Browsing by Author "Vital, Isabel Cristina Madeira"
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- O masculino e o feminino como estratégias linguísticas do discursoPublication . Vital, Isabel Cristina Madeira; Casanova, Isabel SalazarHá pouco mais de cinquenta anos, quem não se lembra da primeira televisão lá em casa e, alguns anos mais tarde, o prodígio da primeira televisão a cores? Quase três décadas depois, o computador de secretária revelava-se uma máquina fantástica! Era grande, ocupava imenso espaço, mas o seu trabalho compensava a falta de espaço, os fios espalhados pelo chão e a falta de estética do aparelho, relativamente ao resto do ambiente. Não posso deixar de mencionar os telemóveis: quem não comparou já a vida antes e depois do surgimento deste aparelho?! Considero-me uma privilegiada não só por usufruir, mas também por ter assistido de tão perto a uma evolução relâmpago da tecnologia. Refiro-me ao quotidiano e a aparelhos que, hoje, fazem parte da vida de todos nós. No entanto, apesar de toda a divulgação, não chegamos a ter uma noção autêntica de muita da evolução na área da medicina, da ciência ou da engenharia, para citar apenas alguns exemplos. Na verdade, o progresso tecnológico foi, talvez, um dos sinais mais evidentes da tremenda evolução pela qual a humanidade tem passado. Isto é, têm sido grandes, mas nem sempre suficientemente conhecidos todos os passos dados em direção a uma humanidade mais evoluída, mais capacitada e mais competente. Temos assistido a uma revolução de grandes proporções, mas terão as mentalidades acompanhado o ritmo e correspondido ao desafio trazido pela revolução tecnológica? A mulher libertou-se da dependência do homem, saiu de casa, começou a trabalhar, acabando por concretizar o objetivo pelo qual lutou durante tantos anos: a auto-suficiência. Por seu turno, o homem assume tarefas que até então eram consideradas exclusivamente femininas e afirma-se na administração doméstica. Casos há em que, praticamente, homem e mulher trocaram de lugar ou então profissões, tidas como femininas, em que os homens dão cartas: na culinária e na moda, por exemplo, os homens não deixam o crédito por mãos alheias. A barreira do preconceito, a hierarquia e a tradição com séculos de vida, parecem, à primeira vista, ter dado lugar a uma renovação de mentalidades ou de conceções do mundo e de como este deveria ser regulado, se assim preferirmos. No entanto, a rivalidade não só se mantém como parece estar ao rubro. O movimento femininista terá mantido acesa a disputa entre homem e mulher: os desafios surgem constantemente e fornecem o combustível para que não consigamos vislumbrar o fim da referida disputa. Possivelmente, todos ambicionamos uma sociedade menos discriminatória, mais justa, mais igualitária. Uma sociedade que perspetivasse o ser humano no seu todo, independentemente da raça, religião ou sexo, entre outros. A expressão sexo fraco pressupõe um sexo forte e expressões como estas vão revelando o caminho que ainda não percorremos nesta área, apesar de já haver inúmeros setores onde homem e mulher unem as suas forças para dar o seu melhor: a carreira militar, por exemplo. Talvez este seja um dos sinais de que, afinal, as fraquezas são somente diferenças e que, enquanto tal, podem e devem ser aproveitadas e canalizadas da melhor forma. É através da linguagem, como instrumento do pensamento, que se viabiliza, ou não, esta possibilidade. É através da linguagem que se vai monitorizar o avanço ou retrocesso. e é também através desta que, simultaneamente, se modificam mentalidades e se deixam transparecer as mudanças. A linguagem é, ao mesmo tempo, o instrumento, porque contribui para a operacionalização do processo de mudança e o objetivo final, porque serve de espelho da referida mudança. O objetivo deste trabalho é contribuir para demonstrar que as diferenças entre a linguagem feminina e masculina mais não são que caminhos diferentes para veicular informação, fruto de maneiras distintas de encarar e transmitir a nossa visão do mundo. Percorrendo diversos autores, este trabalho revela a perspetiva transversal segundo a qual existem diferenças comprovadas entre o discurso feminino e o discurso masculino. O passo seguinte, já preconizado por alguns dos estudiosos, será no sentido de, favoritismos à parte, assumir a masculinidade ou feminilidade como dois caminhos na mesma direção ou duas estratégias para o mesmo fim: uma sociedade mais coesa.
