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- Dinâmicas de promoção de desenvolvimento profissional docente : um estudo de visões e práticas em escolas católicasPublication . Correia, Eulália Maria Borges; Roldão, Maria do Céu NevesO desenvolvimento profissional de um docente é um longo e diferenciado processo que, encontrando na formação inicial a sua primeira etapa, não é da sua única e exclusiva responsabilidade mas também da instituição em que trabalha pois dele se espera que resultem benefícios diretos para os alunos e para a própria escola enquanto organização. Neste trabalho procedeu-se à análise dos Projetos Educativos e dos Regulamentos Internos de um conjunto de escolas católicas propriedade de diferentes congregações religiosas e de uma diocese, bem como à análise das respostas dos Diretores a um questionário, a fim de conhecer as suas visões e práticas de promoção do desenvolvimento profissional dos docentes que trabalham nas suas escolas. Os resultados do estudo indicam que as escolas católicas analisadas privilegiam, em termos de desenvolvimento profissional, a formação pessoal dos seus professores; que o processo de supervisão, quando existe, visa, sobretudo, o cumprimento da lei que obriga as escolas particulares e cooperativas a procederem à avaliação de desempenho dos seus docentes, e não tanto a melhoria das práticas e do conhecimento profissional do docente, estando aquele processo fortemente centrado nas chefias de topo; que os dispositivos/técnicas utilizadas minimizam o recurso à observação de aulas e que os efeitos resultantes limitam-se ao enfoque na formação. Estes resultados revelam, ainda, uma discordância entre o pensar e o agir. Seria importante que, no futuro, as escolas católicas encarassem o desenvolvimento profissional docente com a importância que o mesmo merece e que implementassem processos supervisivos conducentes à melhoria do desempenho docente e da qualidade da ação educativa, no quadro da cultura que lhes é específica.
- Traduzir um texto inacabado : O Livro do Desassossego em Portugal e na AlemanhaPublication . Lindemann, Verena Pia Sonia Monika; Lopes, Maria Alexandra AmbrósioApesar de nunca ter sido publicada numa versão autorizada pelo autor, o Livro do Desassossego marcou a receção da obra pessoana fora e dentro de Portugal. Dos por volta de quinhentos fragmentos da primeira edição em livro, publicada em 1982, Pessoa apenas publicou doze. Além de inéditos, os trechos também não estavam organizados, mas encontravam-se dispersos na famosa arca de Pessoa. Por isso, a publicação em volume exige um trabalho editorial considerável requerendo, além da transcrição dos manuscritos, escolhas a nível da ordenação e seleção dos textos. De facto parece possível defender que existe uma intervenção coautoral dos editores que se manifesta nas diversas edições, dando origem a versões distintas do Livro que resultam de escolas e abordagens teóricas e editoriais diferentes. Também no contexto da tradução, o Livro é particularmente interessante por levantar a questão de saber como se traduz um texto que só existe em formas múltiplas. Em alemão existem, por exemplo, duas traduções com abordagens diferentes relativamente às edições portuguesas. O primeiro tradutor, Georg Rudolf Lind, propõe uma seleção e ordem própria dos fragmentos, em vez de respeitar a organização da primeira edição portuguesa. Na segunda tradução, pelo contrário, a tradutora segue a organização proposta na edição portuguesa de Richard Zenith, mas pretende, ao mesmo tempo, fazer uma revisão da versão de Lind, apesar das diferenças em termos de ordem e seleção dos trechos. Devido à falta de uma versão definitiva, o Livro do Desassossego levanta várias questões a nível da autoria e da circulação do texto, pondo em causa as noções românticas de obra e autor. A presente dissertação analisa, por isso, as edições portuguesas e as traduções alemãs, sugerindo que representam versões diferentes que assentam em interpretações distintas. Em vez de um objeto estável, trata-se de um processo inacabado de produção de significado em que vários indivíduos contribuem para a construção da obra. Nesta perspetiva, as fronteiras entre edição e tradução, entre texto de partida e texto de chegada tendem a apagar-se e não se conceptualiza a figura do autor como um indivíduo que dá origem a uma obra, mas como uma construção cultural que serve para classificar e caracterizar realidades discursivas. Deste modo, apesar da pluralidade textual, os nomes da obra e do autor servem para unir as várias versões num projeto comum e condicionam a circulação do Livro dentro e fora de Portugal.
