ICS(V) - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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- Sofrimento e espiritualidade da pessoa com esclerose múltiplaPublication . Coelho, José Carlos Quaresma; Vieira, Margarida; Monteiro, Baltazar RicardoEsta tese apresenta os resultados de uma investigação que teve por objectivo estudar o sofrimento e a espiritualidade das pessoas com esclerose múltipla. Utilizámos a metodologia fenomenológica para estudar a vivencia do sofrimento e da espiritualidade das pessoas com esclerose múltipla assim como os meios que estas utilizam para lidar com a doença e sofrimento. Entrevistámos nove pessoas com esclerose múltipla. Efectuámos um estudo correlacional, onde analisámos as relações entre sofrimento e bem-estar espiritual, assim como a relação destes focos com algumas variáveis sócio-demográficas. Participaram no estudo 517 pessoas, com idades entre 20 a 80 anos. A média foi de 42,63 anos. Foram aplicadas as seguintes escalas: IESSD-McInteyre & Gameiro, 1999; Spiritual Assessment Scale - (O´Brien, 1998; tradução e adaptação de Caramelo, 2007); HADS-Zigmond & Snaith, 1998 – Trad. Ribeiro, 2007, Religiosidade (autor, 2007) e EDSS adaptada. O sofrimento é vivenciado pela fadiga, desiquilibrio e incapacidade que provocam isolamento, alterações da autoimagem e falta de sentido da doença e sofrimento. As estratégias utilizadas pelos entrevistados são diversas, como a negação, o isolamento, a aceitação, a busca de informação, a partilha de experiências e as praticas religiosas. O sentido da doença e sofrimento vai sendo construído, iniciando-se por uma primeira fase em que este é questionado e sem sentido, acabando por ser atribuído por uma relação com Deus e ou de doação aos outros. O estudo demonstra que o sofrimento apresentou correlações positivas muito significativas com a idade (r(517) =0,129, p<0,003), incapacidade (r(517) =0,380,p<0,001), ansiedade (r(517) =0,664, p<0,001), e depressão (r(517) =0,729, p<0,001). O sofrimento físico apresentou correlações positivas muito significativas com religiosidade (r(517) =0,125, p<0,004). Entre outras, também constatámos diferenças significativas de sofrimento por tipo de esclerose múltipla (F=4,620;p<0,001). O bem-estar espiritual apresentou correlações positivas muito significativas com incapacidade (r(517) =0,380, p<0,001), religiosidade (r(517) =0,684, p<0,001) e correlação positiva significativa com a idade (r(517) =0,090, p<0,041). Apresenta correlação negativa significativa com depressão (r(517) =-0,107, p<0,015). Existem diferenças de bem-estar espiritual entre os que professam uma religião e os que não professam religião (t=11,305; p<0,001). Os que professam uma religião apresentam maior bem-estar espiritual. A incapacidade física, a ansiedade e a depressão são os factores que apresentam maior coeficiente de determinação com o sofrimento. Os dados demostram que as pessoas utilizam as práticas religiosas para lidar com o sofrimento físico, sendo a oração privada o meio mais utilizado. Os dados sugerem-nos que a paz espiritual poderá ter um efeito protector nas perturbações emocionais