FCH - Livros e Partes de Livros / Books and Books Parts
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Browsing FCH - Livros e Partes de Livros / Books and Books Parts by contributor "Gil, Isabel Capeloa"
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- Modernidade e cruzamento de saberes: figuras da modernidadePublication . Gil, Isabel Capeloa; Carneiro, RobertoO panorama imperial (Kaiserpanorama), esse método de projecção de imagens antecessor do cinema, que fez furor na Berlim de 1900, constitui uma notável representação do espírito moderno. Evocado por Walter Benjamin em Infância Berlinense: 1900, as paisagens que circulavam neste cinematógrafo primevo, apesar de exóticas, despertavam uma nostalgia que “[...]não as chamava para o desconhecido, mas para casa” (Benjamin, 2004:77). Talvez, por isso, constitua uma das imagens de pensamento que melhor representa a modernidade, como caleidoscópio, vertigem e utopia, mas simultanemamente como espaço de encontro auto-reflexivo e perspectivação do Outro para conhecimento do Eu. Antes de Giddens ter postulado a modernidade tardia como projecto de auto-reflexividade, já Theodor Adorno se referira ao Modernismo estético como estando precisamente eivado desse tentame de autocrítica do mundo moderno, atribuindo à estética a função de alteridade crítica, que Husserl, por exemplo, atribuía à filosofia. E se o impulso crítico e a nostalgia auto-reflexiva constituem uma marca seminal do projecto da modernidade europeia, certo é, que a imagem do panorama se afigura ainda mais operatória para a descrever, pois veicula o modelo visual oculocêntrico que as artes do século XX, a fotografia e o cinema, vão por excelência corporizar, e ainda porque anuncia a deslocação, o movimento, o fluxo, de imagens ou pessoas, como marcando o ethos moderno, e mostrando o mundo como “cena” (Schauplatz) especular da diversidade humana.