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Fará sentido falar ainda de consciência? Não poderá a linguagem com que descrevemos os nossos atos ser substituída, com vantagem, pela linguagem que é própria das neurociências? Não deveremos hoje falar apenas de cérebro e de mecanismos neurais? Contra as teses eliminacionistas, mas também contra as que definem os estados conscientes como um conjunto de qualidades subjetivas e quase inapreensíveis, o presente ensaio defende a validade das três hipóteses seguintes: 1) a necessidade de falar de consciência para dar conta das experiências vividas de nós mesmos, dos outros e do mundo; 2) a intencionalidade como característica irredutível da consciência, impossível de explicar numa linguagem fisicalista ou na base de modelos computacionais; 3) a relação indissolúvel da consciência com o corpo e com os esquemas corporais de orientação no mundo. Acima de tudo (apoiado nas análises de Merleau-Ponty e, em parte, de Edmund Husserl), o presente ensaio pretende demonstrar que as tentativas de reduzir os fenómenos mentais a estados cerebrais enfermam de um vício inultrapassável: elas recorrem, para explicar tais fenómenos, a uma linguagem fisicalista inapropriada para compreender a sua especificidade, cavando um fosso entre elas próprias, por um lado, e, por outro, a experiência vivida desses fenómenos e a linguagem em que ela se exprime.