Browsing by Author "Brasil, Ana Catarina Silveira"
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- Do mar ao(s) livros(s) : açorianidade e (in)traduzibilidade em mau tempo no canal, de Vitorino NemésioPublication . Brasil, Ana Catarina Silveira; Lopes, Maria Alexandra AmbrósioDo Mar ao(s) Livro(s) procura refletir sobre a açorianidade – e a condição de ser ilhéu –, olhando-a de um novo prisma: o da sua (in)traduzibilidade. Partindo do romance Mau Tempo no Canal (Bertrand [1944] 1994), de Vitorino Nemésio, nesta tese analisa-se a sua tradução para língua francesa, da autoria de Denyse Chast, intitulada Gros Temps sur L’Archipel (Éditions de La Différence, 1988, 2014) – inicialmente editada sob o título Le Serpent Aveugle (Plon, 1953) e a única publicada em vida do autor, que acompanhou de perto o processo de tradução –, bem como a sua tradução para língua inglesa, da autoria de Francisco Cota Fagundes, Stormy Isles: an Azorean Tale (Gávea-Brown, 1998; Tagus Press, 2019). O principal foco de análise será as marcas da açorianidade patentes no romance e o seu tratamento nas referidas traduções. Para o efeito, entenda-se “marcas da açorianidade” como traços identitários do povo açoriano materializados em Mau Tempo no Canal em duas vertentes: Heterolinguismo – externo e interno, ou seja, entendido como a utilização, no romance, não só de línguas estrangeiras, mas também de variedades da língua portuguesa, incluindo o recurso a regionalismos híbridos de base anglo-americana (como “alvarozes” [1994:109] overalls) –, bem como Descrições da Paisagem e do Clima. Ambas as vertentes integram referências a diversos aspetos da vivência açoriana, da fauna à flora, à baleação, às tradições culturais e religiosas, remetendo com frequência para a história dos Açores. É, portanto, minha convicção que a presença, no romance, destes elementos difunde e subsidia a noção de açorianidade, concebida por Nemésio cerca de uma década antes da publicação de Mau Tempo no Canal. Assim, ao traçar a história interna da tradução do romance, constitui esta tese um estudo comparativo textual das edições de língua portuguesa, francesa e inglesa, com vista a identificar os efeitos das estratégias tradutórias adotadas no entendimento do romance, em particular na perceção e disseminação da açorianidade que o caracteriza. Além disso, procura desenhar a história externa da tradução da obra, apresentando, para tal, um estudo comparativo peritextual de todas as traduções existentes do romance (além de traduzido para francês e inglês, Mau Tempo no Canal está também publicado em russo e polaco), promovendo assim o entendimento do processo de exportação da obra. Com o intuito de dar visibilidade aos tradutores e às traduções do romance, colocando particular ênfase nos fenómenos de heterolinguismo e (in)traduzibilidade, espera-se que Do Mar ao(s) Livro(s) possa assumir-se como um documento de consulta e de trabalho para quem se interesse por tais temas, bem como contribua para o aprofundamento do estudo da açorianidade, da insularidade, de Nemésio e de Mau Tempo no Canal, profundamente marcado pela voz do povo açoriano.