FCH - Teses de Doutoramento / Doctoral Theses
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- Dispositivo crítico : condições de possibilidade da crítica jornalística de teatro em PortugalPublication . Matos, Miguel Pedro Quadrio Ferro de; Gil, Isabel CapeloaEm Dispositivo crítico: condições de possibilidade da crítica jornalística de teatro em Portugal problematiza-se o lugar da crítica de teatro no interior do polissistema teatral português. Tal programa baseou-se na hipótese de que a crítica jornalística de teatro não encontrou ainda, entre nós, uma inserção adequada nos Estudos de Teatro, sendo vulgarmente sujeita ou à total omissão ou a uma utilização pontual e difusa, que se tem concretizado através de uma estratégia paradoxal de (sub)figuração, v.g., a ela se recorre como exemplo ‘autorizado’, ao mesmo tempo que a sua citação truncada – por conveniência do argumento que deveria ilustrar – não só a descontextualiza do seu continuum cultural e ideológico, como inviabiliza, também, a aferição da relevância sistémica que a mesma assumira à data da publicação. Desta desqualificação da crítica jornalista resultam duas consequências ponderosas: o enfraquecimento do espaço público, afectado pela exclusão de uma das práticas que o vem constituindo desde o século XIX; e a rasura da memória performativa, fonte indispensável para a escrita de uma efectiva, que não apenas literária, história do teatro. Para tornar sustentável a visibilidade da crítica jornalística propõe-se, então, uma tese que se desenvolve em duas vias. A primeira delas visa estatuir a crítica jornalística não apenas como um epifenómeno, irrelevante porque transitivo, de provocação inconsequente da ordem sociocultural instalada, mas, sobretudo, como possibilidade teórica que, para além das suas realizações concretas, possui os instrumentos necessários para intervir na modelação do sistema teatral e, desse modo, «contribuir para reforma de práticas e de ânimos» (cf. Leone, 2005a: 105). Tal desígnio impôs a desconstrução do conceito de crítica (não somente de teatro), em cujo processo se determinam os traços distintivos que permitem impor a noção de ‘crítica jornalística’, ponderando-se, ainda, os recentes enquadramentos teóricos e metodológicos que a integraram no discurso académico (europeu e norte-americano) como problema autónomo. Assim firmada como questão pertinente, a ‘crítica jornalística’ é sujeita – na segunda via – à sua experimentação no caso concreto da academia portuguesa, concluindo-se pela sua ‘extemporaneidade’. Face aos resultados obtidos, ilustram-se as ‘condições de possibilidade’, estabelecidas na primeira via, através do estudo da intervenção do crítico de teatro português Eduardo Scarlatti (1898-1990) nas décadas de 20 e de 30 do século XX, nomeadamente quanto ao seu importante contributo para uma discussão moderna do conceito de crítica (e, nele, de crítica de teatro).
- Representação, imersão e interiores : culturas de espaço em To the Lighthouse e BuddenbrooksPublication . Cunha, João Filipe Ribeiro Borges da; Gil, Isabel CapeloaEsta tese estuda o espaço na sua qualidade de constructo cultural. Ou seja, e indo além de um simples figurino físico, geográfico e natural, o espaço é aqui visto como o resultado e produto (Lefèbvre, 1991) de práticas culturais que o percebem, concebem e experimentam precisamente enquanto instância privilegiada de representação, uma superfície não-passiva onde se vêm inscrever valores histórico-sociais. É o que este trabalho designa como culturas de espaço, e cujas incidências ele procura analisar em duas obras literárias de narrativa de ficção: Buddenbrooks, de Thomas Mann, e To the Lighthouse, de Virginia Woolf. Estes romances são, aqui, a vários títulos paradigmáticos: enquanto peças que permitem observar o modo como na modernidade o espaço doméstico — a casa, o lar, os décors e envolventes —, foram alvo de uma discursividade própria, isto num tempo de afirmação das classes burguesas europeias na transição entre os séculos XIX e XX; mas também, enquanto constituintes, eles mesmos, de um espaço narratológico, representativo e axiológico, onde se batem aspirações espirituais, visões artísticas, formas estéticas, matéria simbólica e enunciados políticos. Desenvolvida no âmbito do campo disciplinar dos Estudos de Cultura, esta análise, assente no princípio da literariedade da cultura, faz uso de contributos, abordagens e linhas teóricas multímodas e abrangentes, querendo sobretudo verificar — para o que recorre metodologicamente a um close-reading — como determinadas figuras do espaço são culturalmente marcadas. Mais em concreto, a figura da imersão e os espaços interiores.
