Browsing by Author "Moreira, Carlos Francisco Nunes da Rocha"
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- Delirium : dimensão do problema num serviço de cuidados paliativosPublication . Moreira, Carlos Francisco Nunes da Rocha; Amado, João; Gonçalves, EdnaO delirium é uma complicação potencialmente causadora de grande sofrimento em doentes em contexto de cuidados paliativos. Em alguns estudos é comum, no entanto, neste tipo de população, existe um largo intervalo nos valores de incidência e prevalência conhecidos da literatura. OBJECTIVOS: Avaliar a ocorrência de delirium em doentes seguidos na consulta de suporte intra-hospitalar (CSIH) e consulta externa (CE) de um serviço de cuidados paliativos; avaliar a existência de associação entre diagnóstico de delirium e local de seguimento num serviço de cuidados paliativos (CSIH e CE) e avaliar a existência de associação de diagnóstico de delirium e mortalidade. METODOLOGIA: Foi efetuado um estudo prospetivo de 1 de Janeiro a 31 de Março de 2011 num hospital central universitário. Todos os doentes admitidos no serviço (pela equipa de suporte intra-hospitalar ou consulta externa) durante este período de estudo foram convidados a participar e foram avaliados com o Confusion Assessment Method (CAM) e Mini-Mental State Examination (MMSE) (nos doentes internados e seguidos pela equipa de suporte intra-hospitalar de três em três dias; nos doentes em ambulatório e seguidos pela consulta externa em todas as consultas realizadas com intervalos superiores a três dias). RESULTADOS: Nos 119 doentes avaliados (114 oncológicos) o delirium foi diagnosticado em 49 (41,2%): em 11 dos 45 doentes avaliados somente em CE (ambulatório) (24,4%); em 27 dos 49 doentes avaliados somente pela CSIH (contexto de internamento) (55,1%); em 11 dos 25 doentes avaliados em ambos os contextos ao longo do estudo (CSIH e CE) (44,0%) (p<0,05). Durante o período de estudo faleceram 51 doentes, tendo sido diagnosticado delirium em 33 (64,7%) destes doentes, enquanto nos 53 doentes em seguimento no final do estudo em somente 12 (22,6%) foi efetuado este diagnóstico (p <0.05). O risco de morrer foi maior nos doentes com delirium (risco relativo 2,40; IC a 95%: 1,57-3,67). As curvas de sobrevivência dos doentes com delirium e sem delirium revelaram um tempo de sobrevivência mais reduzido nos doentes com delirium (p<0,001). Em nenhum dos cinco doentes não oncológicos envolvidos no estudo (4,2%) foi diagnosticado delirium. CONCLUSÕES: No presente estudo, 41,2% da população de cuidados paliativos apresentou delirium, sendo mais frequente nos doentes seguidos em contexto de internamento hospitalar (CSIH) e nos doentes que faleceram durante o período do estudo. O delirium esteve associado a maior risco de morte (risco relativo=2,40).