Browsing by Author "Silva, Carlos H. do C."
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- Aposiópesis: o silêncio na linguagem dos místicosPublication . Silva, Carlos H. do C.O presente estudo visa reflectir sobre o silêncio na linguagem dos místicos procurando salientar, não só um uso geral relativo ao indizível ou inefável da experiência extática, mas valorizando o seu preciso sentido intermédio, como específico ritmo de pausa. É, aliás, a partir desta categoria da “pausa” ou aposiópesis, que desde a retórica grega assinala essa reticência, que se equaciona o valor de intimidade e solidão do discurso espiritual assim pautado por significativas “interrupções”. Nesta introdução ao tema considera-se, pois, o estatuto alusivo, performativo da linguagem e até a sua fecunda desconstrução face à idealização do seu carácter apofântico paradoxal, expectativa teorética ou de capacidade contemplativa. Numa primeira parte do desenvolvimento esclarece-se o carácter polissémico do «silêncio» atendendo aos diversos âmbitos semânticos e graus relativos à natureza do secreto da mística: desde o voto de silêncio e sua «mudez», até ao dom de “dizer” o indizível, passando pela sua condição voluntária ascética e pelo passivo reconhecimento do seu inefável místico, salientando ainda a via de constituição de uma linguagem pelo negativo (teologia apofática). Exemplifica-se, então, este sentido não apenas tipológico mas também escalonar do silêncio na mística através de um caso (Ir.ª Marie-Aimée de Jesus, OCD, † 1874), de meditação gradual da sua experiência. Ao longo da análise dos doze graus elencados faz-se a contextuação e também estudo complementado sempre em anotações de pé-de-página por comparações que relevam a importância da diferenciação rítmica na prática do silêncio místico. Numa terceira e última parte, adverte-se contra a tentação de fazer do silêncio uma fuga mundi e uma metafísica de gnóstica serenidade do silêncio secreto, como sigé, em contraste com a fecundidade realista das reticências humildes mas bem falantes e vividas da “oração de quietude”. Fazendo apelo à linguagem de vários místicos mais recentes faz-se a síntese deste andamento do valor amoroso e da gradualidade intensiva do silêncio místico nesta escala alternativa à sua hermenêutica tão só contemplativa. Apresenta-se para tal uma esquematização útil e sinóptica da tipologia do silêncio. Enfim, numa nota conclusiva, deixa-se como pista de toda a valorização do silêncio como sábia pausa, e santa reticência na prática da vida interior, a importância da tradição monástica oriental da hesykhía, como exemplo em que se pode rever (ainda de forma esquemática) as diferenciações dos silêncios espirituais, por um exercício integral desta oração de silêncio.
- Conhecimento e Infinito ou finitude mental e infinda diferenciação criativaPublication . Silva, Carlos H. do C.Reflexão sobre o fenómeno do conhecimento, suas implicações múltiplas, sua finitude, sua abertura a um sempre mais, sua infinita diferenciação criativa.
- Do Imaculado Coração: a mariana expressão do diferencial órgão de consagração. Uma abordagem filosófico-antropológicaPublication . Silva, Carlos H. do C.O presente artigo pretende considerar o carácter pluridimensional da vida crente a partir da metáfora do coração, como expressão da misericórdia dita de múltiplas formas na piedade e racionalidade crente, mas especialmente na devoção ao Imaculado Coração de Maria. De facto, a fé e piedade não podem dispensar o contributo da razão cordial para uma espiritualidade transformadora e cristificante. Começaremos por relevar o realismo cristão e encarnacional do “coração de Maria”, com seus fundamentos bíblicos e antropológicos, para passarmos, depois, da devoção à teologia e mística. Procuraremos, desta forma, mostrar como a devoção ao Imaculado Coração de Maria assume aqui e agora a possível encarnação, testemunhando o drama calado de tão vasta humanidade desanimada ou sem coração.