- Second Life : representation and remediation of social spacePublication . Ferreira, Cátia Sofia Afonso; Gil, Isabel CapeloaAo longo da última década os jogos online e as plataformas sociais têm-se tornado cada vez mais populares, tendo vindo a contribuir para o desenvolvimento da internet. Os jogos online multiplayer têm conquistado cada vez mais utilizadores. Estes têm como locus a realidade virtual e como objetivo a recriação de um novo mundo. Um exemplo deste tipo de jogos é o Second Life, um jogo social que conta com um elevado número de utilizadores – cerca de 31 milhões de utilizadores registados. Esta plataforma foi desenvolvida pela Linden Lab e reúne as características de um mundo virtual: é um cenário digital tridimensional, no qual utilizadores de todo o mundo, representados por avatares, interagem em tempo real formando diversos tipos de redes sociais. Uma das suas características distintivas é o facto de 99% do conteúdo existente dentro do espaço virtual ter sido desenvolvido pelos utilizadores. Os jogadores, denominados residentes, estão a contribuir não só na construção do espaço, mas também para o desenvolvimento social deste mundo virtual. Para além disto, existem mais quatro características que tornam o Second Life um objeto de estudo interessante: todos os avatares são controlados por seres humanos em tempo real; o reconhecimento de direitos de propriedade intelectual; a existência de uma micro-moeda – o Linden Dollar; e o facto de todos os jogadores terem acesso a ferramentas básicas de construção, e à linguagem de programação desenvolvida pela Linden Lab, a Linden Scripting Language, essenciais para criar objetos. O Second Life é um espaço colaborativo e participativo que, apesar de ser um jogo, oferece aos seus utilizadores uma experiência muito diferente da vivida nos videojogos tradicionais. Por ser um jogo do tipo caixa de areia os jogadores podem estabelecer uma relação diferente com esta plataforma, pois podem contribuir para as diversas dimensões da vida dentro do jogo. Devido às suas características, este mundo virtual tem despertado o interesse de investigadores de diferentes áreas que têm procurado perceber o seu impacto para a interação social, educação, economia, lei, e indústrias criativas. No entanto, tendo em conta que o ‘espaço’ é um elemento fulcral na investigação em Ciências Humanas e uma das áreas priveligiadas pela European Science Foundation para a investigação em Ciências Sociais e Humanas, há, ainda, a necessidade de perceber como é que este espaço digital está a ser desenvolvido, e que narrativas culturais o estão a moldar. Uma vez que o Second Life reflete a importância dos mundos virtuais para a interação online, torna-se fundamental compreender que impacto a virtualização das relações sociais pode ter para a interação interpessoal e para o desenvolvimento de um novo tipo de ‘comunidades imaginadas’. A presente investigação centra-se no Second Life e procura perceber de que forma poderá este novo espaço de interação estar a contribuir para o aparecimento de uma nova dimensão social. Uma dimensão resultante das possibilidades oferecidas por uma plataforma tecnológica apenas disponível através da internet, combinadas com o potencial criativo dos seus utilizadores. Com o intuito de contribuir para um melhor entendimento do potencial sociocultural deste mundo virtual, este estudo tem como base uma investigação empírica desenvolvida a partir de uma metodologia qualitativa específica para o estudo de comunidades online, a netnografia. Os métodos de recolha de dados adotados são: observação participante, auto-netnografia, entrevista e análise de conteúdo dos perfis dos utilizadores entrevistados. Os dados são analisados seguindo uma abordagem indutiva. A principal hipótese deste estudo centra-se na premissa que se o Second Life é um mundo virtual que está a ser coproduzido pela Linden Lab e pelos utilizadores, é provável que o envolvimento dos residentes com a realidade virtual resulte na criação de um sistema de representação re-mediado. Partindo desta hipótese, os objetivos principais desta investigação são confirmar se de facto os mundos virtuais estão a ser usados para representar e re-mediar o espaço social, e perceber que efeito isto tem nos jogadores. Uma das principais conclusões retiradas prende-se com o facto de os utilizadores estarem a tirar partido deste mundo virtual para renegociarem os modelos socioculturais que informam as suas ‘primeiras vidas’. Após a análise da relação que os utilizadores estabelecem com o espaço virtual, com os seus próprios avatares e entre si, concluiu-se que são três as principais narrativas culturais que estão a resultar das experiências vividas pelos residentes deste mundo virtual. As primeiras intrinsecamente relacionadas com a organização geográfica da vida humana – narrativas de espaço; as segundas, com a necessidade de nos compreendermos a nós mesmos, narrativas identitárias; e as terceiras, com o facto de os seres humanos serem na sua essência seres sociais, narrativas resultantes da interação social com outros residentes. A ‘re-mediação’ de narrativas culturais dentro de um ambiente online, anónimo e flexível evidencia a necessidade que os seres humanos têm de reconhecer os espaços sociais que frequentam, de modo a envolverem-se e atribuírem significado às experiências digitais vividas.
