Departamento de Letras
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Browsing Departamento de Letras by Field of Science and Technology (FOS) "Humanidades"
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- Burro velho não aprende línguas!? : uma sentença questionável : contribuições para uma prática contextualizadaPublication . Rocha, Maria Lucília Pinto de Almeida; Capucho, Filomena; Oliveira, Ana MariaO século XXI trouxe desafios políticos, sociais e económicos que se substanciam particularmente na qualificação e no empreendedorismo exigido a cada cidadão comum. Todos, à escala individual, sentem necessidade de acompanhar a evolução das sociedades contemporâneas. Porém, não há desenvolvimento e crescimento sem formação e conhecimento. Pretendemos mostrar neste trabalho que o provérbio “Burro velho não aprende línguas” é, nos nossos dias, um mito ultrapassável, muitas vezes o espelho do conformismo e de negligências plurais. A nossa investigação inscreve-se no âmbito da didática das línguas estrangeiras e decorre de preocupações pessoais e da necessidade de uma intervenção eficaz junto de uma população adulta, pouco escolarizada e de meio rural. Ao longo do ano letivo de 2008/2009, realizámos um estudo de caso, com a colaboração de um grupo de formandos, a frequentar um curso EFA B2, no âmbito das Novas Oportunidades, na Escola Básica de Castro Daire, Distrito de Viseu. Sendo um público particularmente específico, assentámos o nosso trabalho nos seguintes objetivos: 1) caracterizar social, cultural e linguisticamente o público objeto de estudo; 2) apurar o tipo de representações mentais dos participantes; 3) averiguar sobre as práticas que têm sido desenvolvidas por professores na aprendizagem de uma língua estrangeira, no âmbito da Educação e Formação de Adultos; 4) analisar as estratégias de aprendizagem que os adultos mobilizam para adquirir uma língua estrangeira; 5) aplicar uma abordagem comunicativa e accional, conforme ao QECR; 6) desenvolver uma metodologia eclética, assente na coerência didática; 7) adotar a Intercompreensão como um processo motivador, facilitador e eficaz de aprendizagem de línguas estrangeiras; 8) articular sequências didáticas e suportes coerentes para o público-alvo; 9) sugerir a construção e o uso de um portefólio das línguas e 10) avaliar a experiência realizada. Aprender é intrínseco ao ser humano, assim, mostramos, neste trabalho, que qualquer indivíduo, em Educação e Formação de Adultos, pode aprender uma língua estrangeira, independentemente da idade, do estatuto social ou do nível de escolaridade. Para tal, contribuem as experiências vividas e as aquisições realizadas ao longo da vida, enquanto substrato sociocultural. Do mesmo modo, contribui a atitude diligente do formador. Os professores/formadores são os projetistas, os orientadores e os construtores de aprendizagens. A sua ação tem de ser precedida de uma análise cuidada ao nível das características, necessidades e expectativas dos seus aprendentes e a sua atuação tem de ser dirigida por processos eficazes e facilitadores inseridos em metodologias adequadas.
- Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo AntunesPublication . Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da; Martins, Adriana Alves de PaulaA presente dissertação tem como principal objetivo a apresentação de uma proposta de abordagem da problemática da memória e identidade portuguesas, no que diz respeito ao período compreendido entre o evento do 25 de Abril de 1974 e os finais da primeira década do século XXI. Adota para esse efeito uma perspetiva comparatista entre dois modelos distintos de representação: por um lado, o da imagem oficial da nação, tipicamente suportado por um vetor de poder estatal, que o impõe de forma constante sobre o aglomerado de indivíduos que integram o país; por outro, e problematizando essa mesma forma de representação oficial, um modelo discursivo de matriz literária, assente na obra de António Lobo Antunes, que deriva, precisamente, da exploração da perspetiva única do indivíduo, que se vê confrontado com os efeitos dessa vivência em comunidade. Partindo do confronto entre o texto inaugural da Constituição da República Portuguesa (datado de 2 de Abril de 1976) e as diversas revisões a que se vê sujeito ao longo das últimas décadas, demonstra que o projeto de um Portugal democrático, nela, inicialmente traçado, é alvo de sucessivas reconfigurações, que correspondem, também, a alterações profundas, no que às políticas de memória e identidade que lhe subjazem diz respeito, assim como no que toca aos próprios vetores de poder que determinam e impulsionam tais políticas. Daí deriva a possibilidade de identificação de quatro etapas distintas de evolução da imagem oficialmente partilhada pelo país, as quais, muito por causa de uma estratégia comum de apagamento forçado de tudo aquilo que possa revestir-se de natureza problematizante, conseguem, apesar de tudo, manter a ilusão de uma quase perfeita continuidade discursiva entre o Portugal de 1974 e o do século XXI. A identificação de tais etapas conhece, no entanto, novos contornos, a partir do momento em que, com base na proposta de uma poética de memória em António Lobo Antunes, se procede à identificação das dinâmicas discursivas que se desenvolvem por debaixo dessa imagem oficial, revelando, através da ficcionalidade, todo um conjunto de representações alternativas e tipicamente silenciadas da nação portuguesa, as quais evidenciam as lacunas inerentes ao seu discurso oficial de memória e identidade das últimas décadas, e atestando, em última análise, o verdadeiro caráter pós-moderno e pós-colonial de que a produção literária do autor se reveste.
- Por detrás das máscaras do silêncio : um estudo da prostituição indoor : análise sociolinguística do discurso dos trabalhadores do sexoPublication . Silva, Stéphanie Alves Monteiro da; Capucho, Maria FilomenaNeste estudo de caso procuramos levantar o véu sobre o “submundo” ainda pouco conhecido da prostituição de interior e descobrir quem são os vários atores sociais que nela habitam. A análise das produções discursivas enunciadas por homens e mulheres, trabalhadores do sexo, desenha histórias de vidas singulares, pedaços fragmentados de vida que suas memórias escolheram para contar. A identidade, noção central neste trabalho, serve de base sustentável para uma reflexão e compreensão das estratégias, das modalidades identitárias, entre outros parâmetros levados a cabo por estes sujeitos. A nossa abordagem insere-se no âmbito do interacionismo simbólico e da análise do discurso, uma vez que entendemos que é essencialmente, pela interação discursiva que o sujeito constrói a sua identidade pessoal, social e profissional. A escolha do léxico, as marcas de auto-representação enunciativa explícita e implícita, o grau de comprometimento ou de desinvestimento do sujeito falante denunciam uma postura, uma forma de se dar a conhecer num processo interactante. A análise qualitativa das entrevistas permitiu delinear e distinguir quais os processos de construção da identidade utilizados pelos sujeitos e, assim, estabelecer diferenças entre os homens e as mulheres trabalhadores do sexo. Deste modo, este trabalho dá corpo a um estudo comparativo entre as vivências dos géneros, quanto a uma atividade profissional, em que o corpo físico emerge agregado a práticas, que o senso comum dita como desviantes e o conceito de identidade surge numa plataforma giratória na construção social dos trabalhadores do sexo. Os resultados mostram que, no processo de construção da identidade dos nossos informantes, a prostituição se encontra, não só, organizada em torno do dinheiro, como também envolta em questões como a identidade sexual, o espaço dos afetos, a noção da discriminação, o uso da máscara, o desvio social, a centralidade do corpo e a demanda da regulação e legalização da atividade prostitutiva.