Browsing by Author "Castro, Maria Leonor Pereira Oliveira"
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- Figurações da velhice nos romances Em Nome da Terra e a Máquina de Fazer EspanhóisPublication . Castro, Maria Leonor Pereira Oliveira; Martins, José Cândido de OliveiraAo longo dos tempos, a velhice e os velhos suscitaram uma dupla tendência na forma como são perspetivados, ora vistos como momento de sabedoria e de experiência e sinónimo de venerabilidade, ora como fase de decrepitude e encargos familiares e sociais onerosos e incó-modos. Esta ambivalência refletiu-se, genericamente, nas diversas áreas das diferentes civiliza-ções, da ação e discurso políticos, à reflexão filosófica, passando pela arte. Na sociedade pós-moderna e contemporânea, esta ambivalência tornou-se mais teórica do que prática, pois a crise de valores e a idolatria do novo atiraram o velho para um lugar marginal. Porque não contribui ativamente para a sustentabilidade das economias e porque é a prova concreta da corruptibilida-de e finitude do Homem, o velho é lançado para instituições, submetido à aparentemente inevi-tável categorização, anulando-se as especificidades, negando-se a sua autonomia, apagando-se a sua dignidade. Como se posiciona a literatura, especificamente a portuguesa, perante esta realidade? Que figurações nos dá da velhice na sociedade contemporânea? Os romances Em Nome da Ter-ra e a máquina de fazer espanhóis, com as especificidades inerentes ao perfil de autores de ida-des, enquadramentos e vivências diferentes, constituem bons exemplos dessa representação. Depositados pelos filhos num lar de terceira idade, os seus protagonistas têm de enfrentar a per-da: das companheiras de uma vida, da sua autonomia, da sua integridade. Lutando contra momentos de profunda solidão, estes velhos têm de (re)aprender a viver, descobrindo, num tempo que convencionalmente se acha estéril e desprovido de qualquer criação, um propósito para estar no mundo (que parece já tê-los excluído), o sentido para a vida, contrariando os efei-tos nefastos do tempo, fixando-se na plenitude dos instantes, provando, assim, a validade do ser humano até ao último minuto.