- Supervisão na formação em serviço socialPublication . Freitas, Maria Dorita Pestana Anjo; Rodrigues, FernandaA presente tese tem como questão central, o processo de ensino-aprendizagem no domínio da formação experiencial, analisando a supervisão pedagógica na prática de estágio e, através dele, o treino do saber/poder para/pela autonomia e emancipação (ao nível de 1.º ciclo em Serviço Social). O contexto de estudo reporta-se ao curso de Serviço Social, entre 2005 e 2011, na Universidade da Madeira (UMa). Partiu-se do questionamento sobre como se formam hoje os profissionais de Serviço Social para enfrentar os desafios advindos de profundas alterações societais e a nível do Estado Social. O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o fortalecimento do processo de formação em Serviço Social. Como objetivos específicos visou-se conhecer, analisar e refletir sobre a evolução, a natureza, a direção, a estrutura, o modelo, as potencialidades e os limites do processo de estágio e supervisão pedagógica na formação dos estudantes. Neste mesmo contexto procurou-se compreender a articulação teoria e prática, investigação e ação, ligação academia e comunidade e cooperação entre docente, estudante, orientador cooperante e cidadão. Metodologicamente, apoia-se na pesquisa qualitativa de estudo de caso que se baseou em diferentes níveis de conceitos sensitivos/sensibilizadores suscetíveis de dialogar e de refletir os significados e as motivações dos sujeitos da formação experiencial (os estudantes finalistas, docentes e orientadores locais) sobre o modelo de estágio, supervisão e respetiva articulação com a realidade social. A informação recolhida através da utilização de focus group, fontes documentais e entrevistas, permitiu ancorar o trabalho no tríplice movimento dialético de crítica, de construção de conhecimento e de nova síntese. Pela análise dos resultados sobre o estágio e a supervisão, na formação em Serviço Social, destaca-se que estes se constituíram dimensões indissociáveis no processo ensino-aprendizagem, apoiado na aliança entre estudante-docente-orientador-cidadão. A supervisão sustentada na pedagogia colaborativa e participativa, com centralidade na investigação e na articulação conhecimento-ação/teoria-prática, permitiu evidenciar criatividade e inovação no estágio pedagógico, condição de futuras práticas inventivas.
- Visões da pobreza na primeira pessoa : contributos para o entendimento do fenómeno social da pobreza na cidade de BejaPublication . Fernandes, Ana Isabel Lapa; Malainho, Adelaide Fernandes PiresEsta investigação consta de um estudo qualitativo que incide na forma como as pessoas pobres vivem a sua situação, pretendendo compreender o modo como são experienciadas as situações de pobreza na primeira pessoa, visando enquadrar o fenómeno social da pobreza nas suas formas de territorialidade, ao analisar as respostas sociais existentes, num território concreto e definido – a cidade de Beja. O procedimento metodológico foi o indutivo uma vez que se partiu do estudo de uma situação concreta do real para a compreensão e interpretação dessa mesma realidade, sem que o propósito fosse a concretização de uma explicação do problema plausível de ser generalizável. Os instrumentos de observação utilizados foram as entrevistas semi-directivas para indagar os profissionais de Serviço Social vinculados a instituições da cidade de Beja, com intervenção no fenómeno, sendo igualmente construídas entrevistas em profundidade para estudar e compreender as vivências, discursos e trajectórias de vida das pessoas em situação de pobreza. As referências teóricas de suporte basearam-se nas consistentes contribuições de diversos autores como: Alfredo Bruto da Costa, Serge Paugam, Luis Capucha, Francisco Branco, José Pereirinha, Renato do Carmo, José Cutileiro, Nuno Alves, entre outros. Concluiu-se que o quotidiano das pessoas pobres, é altamente influenciado pela experiência da pobreza, que confina estas pessoas ao universo doméstico do lar, constatação justificada pela ausência de recursos financeiros. Na forma de vivenciar a pobreza, o papel de protecção da família, enquanto “amortecedor” dos efeitos da pobreza, traduz um nexo de causalidade entre o nível de coesão familiar e o provimento de apoio afectivo e material. Deste modo, a incidência, intensidade e durabilidade são importantes indicadores na forma de vivenciar a pobreza. Tal pode conduzir a que a experiência deste fenómeno social se torne num modo de vida, no qual a aceitação e resignação tornam o “ser pobre” como um facto paulatinamente assimilado por quem o vive. Opostamente as pessoas que vivem esta situação mais recentemente, tendem a não assumi-la como elemento identitário, com receio do estigma social, facto que as empurra para a procura de saídas da pobreza.
