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- A Bioética em gestão da saúde : a tomada de decisão: DMUU Novo vs. DMUU ReprocessadoPublication . Carneiro, Maria João de Carvalho Reis; Rebelo, Luís Francisco de Gouveia Durão Pina; Ferreira, António Bartolomeu JácomoA sustentabilidade financeira dos Sistemas de Saúde representa um problema da atualidade. Em Portugal, agudizado pela crise financeira, e para o controlo das despesas, a classe política e os profissionais de saúde, procuram soluções e novas práticas de gestão que possam promover uma distribuição de recursos mais justa e equitativa. Esta investigação pretende refletir e levar a refletir sobre uma alternativa tecnológica muito recentemente adotada em algumas unidades de saúde a nível mundial, com o intuito de equilibrar gastos. É uma tomada de decisão crítica e a sua a avaliação/reavaliação é pertinente e deve incidir sobre atos de clínica cirúrgica, invasivos, onde a segurança do doente deve ser acautelada, e os princípios bioéticos inerentes à gestão da saúde não devem ser comprometidos. Diz respeito ao estudo da utilização de Dispositivos Médicos de Uso Único (DMUU) após reprocessamento. O contexto da investigação foi posicionado no Centro Hospitalar de S. João (CHSJ) no Porto, enquanto estrutura orgânica e hospitalar estatal inserida numa comunidade universitária, e enquanto palco onde ocorrem e se desenvolvem práticas de estudo, aprendizagem e investigação. A recolha de dados foi facultada a partir de uma base de dados informática desenvolvida por este Centro Hospitalar (HVital), o que evidencia a importância da inovação e do recurso a novas tecnologias facilitadoras de estudos transversais a vários saberes das ciências médicas e sociais. Recorremos a metodologia quantitativa a partir de uma amostra de 2344 pacientes intervencionados nos Bloco Operatório Central deste Centro Hospitalar. Constam na amostra, diversas Técnicas/Procedimentos Cirúrgicos, abrangendo patologias de todas as áreas de especialidade clínica, durante os anos 2014 e 2015. Os resultados da componente empírica desta investigação pretendem configurar uma Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) em contexto cirúrgico, e como tal, medir consequências desta opção tecnológica para que se adquiram mais certezas, e se possível e necessário, se proponham melhorias. Para este objetivo, as questões de investigação foram: 1) qual o nível de segurança eficácia e efetividade do protocolo de reprocessamento dos DMUU; 2) a utilização de material reprocessado é uma tomada de decisão economicamente compensatória; 3) é uma estratégia de gestão que vai de encontro aos princípios éticos; 4) os pacientes são informados das condições e alternativas dos equipamentos com que são intervencionados e dos riscos a que são submetidos. Os resultados apontam para que se considere o Reprocessamento de DMUU um procedimento de risco. Apesar de grande parte das variáveis relativas ao acompanhamento clínico dos pacientes intervencionados nos grupos de estudo (cirurgias realizadas com DMUU novo Versus cirurgias realizadas com DMUU reprocessado), não evidenciarem diferenças significativas para estes dois grupos, outras variáveis apresentam resultados que indicam, que ao contrário do que foi dado como requisitos experimentais uniformes e isentos, ou seja, a aleatoriedade de seleção de pacientes para cada um destes grupos, não foi o que se verificou na prática de ensaio. Este facto levanta alguma perplexidade sobre as causas que terão levado a esta mudança de condições experimentais. Outra constatação pertinente é a comprovada necessidade de aperfeiçoamento do Processo de Reprocessamento que ainda apresenta lacunas que carecem de uma abordagem pragmática e que continuam a constituir preocupação para entidades governamentais e privadas a nível nacional e internacional. As respostas e resultados relativamente à salvaguarda dos princípios da bioética evidenciaram a urgência de um trabalho de fundo sistematizado, pelo que encontramos de algum facilitismo e desrespeito por esta área. Há um longo caminho a percorrer na sensibilização das organizações, sobre a importância de que se reveste o cumprimento dos princípios e valores éticos na área da saúde, para uma eficaz e eficiente humanização organizacional.