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- Competências comunicacionais na relação médico-doente em medicina geral e familiar : um estudo empírico em contexto de consultas privadas.Publication . Mieiro, Sandra de Castro Guimarães; Salgado, Cristina Margarida TavaresO processo de comunicação é um aspeto central na construção de uma relação médico-doente, a qual está no cerne do percurso terapêutico. Esta investigação explora, assim, o processo comunicacional entre médico e doente numa consulta de medicina geral e familiar, e em que medida as competências de comunicação são exercidas e percecionadas. As competências de comunicação são valorizadas e exercidas pelos médicos? As competências de comunicação dos médicos são valorizadas e reconhecidas pelos doentes? O projeto de investigação que deu corpo ao documento final desta Tese de Doutoramento apresentou-se como um estudo empírico, construído sobre pesquisa documental e bibliográfica, perscrutadora de raízes, conceitos e utensílios materiais e mentais, norteadores da atividade de pesquisa e da respetiva observação e análise que permitiu acionar o diálogo entre os fenómenos que nos propusemos estudar: a comunicação médico-doente no contexto de uma consulta de Medicina Geral e Familiar, no setor privado da saúde em Portugal. Este tema despertou em nós um interesse particular, resultado da crescente visibilidade desta questão e do debate gerado em torno do mesmo, quer na comunicação social, quer no contexto da Academia. A relação clínica médico–doente comporta características próprias inerentes aos objetivos dos dois intervenientes, sendo uma construção de uma relação de ajuda. As relações assentam, desde o início, numa vivência afetiva que lhes confere sentido. Por isso, uma comunicação eficaz entre o médico e o doente é uma competência clínica essencial. Assente numa abordagem interpretativista, esta investigação desenvolve-se num contexto de referências teóricas que permitem a construção de argumentos e hipóteses, que testamos empiricamente, com o objetivo de responder à pergunta de partida: Em que medida as competências de comunicação interpessoal são exercidas pelos médicos numa (...) O conhecimento não é uma coisa pura, independente dos seus instrumentos e tão pouco dos seus utensílios materiais, mas também dos seus instrumentos mentais que são os conceitos; a teoria científica é uma atividade organizadora do espírito, que põe em ação as observações e que, bem entendido, põe também em ação este diálogo com o mundo dos fenómenos (Morin, 1990, p. 42). consulta de Medicina Geral e Familiar? O enquadramento teórico proposto assenta na tradição sociocultural em Ciências da Comunicação, com contributos de outras tradições do mesmo campo científico. As abordagens sistémica, micro-analítica, a proxémia e a cinésia foram referências dimensionais para a interpretação do processo comunicacional entre médico e doente. A constituição das ferramentas de pesquisa do trabalho empírico privilegiaram as questões que se prendem com dimensões e variáveis elegíveis no processo comunicacional de relacionamento. O trabalho empírico desenvolve-se na aplicação de dois questionários online, com métodos mistos de amostragem – um, orientado para médicos, tendo sido obtidos 33 questionários com resposta; e outro, orientado para doentes, tendo sido realizados 481 questionários. Em ambos os questionários foram aplicadas as mesmas questões, englobadas nas dimensões da comunicação efetiva, comunicação verbal, comunicação não verbal e comunicação afetiva. A análise dos resultados obtidos confirma que os médicos apresentam um desempenho positivo na componente comunicacional, em diferentes dimensões analisadas. São identificadas, contudo, nas questões colocadas, algumas lacunas mais específicas que dizem respeito aos fatores relacionados com a preparação da consulta, do resumo da mensagem, do foco no enquadramento cultural e socioeconómico do doente, na expressão vocal e corporal. Com os resultados alcançados, procurámos estabelecer, quando possível, uma ponte que fomente a sensibilização para a importância da humanização no processo relacional, pressuposto essencial na interação entre Pessoas, em que o Médico e o Doente são os principais protagonistas.