Browsing by Author "Pinto, Carlos Alexandre Alves"
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- O Altar : que lugar, que presença? : espacialidade litúrgica e renovação eclesial pós-conciliarPublication . Pinto, Carlos Alexandre Alves; Fontes, Paulo Fernando de OliveiraO presente trabalho procura investigar o lugar e presença do Altar no espaço litúrgico e o seu papel na comunidade crente, sob o processo da renovação eclesial pós-conciliar. Tal objetivo implica uma (re)leitura das etapas do Movimento Litúrgico pré-conciliar, dos documentos conciliares e papais, bem como do próprio ritual da dedicação do Altar. Verificámos a necessidade de uma renovação no modo de fazer a liturgia de então. É na praxis litúrgica que nos deparamos com o mistério que no Altar se realiza – Cristo morto e ressuscitado. Neste processo, pudemos redescobrir a necessidade de compreender a dimensão simbólica e sacral das realidades que compõem a liturgia. Reconhecendo a renovação eclesiológica – Igreja, Corpo Místico de Cristo, Povo de Deus, Sacramento de Salvação, Comunhão – percebemos a necessidade de aproximar a gestualidade litúrgico-simbólica da comunidade crente. Partindo daqui, compreendemos o convite conciliar a uma nobre simplicidade no modo de fazer e agir em Igreja e no espaço igreja. Este indicativo, ampliado além das artes, manifesta um caminho da procura da verdade, onde a ação litúrgica e vida do homem tocam a presença de Deus. Esta linha de investigação está plasmada na primeira do presente trabalho. Na segunda parte, fomos conduzidos por um conjunto de três autores: Romano Guardini, Frédéric Debuyst e Jean-Yves Hameline. A partir dos seus textos sobre o Altar, colocámos no centro da reflexão a nossa questão – O Altar: que lugar, que presença? Neles encontrámos a intuição da necessidade de um caminho antropológico ritual. De facto a experiência fenomenológica conduz a uma compreensão de que o espaço arquitetónicoartístico-litúrgico não pode ser compreendido como um conjunto de normas, mas deve permitir introduzir-nos no Mistério Pascal de Cristo. Ele é a verdadeira arquitetura do espaço litúrgico. Com estes autores aprendemos a olhar o Altar, a liturgia, sob outro prisma. A ele só se acede se estiver sedimentado o caminho feito pela Igreja e pela Tradição. Com estes autores somos postos diante das realidades simbólicas que o Altar deverá condensar pela sua forma e posicionamento espacial no quadro da liturgia católica. A terceira parte integra dois momentos. A construção de uma gramática de leitura com base no percurso feito e a aplicação da mesma a três casos de estudo. O primeiro momento 10 procura construir um instrumento que permita focar a nossa atenção naquilo que não deve ser descurado ao pensar-se e analisar-se o Altar. A gramática é composta por dois ramos: função e forma. Com eles o nosso olhar foca-se nas questões da funcionalidade litúrgica, na sua carga simbólica e, por outro lado, na forma do Altar. Esta concentra a nossa atenção nas realidades mais formais resultantes do entendimento teológico-litúrgico que o Altar é e contém, remetendo para os parâmetros mencionados: linguagem, escala, proporção e orientação. O segundo momento revela-se como um exercício prático aplicando a gramática de leitura a três casos de igrejas existentes na diocese de Lisboa. Cada uma apresenta aspetos da procura da verdade entre arquitetura e renovação eclesial e litúrgica. São todas igrejas matrizes, pois quisemos focar a nossa observação de altares em contexto de comunidade paroquial. Correndo o risco de melhores exemplos terem ficado de fora, julgamos que estes exemplos manifestam a vontade eclesial de construir com e para o homem do seu tempo. Cada um destes espaços revela a seu modo a experiência do Altar como lugar de encontro e da presença do Deus que se faz presente. A resposta à presença e lugar acontece quando o crente acolhe o Mistério Pascal. Na expressão de São Cirilo de Alexandria, O Altar é Cristo, é uma pessoa. Ele tem uma história, uma vida, um desejo. Na medida em que o crente se deixar tocar pelo mistério que no Altar tem lugar, compreenderá qual a verdadeira presença e lugar que este objeto deverá permitir manifestar.