Departamento de Letras
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Browsing Departamento de Letras by advisor "Capucho, Maria Filomena Dias"
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- Intercompreensão: uma utopia? : avaliação de competências de comprensão escrita em plurilingues e não plurilinguesPublication . Soares, Paula Cristina Correia; Capucho, Maria Filomena DiasNa presença de um cenário aparentemente antagónico entre o domínio arrebatador do inglês lingua franca e o incentivo ao multilinguismo e ao plurilinguismo por parte das duas principais instituições europeias – a União Europeia e o Conselho da Europa – emerge a intercompreensão como uma solução de compromisso. O presente trabalho expõe uma actividade de intercompreensão de uma língua românica (francês), eslava (búlgaro) e germânica (sueco), utilizando cartoons da banda desenhada “Astérix”, executada por 25 falantes plurilingues completos (língua materna e três ou mais línguas estrangeiras), 25 plurilingues (língua materna e duas línguas estrangeiras), 25 bilingues (língua materna e uma língua estrangeira) e 25 monolingues (língua materna). Os objectivos que estabelecemos para o nosso estudo visaram: avaliar a influência do número de línguas estrangeiras que os sujeitos dominavam na activação e no desenvolvimento de estratégias de intercompreensão; verificar se a intercompreensão estava relacionada com variáveis pessoais (sexo, idade, habilitações académicas); saber se a familiaridade com o género e o tipo de texto (banda desenhada) facilitava a intercompreensão; observar se no confronto com uma língua estrangeira aparentemente desconhecida, os elementos linguísticos e extralinguísticos foram inibidores e/ou promotores da intercompreensão; conhecer a abertura dos indivíduos para a aprendizagem de novas línguas, tendo em conta o número de línguas estrangeiras que conheciam; averiguar se as representações/ imagens que os sujeitos possuíam das línguas podiam ser explicadas pela aproximação ou afastamento tipológico face à sua língua materna; e, por fim, perceber se um indivíduo que conhecia duas ou mais línguas estrangeiras seria, pelo menos, um utilizador A1 (compreensão escrita) numa língua com a qual nunca contactou. Os resultados mostram que a intercompreensão é independente do número de línguas estrangeiras que os indivíduos conhecem, das variáveis pessoais (sexo, idade e habilitações académicas), da leitura regular de banda desenhada e do conhecimento da personagem Astérix. Os elementos extralinguísticos são promotores e os elementos linguísticos são inibidores da intercompreensão. O número de línguas estrangeiras que o sujeito conhece influencia o seu desejo de aprender outras línguas, predisposição mais acentuada entre os que sabem menos línguas. A imagem que os indivíduos possuem da língua inglesa é bastante positiva e, efectivamente, os indivíduos preferem as línguas românicas, línguas tipologicamente mais próximas da sua língua materna. A compreensão escrita, que passou pela identificação do acto ilocutório subjacente à situação de comunicação exposta pelos cartoons em búlgaro e em sueco (línguas desconhecidas pela amostra), foi mais bem-sucedida entre os não plurilingues do que entre os plurilingues.