Browsing by Author "Campos, Maria Joana Alves"
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- Contributos para um modelo de gestão da qualidade dos cuidados de enfermagem nas equipas de cuidados continuados integradosPublication . Campos, Maria Joana Alves; Silva, Abel Avelino de Paiva eNos países da OCDE assiste-se a um crescimento da população idosa, pelo que urge encontrar novas formas de providenciar cuidados às pessoas com doenças crónicas e em situação de dependência, bem como às suas famílias. Será imperioso encontrar novas métricas para avaliar o impacto destes cuidados na saúde e bem-estar das pessoas dependentes e familiares cuidadores, bem como também avaliar o desempenho dos serviços prestadores de cuidados. Os cuidados continuados de longa duração terão tendência a aumentar e consequentemente os gastos com os mesmos. A investigação teve como finalidade contribuir para a melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados às famílias que integram pessoas dependentes no autocuidado, através da construção de contributos para um modelo de gestão da qualidade dos cuidados baseado em resultados. Inicialmente tentámos perceber quem seriam os potenciais clientes das equipas de cuidados continuados integrados, para usar esta informação válida no início do processo de investigação-ação, levando a cabo um estudo de base populacional no concelho de Matosinhos. No sentido de contribuir para um modelo de melhoria contínua da qualidade neste contexto de cuidados, partiu-se de informação válida traduzida em indicadores de resultado dos cuidados de enfermagem enquanto forma para repensar a qualidade do exercício profissional dos enfermeiros. Para tal, foi desenhado um ciclo de investigação-ação. A reflexão acerca das oportunidades de desenvolvimento, a partir do modelo II de Argyris & Schon (1982), sobre a informação válida levou a mudanças. No concelho de Matosinhos, 9,5% das famílias clássicas integram dependentes no autocuidado. Os dependentes são mulheres (58%), a instalação da dependência foi gradual (52%), apresentam alterações dos processos corporais (80,2%), como a rigidez articular e verifica-se que 42,15% são grandes dependentes, ou seja, acamados. Os familiares cuidadores são mulheres (81%) que coabitam com a pessoa dependente (78%), irmãs ou filhas, casadas e sem ocupação profissional nem escolaridade. Quanto aos cuidados que prestam são maioritariamente os de manutenção da sobrevivência como o alimentar. Foi possível obter ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem em oito domínios – tegumento, autocuidado, movimento muscular, equilíbrio corporal, limpeza das vias aéreas, dor, movimento articular e respiração, relacionados com a pessoa dependente, mas também com o familiar cuidador mais concretamente com a sua preparação para tomar conta. Percebeu-se que a reflexão conduziu a uma mudança de paradigma na prestação dos cuidados. Da tónica centrada nos tratamentos das úlceras de pressão ou na administração da medicação, passou para a ênfase nas transições vividas pelas pessoas e famílias, emergindo novos conceitos centrais, como a consciencialização, a atitude face ao cuidado. A reflexão sobre os cuidados em torno das necessidades básicas dos clientes que exigem cuidados complexos, como posicionar, transferir, executar movimentos músculo articulares, com a intenção de substituir a pessoa quando ela não é capaz e promover a independência quando é possível, mas também, da capacitação do familiar cuidador para o desempenho do papel e a consciencialização das mudanças e implicações na vida individual e familiar, foram uma constante. Conseguir produzir indicadores relevantes para a prática de enfermagem na vertente da tomada de decisão autónoma é, por si só, muito relevante. O facto de os mesmos se referirem ao core da disciplina, torna-os ainda mais relevantes. Realçamos a informação válida que traduz modificações positivas no domínio do autocuidado e também nas capacidades e conhecimentos da pessoa dependente, bem como da capacitação do familiar cuidador para o desempenho de papel. A reflexão-ação, como pilar do processo de melhoria contínua da qualidade, leva a mudanças importantes e novas perspetivas de ação dos enfermeiros.