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Abstract(s)
José Mattoso salienta o carácter mais institucional
dos Dominicanos, quando comparado com o mais
volátil espírito franciscano. Certo é que, no Porto, o
convento de S. Domingos, fundado em 1238 a
pedido do Bispo D. Pedro Salvadores, iria ter,
sobretudo até ao século XVI, um papel
profundamente institucional na política citadina e
uma profunda influência no plano urbano.
Os Dominicanos instalaram-se na cintura periférica
do vale do rio da Vila, a poente da cidade murada
românica e perto de uma das suas portas. Como
era tradição da implantação mendicante, o local
era junto de vias muito importantes: a que,
partindo da cidade, se dirigia à costa marítima e ao
Ave e outra, perpendicular a ela, que se orientava
para norte e se articulava com a estrada romana
de Braga. O rio Douro também ficava próximo e,
desse modo, o convento dominava não só o acesso
ocidental à cidade, como a zona portuária e os
percursos do vale. Em 1320, os trabalhos de
construção estavam provavelmente concluídos,
com o remate de um vasto alpendre-praça,
adossado à igreja, que desempenhará um
importantíssimo papel na vida política local. Com
efeito, é por essa época que o Concelho, embora
sempre controlado pela Coroa, surge como
impulsionador de uma série de alterações
importantes da política citadina; elas terão
tradução no plano, com um acelerar da
aproximação ao porto fluvial da zona ribeirinha e
uma progressiva secundarização da antiga cidade
episcopal românica.
Ao longo de todo o século e até à compra do
senhorio episcopal por D. João I em 1405, a Coroa
e o Concelho, seu aliado, irão prosseguir num
contínuo e tenaz minar dos poderes senhoriais da
Mitra; nessa acção, os Dominicanos auxiliarão os
homens bons e é bem provável que tenha
contribuído para a criação de algumas das matrizes
ideológicas do município. Protagonismo que se
traduzirá numa posição nuclear do plano urbano;
se a importância dos Dominicanos decrescerá – em
favor dos Franciscanos – a partir do século XV,
quando a cidade, após a compra de D. João I, se
torna um senhorio colectivo dependente do rei, na
primeira metade de Quinhentos, contudo, eles
serão ainda determinantes na urbanização da
antiga zona periférica, maioritariamente
constituída por hortas, em que se tinham instalado
trezentos anos antes.
Description
Keywords
Dominicanos Porto Plano Séculos XIII-XVI
Citation
AFONSO, José Ferrão - O convento de S. Domingos e o plano urbano do Porto entre os séculos XIII e XVI. In International colloquium on “Monastic Architecture and the City”, Coimbra, Portugal, 10th - 11th October 2013. Marado, Catarina Almeida (coord.) - Book of abstracts. Coimbra: Centro de Estudos Sociais, Laboratório Associado Univ. Coimbra, 2014. p. 14
Publisher
Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais