Gabinete de Investigação de Bioética
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Browsing Gabinete de Investigação de Bioética by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Médicas::Biotecnologia Médica"
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- Criopreservação embrionária e neuro desenvolvimento infantilPublication . Neves, Célia Francisca Iglésias Batista; Osswald, Walter Friedrich Alfred; Serrão, Daniel; Jacomo, AntónioINTRODUÇÃO - O extraordinário avanço da procriação medicamente assistida (PMA) criou um “Admirável mundo novo” 1 em que se concretizam muitos sonhos de parentalidade mas onde emergem importantes questões éticas e socio jurídicas. No universo da fertilização in vitro (FIV) só uma minoria dos muitos embriões criados consegue sobreviver aos riscos biológicos e, se houver criopreservação os nascimentos serão reduzidos em cerca de 10%2. De cada 100 embriões que chegam a ser transferidos nascem em média 15 crianças e 4 são prematuras ou têm problemas perinatais; das 11 restantes, 2 terão alterações do desenvolvimento (Hansen, M., Kurinczuk, J., et al. – 2013). Por lei3, a criopreservação de embriões excedentários está limitada a três anos (excecionalmente seis) período após o qual são destruídos ou utilizados em investigação científica mesmo que se pudessem manter viáveis por períodos maiores (Daniel Serrão – 2003) e que tenderiam a aumentar (Papis K., Lewandowski P., et al. -2013). Face a esta realidade cresce a necessidade duma reflexão multidisciplinar alargada tanto mais que 3,5% das gestações em alguns países e 2,1% dos nascimentos em Portugal4, já são resultado da PMA. Sendo estas técnicas recentes 5 também não se conhecem os seus efeitos a prazo, nem a nível genético ou epigenético (Wennerholm UB, Söderström-Anttila V, Bergh C.et al. -2009). Mesmo subestimando os aspectos morais ou éticos, e privilegiando os recursos pragmáticos que viabilizam vidas humanas, evidenciam-se riscos para o ecossistema em que vivemos e a necessidade de compatibilizar o progresso científico com a salvaguarda dos direitos fundamentais (ONU/1975) 6. No estudo que realizámos sobre neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões estiveram criopreservados, avaliámos uma amostra populacional nascida sem problemas neonatais e preenchida pelos «melhores casos» o que nos levou a omitir dos resultados, a dimensão dos riscos da FIV tais como a prematuridade e as suas consequências. Com outra metodologia porém, a comparação das inevitáveis variáveis teria sido impossível num universo tão escasso. Esta investigação situada no âmbito da Bioética e apoiada pela nossa experiência profissional, procurou contribuir para uma demanda científica que é tão fascinante quanto arriscada e que nem sempre respeita o «Primado do embrião humano criado in vivo»7 OBJECTIVO – comparar instrumentalmente o neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões foram submetidos a criopreservação com outras social e demograficamente idênticas mas sem esse antecedente, no intuito de promover a reflexão ética e o conhecimento nesta área. MATERIAL E MÉTODOS – Após a seleção da população baseada no modelo das histórias clínicas, definímos os critérios de amostragem e fizemos um estudo de coorte analítico e não-experimental, cujo modelo foi comparativo, correlacional e descritivo. Selecionámos 60 crianças entre os 20 e os 96 meses, com 36 ou mais semanas de idade gestacional (IG) e ausência de patologia perinatal relevante, as quais foram distribuídas por 3 grupos, de acordo com os antecedentes concepcionais: A amostra índex de conveniência, designada Grupo A integrou 19 crianças com criopreservação embrionária nascidas entre janeiro de 2007 e agosto de 2010. Pertencem a um escasso universo de 350 elementos que integra 80 novos casos anuais e onde apenas 260 possuem os critérios de amostragem. O recrutamento foi difícil e exigiu uma vasta rede de contactos incluindo as novas redes digitais. A idade média do Grupo A é 51 meses (L 21- 96). As restantes 41 crianças formaram 2 grupos controle, obtidos de forma tão aleatória quanto possível, num universo mais vasto. O Grupo B tem 22 crianças nascidas entre janeiro de 2006 e outubro de 2012 após FIV com transferência a fresco e com idade média de 56 meses (L 33-85). O Grupo C integrou 19 crianças de concepção natural, nascidas entre maio de 2007 e março de 2012 e idade média de 48 meses (L 20-85). A FIV dos grupos A e B ocorreu em centros portugueses com tecnologia equiparável. Na avaliação neuro cognitiva usámos a metodologia de Ruth Griffiths (EDMG) e o Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por) que avalia o comportamento e a socialização8. Os dados das avaliações foram protegidos, informatizados em Excel® e exportados para SPSS 17.0 tendo a sua análise incluído testes paramétricos e não-paramétricos de comparação de grupos e correlações bi-variadas. Só ocasionalmente foi possível uma análise multivariada. Nas variáveis qualitativas utilizou-se o Qui quadrado e na presença de frequências baixas (< 5) utilizou-se o teste exato de Fischer para tabelas de dois por dois, maximizando resultados, sem aumentar descriminações. Um valor de P <0,05 foi indicativo de significado estatístico. Houve crianças com características singulares nos 3 grupos e que não completaram as EDMG aplicadas em condições idênticas pela mesma profissional independente.
- Importância do ensino da bioética nas tecnologias da saúdePublication . Santos, Adelino Manuel Moreira dos; Carvalho, Ana Sofia; Pereira, Sandra MartinsContexto: Não há concordância sobre se programas que visam os maiores tópicos em Bioética são mais ou menos úteis do que aqueles que reconhecem e se focam nas preocupações éticas e morais quotidianas dos profissionais. Neste sentido, tem-se como propósito deste estudo perceber qual a importância do ensino da Bioética/Ética médica no quotidiano profissional dos Técnicos de Saúde. Metodologia: A recolha de dados foi efectuada em plataforma online, durante 40 dias. Ao fim deste período obtivemos 1290 respostas válidas (362 ACSP, 321 RAD e 607 FISIO). Resultados; O questionário (IEB), construído e validado pelos autores, obteve uma consistência interna de 0,96 e uma consistência temporal de 0,95. O IEB apresentou 5 subescalas que avaliam a Intensidade dos Questionamentos Morais, a Frequência dos Questionamentos Morais, a Satisfação com o Trabalho e Envolvimento nas Decisões, a Dificuldade na Reflexão Ética e a Frequência na Reflexão Ética (CMIN/DF=4,924; SRMR=0,093). Os profissionais com formação específica em Bioética estão significativamente mais envolvidos na tomada de decisão ética e apresentam maior intensidade e frequência nos questionamentos morais (p<0,05), embora o tempo de formação não interfira nesta relação. No que diz respeito à formação específica em Deontologia, os profissionais com este tipo de formação, têm significativamente menos dificuldade na reflexão ética e mais dificuldade nos questionamentos morais. Verificouse também que, quanto menos tempo de formação, menor a satisfação e envolvimento na tomada de decisão ética e maior a intensidade e a frequência nos questionamentos morais. Quanto ao número de disciplinas de Bioética/Ética médica verifica-se que influenciam positivamente o envolvimento na tomada de decisão ética, na frequência e na intensidade dos questionamentos morais. Conclusões. Pensamos estar criado um espaço para uma discussão aprofundada da gestão das práticas pedagógicas que permitam aos alunos, futuros profissionais, obter uma maior capacidade para construírem e aplicarem conhecimentos perante as variadas formações para a tomada de decisão ética. Ela passa pela intensidade, frequência e dificuldade que a mesma implica e, daí a necessidade do incremento desta reflexão de forma a incluir os assuntos éticos no quotidiano dos profissionais.
- Perfil de competências éticas para gerir unidades de saúde hospitalaresPublication . Silva, Amélia da Conceição Rego da; Serrão, Daniel; Araújo, BeatrizA eticidade diz respeito à aptidão para exercer a função ética, atuando em sintonia com os princípios e valores preconizados pela ética, sobretudo o respeito pela pessoa humana. Esta dissertação intitulada Perfil de competências éticas para gerir Unidades de Saúde Hospitalares emerge da perceção de que existem desigualdades na garantia dos direitos de acesso aos cuidados de saúde, com universalidade e equidade, motivadas pelas restrições de natureza económica. A investigação aborda a interface de duas áreas - Bioética e Gestão -, no contexto dos cuidados de saúde, especificamente nos hospitais. Espera-se que contribua para identificar a base axiológica sobre a qual se devem apoiar os gestores em saúde, operacionalizar um perfil de competências éticas para gerir hospitais com vinculação a valores e encontrar resposta à questão: o sistema de valores humanos e a ética dos gestores hospitalares influencia a decisão? A conceção e a relevância do estudo advêm do facto de a pesquisa em bases de dados ter demonstrado carência de estudos relacionados com a ética da gestão em saúde. Esta lacuna de investigação, o âmbito e os objetivos do estudo, tornam-no de clara pertinência no atual contexto social, político e do Setor da Saúde. A pesquisa adota metodologia quanti qualitativa, de tipo correlacional, valendo-se da aplicação do questionário Eticidade da Gestão Hospitalar, por nós construído e validado, para proceder à avaliação do agir ético do gestor hospitalar, identificando o perfil de competências éticas necessárias para gerir Unidades de Saúde hospitalares. A metodologia qualitativa utiliza pesquisa documental e a análise de conteúdo incidiu sobre o texto relacionado com missão, valores e visão dos hospitais, disponível na Internet. A amostra é constituída por 421 profissionais de saúde, que exercem funções de gestão em 25 hospitais do Serviço Nacional de Saúde e hospitais convencionados, da Zona Norte de Portugal, independentemente do modelo de gestão e representativos dos setores público, privado e social. Os resultados encontrados afirmam que os profissionais de saúde, além da consideração da perspetiva filosófica das pessoas, respeitam a sua multidimensionalidade complexa reconhecendo a singularidade e a individualidade pessoal, social e cultural. Com base no modelo de análise construído e nos dados do estudo empírico, este estudo conclui que os gestores dos hospitais analisados integraram as orientações inseridas no código deontológico do seu grupo profissional e possuem um quadro de competências éticas, agindo referenciados pelo paradigma ético do personalismo.