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- Enredar a morte : assassinatos digitalizados no Brasil dos anos 2010Publication . Cardoso, Eduardo Prado; Gil, Isabel Maria de Oliveira CapeloaEsta dissertação tem como objetivo investigar as relações entre representações de assassinatos e a internet no Brasil, posicionando, em particular, crimes da década de 2010 como eventos culturais que remedeiam linguagens e práticas estabelecidas (nomeadamente dos mundos da imprensa, da música, do cinema e da televisão) como forma de confrontar desigualdades ou heranças de imaginários violentos. Como hipótese geral, questiona-se se, em função da digitalização promovida pelas indústrias culturais, o legado moderno das narrativas de violência apresenta continuidades. Através de uma análise sobre como a crítica da modernidade tardia teorizou as indústrias culturais latino-americanas e os modos pelos quais o Brasil produziu e reproduziu crimes em tempos de globalização, é revisitada a produção acadêmica sobre a modernidade tardia para ligar casos de homicídio mediados pelo YouTube e Facebook a transformações sociotecnológicas mais amplas. Teriam as práticas nos ambientes digitais desafiado comunicações hierárquicas, ou perpetuado estratificações de longa data? Ademais, a investigação pretende localizar especificidades sobre o caso brasileiro no período, e compreender o que poderiam ser peculiares engrenagens a envolver crime e cultura, entre 2013 e 2019. Utilizando-se de uma perspectiva dos estudos de cultura, para que as manifestações culturais sob análise reflitam a prática contemporânea de produção, recepção e consumo de histórias de crimes reais após a viragem digital, a pesquisa debate o conceito de circularidades da criminologia cultural para revelar como mediações contemporâneas alteram a maneira com que a comunicação de massa se apossou de funções do Estado antes da chegada do século XXI. A tese postula que os enredos criminais (agora em rede) ainda fazem circular materialidades estéticas e discursos de violência relativos a enredamentos estruturais da modernidade tardia brasileira, nomeadamente a apropriação da violência por táticas do sensacionalismo e do espetáculo, retóricas do punitivismo e da substituição de instituições estatais na resposta aos problemas de segurança pública.
- Brasilândia não é Disneylândia: Negra Li, fábula e hiper-realidadePublication . Cardoso, Eduardo PradoAtravés de um debate entre os conceitos de “fábula” e “hiper-realidade” – defendidos por Milton Santos (2001) e Jean Baudrillard (1991) para dar conta de perdas e hegemonias observadas na contemporaneidade –, o artigo analisa duas canções da rapper paulistana Negra Li: “Olha o menino”, de 2004, e “Brasilândia”, de 2019, bem como o videoclipe desta última. O olhar criativo e em primeira pessoa da mulher negra sobre a periferia que a projetou ao mundo traz um exame essencial aos modelos de ascensão social e autenticidade vividos na modernidade tardia. O artigo sustenta que, ao atravessar mais de uma década, o assertivo verso “Brasilândia não é Disneylândia” é poderoso recurso para alinhavar as críticas da representação da favela, forjada também pelo audiovisual brasileiro, com a de um mundo calcado em meras simulações do real.