentido hermenêutico do termo), a palavra poética resulta especialmente recetiva em relação à dimensão mística que constitui o segredo guardado em Fátima e que institui a sua força de atração para tantas almas, crentes ou não. Uma curta panorâmica analítica das obras lidas encerra a reflexão.
- As comunidades: memória viva das democraciasPublication . Bartolomei, TeresaA democracia não se mantém e não se regenera sem um ethos público amplamente partilhado que dá vida a regras e instituições no corpo de uma cultura política, dá coesão social e dá responsabilidade pessoal e coletiva. O ethos público não se mantém e não se regenera fora de tradições culturais, religiosas e axiológicas em que se transmitem e se reproduzem códigos simbólicos e identitários eficazes a nível individual e coletivo. As tradições não se mantêm e não se regeneram apenas em termos de processamento individual, precisando de comunidades de práticas, – epistémicas, de valores, de crença - para se instalar socialmente. A tensão entre o pluralismo axiológico e cultural de que as comunidades são portadoras e a convergência num ethos comum, necessária à democracia, é discutida neste artigo à luz da força universalizadora do princípio de inclusão, como critério de legitimação da pertença comunitária, que filtra normativamente critérios axiológicos inerentes às tradições, incompatíveis com a função social de inclusão. Com o princípio de inclusão, como expressão comunitária da noção fundadora da dignidade humana que complementa a sua formulação no plano individual, temos uma categoria básica adicional de articulação da diferença e a necessária interação entre critérios de legitimidade definidos pela comunidade política (as leis) e os critérios de legitimidade definidos pelas comunidades religiosas, epistémicas, valoriais. Na peça de Sófocles, Antígona, encontramos um testemunho tão antigo quão atual do necessário mútuo reconhecimento entre estas duas ordens de legitimidade, cuja contraposição leva à tragédia da pública desordem ética e à crise da democracia
- Mulher, este é o teu emblema da vergonha: quando a mulher é objeto mas não co-sujeito da jurisdição social e religiosaPublication . Bartolomei, TeresaNathaniel Hawthorne’s The Scarlet Letter (1850) exposes the existentially destructiveconsequences of a patriarchal society and a clerical Church in which women are expelled from the public space as a normative subject and recipient and accepted into it solely as subject to (and eventually as transgressor of) a normativity established exclusively by man. This inequality is, however, not only detrimental to the social condition of women, but also to the general self-understanding of society and men in particular, by depriving their ethical, legal and religious elaboration of the hermeneutic resources peculiar to the female experience (especially that of maternity). The judicial constellation of norm, transgression, condemnation and punishment, ideologically overlaps the religious interpretation of guilt from the Christian point of view, making the evangelical constellation of commandment, sin, conversion and forgiveness incomprehensible, as well as the difference between punishment and expiation. Only in the ‘maternal’ perspective oriented towards the future which is generated by love and the assumption of responsibility towards the humanly ‘given to light’, does the openness to the gratuitousness of God’s redemptive love, whose justice is force of salvation and not of perdition, arise. This difference in perspective has relevant consequences on family morality, particularly in relation to remarried divorcees. In the behavior of the priest co-protagonist of the novel, of public concealment of his own guilt and of irresponsibility towards the individuals involved in it (the former lover and his daughter), the patriarchal mechanism of ‘clerical exceptionalism’ that is still diffused within the Church and is the basis of the morally wrong and historically bankrupt management of the phenomenon of abuse of minors and vulnerable people is exposed.
- Redenção e deformidade: a poética do estranhamento como discurso teológico da modernidadePublication . Bartolomei, TeresaO processo psicológico da identificação emocional com o herói é o paradigma domi-nante da civilização literária ocidental desde a sua descrição na Poética de Aristóteles como mecanismo básico da receção da obra por parte do leitor/espetador, e a sua adoção como vetor primário daquela edificação moral prezada na antiguidade clássica e na tradição cristã como função antropológica essencial da literatura.Gesto fundador da modernidade literária a partir, pelo menos, do fim do século XIX, numa inovação que seria teorizada sistematicamente na dramaturgia do estranhamento de Bertolt Brecht, a rutura com este paradig-ma implica uma mudança radical não apenas do discurso antropológico veiculado pela lite-ratura e da interpretação do seu papel como agente moral, mas também do discurso te-ológico por ela implícita ou explicitamente desenvolvido. Com referência final à obra de duas escritoras símbolo desta evolução como Flannery O Connor e Clarice Lispector, focalizar-se-á o núcleo teológico da poética do estranhamento, de desativação da identificação empática com o protagonista: é através da intolerável, repugnante, deformidade (moral e estéti-ca) do ser humano que a redenção se manifesta como ocorrência, imprevisível e humanamente impossível, da Graça, como abismo incompreensível em que a transcendência se abre caminho, derrubando todo o raciocínio, toda a expetati-va, toda a lógica. Porque a redenção é Graça, não Lei.
