Browsing by Author "Cabrita, Cristiano José da Ponte"
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- A grande estratégia de hegemonia norte-americana : o lugar do neoconservadorismo na política externa dos EUA : 1972-2009Publication . Cabrita, Cristiano José da Ponte; Franco, LíviaApós a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América (EUA) desenvolveram uma política externa baseada num processo de construção e legitimação hegemónico, consentâneo com a defesa dos princípios da democracia, do liberalismo económico e da paz. No âmbito desta grande estratégia hegemónica (Grand Strategy), e como parte integrante desta acção, foi possível assistir à evolução de uma concepção de política externa distinta, baseada em ideias, conceitos e orientações ideológicas emanadas do neoconservadorismo, em particular a partir da década de 70. A face mais visível deste pensamento surgiu durante a Administração de George W. Bush, após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. A derrota Republicana, nas eleições presidenciais de 2008, foi interpretada pelos críticos como uma renúncia às políticas – em particular, ao nível externo – daquela Administração. Consequentemente, assumiu-se que o ciclo do neoconservadorismo chegava ao fim. Curiosamente, a vitória político-ideológica sobre a União Soviética, durante a Administração de Ronald Reagan, foi explicada como sendo um resultado do sucesso do neoconservadorismo no âmbito da política externa. Paradoxalmente, por essa razão, alguns dos fundadores do neoconservadorismo, como Irving Kristol e Norman Podhoretz, vieram também advogar o seu desaparecimento. Ou seja, independentemente do contexto, o neoconservadorismo é constantemente confrontado com dúvidas sobre a importância do seu contributo no que se refere ao processo de decisão político dos EUA, sobretudo, no âmbito da sua agenda externa. Segundo esta Tese, o neoconservadorismo é uma escola de política externa que assenta num pensamento com uma complexidade histórica e uma importância político-intelectual para a política exterior dos EUA nem sempre reconhecidas. Principalmente, acrescenta um outro entendimento – numa lógica de complementaridade, mas indispensável, – sobre a forma como foi edificada a grande estratégia de hegemonia dos EUA. Ou seja, esta Tese não argumenta que o neoconservadorismo foi apenas a única escola de política externa com um contributo relevante para a actual construção hegemónica dos EUA, nem que está sempre no centro do processo decisório. Argumenta-se, isso sim, que esta escola de pensamento desempenhou um papel próprio em alguns dos mais importantes momentos da História política dos EUA e que deve ser levada em linha de conta por qualquer decisor político racional ou analista. Esta relevância é sobretudo visível no período de tempo que delimita a criação da Coligação para Uma Maioria Democrata (Coalition for a Democratic Majority – CDM), em 1972 – porque consideramos que marca o princípio de uma identidade própria do neoconservadorismo em termos de política externa –, e as duas Administrações de George W. Bush (2001-2009), expoente máximo daquilo que foi a projecção política dos princípios do neoconservadorismo. Por isso, ao contrário dos argumentos que advogam o seu fim e que apelam, directamente ou indirectamente, à sua “momentaneidade”, considera-se que o neoconservadorismo não está “morto”. Pelo contrário, tem um largo futuro pela frente devendo ser tido em conta na análise da projecção da hegemonia norte- americana, tanto no último quartel do século XX, como é, claro, no século XXI, que agora se inicia.