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Feijó Müller Cajado Caldeira, Naíde

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  • O papel da comunicação estratégica na representação pública e mediática de organizações ativistas por direitos humanos em Portugal
    Publication . Müller, Naíde Feijó Müller Cajado; Ribeiro, Nelson Costa
    Apesar das sucessivas crises de diversas naturezas, do declínio das democracias e dos retrocessos de liberdades fundamentais, os direitos humanos continuam a ser uma âncora para aspirações sobre justiça global. Este contexto tem estimulado diferentes tipos de organizações a recorrer ao ativismo social e à retórica política para defenderem uma ampla variedade de direitos, muitas vezes divisivos e polémicos, e que exigem envolvimento cívico, político e imaginação. Sabendo-se que alguns atores sociais enfrentam desafios acrescidos na sua capacidade de acesso aos meios de comunicação de massa, tecnologias de comunicação e redes de influência, esta investigação tem como objetivo principal compreender de que forma a comunicação estratégica, particularmente a área das relações públicas, pode contribuir para uma maior e melhor representatividade pública e mediática de organizações ativistas portuguesas que defendem direitos humanos inseridos na agenda 2030 das Nações Unidas. Foi realizado um estudo etnográfico durante seis meses, entre janeiro e junho de 2021, junto de duas organizações ativistas portuguesas – UMAR e GAT - para conhecer a cultura e rotinas de comunicação destas organizações no âmbito das relações com diversos públicos. Foram ainda entrevistados doze especialistas – CEO’s e Diretores - de agências de comunicação e relações públicas para apurar as suas perspetivas sobre os diferentes contributos desta área no âmbito do ativismo por direitos humanos e da procura por mudanças sociais. Por fim, realizou-se uma análise categorial temática – qualitativa e quantitativa - de todas as notícias (1080) sobre as organizações em estudo que foram publicadas nos meios de comunicação social portugueses no ano de 2021. Cada método utilizado nas várias etapas da investigação evidenciou aspetos diferentes, mas complementares, da realidade social em estudo, que é complexa e pluridimensional. Uma das principais conclusões deste trabalho é que as relações públicas ativistas são uma área inexplorada em Portugal seja em termos de investigação académica, seja em termos das várias aplicações práticas possíveis. Apurou-se também que as organizações ativistas estudadas procuram influenciar a agenda política e mediática recorrendo a algumas das ferramentas democráticas disponíveis e, intuitivamente, a práticas de relações públicas. No entanto, estes esforços de comunicação não são enquadrados numa estratégia emergente e flexível que consiga articular as dimensões específicas que caracterizam estes grupos de interesse. Confirmou-se a existência de uma crise de representação mediática de ativistas em Portugal. Os media enfrentam o desafio de retratar de forma exata as ações dos movimentos sociais e os ativistas enfrentam o desafio de conseguir transmitir fielmente as suas mensagens numa cultura jornalística que privilegia as narrativas convencionais e institucionais. O enquadramento dado aos assuntos adquire, neste contexto, uma importância redobrada. Concluiu-se ainda que o conflito e a tensão estão sempre presentes, de forma direta ou indireta, na comunicação ativista. Pelo que a elaboração de argumentos relevantes, a partir de fontes credíveis, adaptados ao tipo de envolvimento cognitivo e emocional dos diferentes públicos com as “histórias”, é essencial para fazer chegar as mensagens a públicos mais amplos e interferir nas perceções sobre a realidade. Nesse sentido, a obtenção de legitimidade pública e mediática está relacionada com a capacidade das organizações ativistas de realizarem diagnósticos e se adaptarem a diferentes contextos fazendo escolhas estratégicas em conformidade. Tendo em conta os resultados obtidos, defende-se a necessidade de criação do ODS18 (Comunicação para todos) para envolver os ativistas por direitos humanos e outros atores sociais na Agenda 2030. É proposta uma agenda para futuros trabalhos no âmbito das perspetivas sócio culturais e críticas em relações públicas, orientada para analisar a influência da atividade na manutenção ou disrupção de determinadas estruturas sociais.