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Abstract(s)
A presente investigação tem como tema a felicidade dos idosos e como objeto empírico de pesquisa as perceções de felicidade das mulheres idosas que vivem em Brasília, desde a fundação da cidade, em 1960, e representam as mulheres “pioneiras” na cidade. A felicidade é um conceito subjetivo: para uns, é um estado de espírito, para outros é sinónimo de riqueza material; os mais românticos associam-na ao amor e às experiências pessoais vinculadas à família, ao trabalho, aos relacionamentos amorosos, etc. Num certo sentido, a felicidade é algo pessoal e intransferível. Em cada momento da história, há um consenso do que é ser feliz e cada pessoa constrói uma definição de felicidade de acordo com as suas experiências vitais.Independentemente da forma como a podemos definir, podemos perguntar: até que ponto a civilização contemporânea tem promovido a procura da felicidade e contribuído para a alcançar, ao considerar as conquistas nas áreas da medicina, do trabalho, do lazer, etc., cujos indicadores atestam ganhos objetivos em termos de saúde, escolarização, acesso a bens de consumo e, principalmente, a uma vida mais longa? Em busca de respostas para esta questão, encontramos, no seu sentido mais periférico, literatura de muitas proveniências, desde livros de autoajuda até grupos de estudos místicos. Todavia, somente de alguns anos para cá, a felicidade foi analisada a partir de um prisma mais científico, através da recolha sistemática de evidências e dados empíricos sobre o assunto. Para isso, concorreram os trabalhos de Putnam, R. (2003); Guzman, A., Largo, E., Mandap, L., & Muñoz, V. (2014); Inglehart, R. (2010); Martínez-Martí, M. & Ruch, W. (2017); Sarracino, F. (2013); Singha, P. & Raychaudhuri, S. (2016) e de tantos outros que tem investigado e publicado nesta área. A felicidade tornou-se, assim, um campo de interesse multidisciplinar, onde intervêm os economistas ao investigar as relações entre o rendimento e o bem-estar subjetivo; os sociólogos através da análise da influência dos fatores sociodemográficos; os antropólogos pela via do estudo das origens da felicidade ao longo da evolução humana; os psiquiatras ao investigar as bases bioquímicas das emoções positivas; as pesquisas genéticas que se dedicam à procura de fatores hereditários para explicar a felicidade e os neurocientistas que observam o cérebro “ao vivo” para descobrir qual é o circuito cerebral que produz sensações de bem-estar e felicidade. Posto isto, através de uma abordagem qualitativa, procedeu-se à análise das entrevistas a dez mulheres idosas, entre 78 e 93 anos, de contextos e estratos socioculturais e económicos similares. Relativamente à felicidade objetiva, as categorias que emergiram como principais representações associadas às perceções de felicidade destas idosas foram as relações sociais com ênfase na família; a saúde; a espiritualidade; a segurança financeira e o facto de ter uma rotina prazerosa, bem como uma boa qualidade de vida na cidade de Brasília. Por sua vez, a felicidade subjetiva possibilitou captar diretamente o bem-estar através de categorias como a importância de aproveitar o presente; da independência; da paciência; da autoaceitação; da resiliência e de alguns fatores orientadores de princípios de vida, como o amor, a gratidão, o perdão e a perseverança. As entrevistas permitem-nos concluir que as mulheres idosas da amostra estão no caminho de um envelhecimento bem-sucedido, considerando as suas trajetórias de vida, bem como as suas perceções de felicidade. O estudo revelou que tanto o envelhecimento quanto o bem-estar são fenómenos biopsicossociais e multidimensionais, tendo fatores associados às características pessoais e sociais, que não dependem somente dos idosos, mas também da sua família e comunidade onde estão inseridos.
Description
Keywords
Bem-estar subjetivo Envelhecimento bem-sucedido Felicidade Qualidade de vida
Citation
Duque, E., Marques, L., Silva, T., & Bradão, I. (2021). Perceções de felicidade na perspetiva de mulheres idosas. Um estudo de caso a partir da cidade de brasília. In R. Mancinas-Chávez (Coord.), Universidad, Innovación e Investigación ante el Horizonte 2030 (pp. 816). Ediciones Egregius.