- A serpente e o bezerro: a idolatria como patologia simbólica. Um ponto de vista bíblicoPublication . Bartolomei, TeresaA perspetiva bíblica sobre o estatuto epistemológico e ético do simbolismo mimético e da sua pertinência – e impertinência – artística e religiosa é discutida a partir da análise cruzada de duas narrativas maiores do Pentateuco (adoração do bezerro de ouro [Ex 32: 1‑20; Dt 9: 15‑29] e exibição da serpente de bronze [Nr 21: 4‑10]). Ao descartar como reducionista a contraposição tradicional entre iconoclastia judaica e iconofilia cristã, evidencia‑se que o tabu bíblico das imagens do divino não é recusa absoluta do mimetismo (como conversão analógica dos conteúdos da experiência na sua representação), mas condenação da sua degeneração idolátrica (que ocorre no caso do mimetismo fetichista, pseudodenotativo, incapaz de distinguir entre significado e referente, entre conteúdo semântico e realidade) e mitológica (na sua assunção como discurso exclusivo e totalizador, substitutivo do saber teorético da verdade). O artigo apresenta os seguintes traços fundamentais da significação simbólica reconstruídos pelo texto bíblico, que a reflexão teológica pode implementar como critérios vinculantes de escrutínio do simbolismo religioso e artístico, num exercício crítico‑hermenêutico valioso, não apenas para a experiência de fé mas também para a autocompreensão das artes: complementaridade de imagem e rito (conexão semanticamente vinculante da representação mimética e do seu efeito performativo); articulação do simbolismo como estratégia de descentralização da experiência originária e diferenciação crítica do lugar do sujeito na sua finitude; inconsistência epistemológica e ética da idolatria (como infidelidade por parte da experiência religiosa e artística à «santidade» do próprio objeto, à mútua transcendência de real e sujeito).
- Radix, matrix. Community belonging and the ecclesial form of universalistic communitarismPublication . Bartolomei, TeresaCitizenship can be a central category for rebuilding and renewing democracy, since it best compounds a liberal recognition of the primacy of individual rights with a recognition of the Republican duties generated by belonging to a political community. How to combine, however, the universalizing dynamics of individual rights with the particularistic dynamics typical of the responsibility-bond of communitarian traditions? To get out of this paralyzing divarication, it may be useful to resort to a notion of “community belonging” as a factor of inclusive and emancipatory universalization, not of exclusive and regressive particularism. This notion finds one of its strongest ideal and historical expressions in Christian ecclesiality. An exegetical and theological reconstruction of the process of self-definition in which particular communities have united as a single community in the early Church can be of great help in focusing questions, answers, possible solutions and difficulties of the current process of internal and external integration of national societies in relation to internal divisive tendencies and processes of undifferentiated external assimilation.
- Crise da educação como crise da razão públicaPublication . Bartolomei, TeresaO texto questiona se a crise da educação (isto é, do Pacto Educativo, na formulação dada pelo magistério pontifício) deve ser considerada como um aspeto constitutivo da crise da tradição que caracteriza, em geral, as sociedades de massa contemporâneas. Nenhuma resposta setorial de carácter exclusivamente pedagógico, por mais bem intencionada e reflexivamente bem elaborada que seja, pode ultrapassar o impasse no processo de transmissão transgeracional de códigos culturais - éticos e simbólicos - que se tem vindo a registar, cada vez mais, em todo o mundo. Para encontrar uma solução é antes necessário identificar as causas da atual crise generalizada da razão pública, isto é, as causas da desconfiança no poder normativo da racionalidade, e trabalhar no sentido da sua reconstrução, procurando evidenciar e corrigir o papel culturalmente distorcivo do primado funcional da racionalidade técnico-produtiva, inerente à própria modernidade enquanto tradição ainda preponderante a nível global. A descontinuidade com as autocontradições da modernidade torna-se assim a condição para salvar o seu núcleo normativo e, a partir da esfera educativa, reabilitar uma razão pública, uma razão intersubjetivamente vinculante de sentido, sem a qual não pode haver convivência livre, justa e pacífica.