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- Exercícios e transformações do olhar: Rilke e o EinsehenPublication . Crespo, NunoEste artigo pretende reconstruir, a partir de diferentes textos em prosa e cartas do poeta Rainer Maria Rilke, aquilo que podemos considerar um método poético. Não é que Rilke tente fixar uma genealogia dos seus poemas, mas em diferentes ocasiões o poeta mostra que a sua poesia depende de um conjunto de exercícios e transformações do olhar. A sua melhor apresentação é feita numa carta a Magda von Hattinberg e surge como um olhar não através das coisas, que usa os seres para chegar ao que está para lá deles, mas a partir do seu interior, do centro das coisas, daquele lugar que faz as coisas serem como são. A este olhar chama Einsehen e ele corresponde ao lugar que Deus, diz o poeta, poderia ter ocupado depois de ter criado um ser, um cão por exemplo, para ver se a sua obra estava bem conseguida. Este olhar, que tem nas Anotações de Malte Laudris Brigge (Rilke, 2003) a sua melhor expressão, é um olhar rápido, próprio de quem quer saltar para a intimidade do que acontece e descobrir as suas perplexidades, um olhar voltado para o singular que quer descobrir o mundo a partir do lado de dentro. Não se trata de anular o sujeito poético transformando-o numa janela, sem identidade, espessura ou presença, através da qual se vê, mas sublinhar a relação do poeta com a exterioridade e o modo como a visão é o operador poético por excelência.