Browsing by Author "Azevedo, Stella Zita Braga e Couto de"
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- Bioética da finitude : a questão bioética no pensamento contemporâneoPublication . Azevedo, Stella Zita Braga e Couto de; Curado, José Manuel RobaloA presente dissertação propõe uma reflexão sobre a ciência da Bioética. Defende-se que os problemas bioéticos são inseparáveis de problemas antropológicos fundamentais como os da finitude e da vulnerabilidade. Considera-se que o discurso bioético tende a simplificar a natureza e as experiências humanas adotando um ponto de vista claramente influenciado pelas ciências e pela tecnologia. A finitude da existência humana implica quer uma alteração do sentido da expressão do reconhecimento ou alteridade, quer o poder de fazer aparecer o ethos nas suas estruturas constitutivas. A finitude é limite inultrapassável da vida porque é trespassada pelo cuidado, pelo compromisso político-social com o outro, fazendo do ser situado um instante entre o nascimento e da morte. É porque o conceito existencial de “fim” contém mais do que o conceito epistemológico de “limite”, a compreensão da finitude não pode ser extraída dos saberes “positivos” sobre o corpo, nem da análise do valor epistemológico-cognitivo do corpo. Essa compreensão precede toda a biologia e ontologia da vida: existência, facticidade, perda, luto, festa, caracterizam a finitude, e são constitutivos dos conceitos existenciais de saúde, contingência, doença, morte, sofrimento, de responsabilidade relacional. Neste âmbito, defende-se que uma das finalidades da Bioética será a de questionar as soluções encontradas pelos atuais paradigmas que tutelam a novel área de reflexão. Denuncia-se a falta deste questionamento, e o acantonamento do debate bioético contemporâneo a uma simplificação de prós e de contras, simplificação dominante no discurso anglo-saxónico. Depois da denúncia da limitação filosófica do escopo do debate, propõe-se como alternativa uma Bioética da Finitude, só compreensível à luz de uma ética do cuidado. Neste contexto, articula-se a teoria do reconhecimento de tradição hegeliana e os conceitos de experiência de alteridade, finitude, facticidade, falibilidade, vulnerabilidade e responsabilidade relacional. Esta tradição de pensamento é confrontada com o niilismo ínsito dos modelos antropológicos contemporâneos. Ao contrário da instrumentalização biotecnológica nas sucessivas reconfigurações dos modelos pós-humano, inumano e transumano, com pretensões aprioristas e universais absolutos, a Bioética necessita de uma viragem quântica. Propõe-se que esta se venha a situar num novo modo de pensar a diferencialidade corpórea, os problemas de saúde pública e ambientais, a imortalidade, para além do saber epistémico e da desvalorização do sofrimento enquanto conhecimento encarnado.