Faculdade de Educação e Psicologia
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Browsing Faculdade de Educação e Psicologia by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Sociais::Ciências da Educação"
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- Abandono escolar após o Ritual de Efundula : experiência e perspetivas de um grupo de mães adolescentes do Cuanhama/AngolaPublication . Ndamonovanu, Prudência Arlinda; Xavier, Maria Raúl Andrade Martins LoboNos últimos anos diversos trabalhos têm vindo a abordar o jogo complexo que, na Africa subsariana, relaciona o abandono escolar no feminino e os ritos de passagem entre a infância e a vida adulta. A investigação científica explora estes elementos integrando muitas vezes no quadro de leitura o tema da gravidez/maternidade precoces. No entanto, a ligação entre estes aspetos não é completamente clara e mais informação é necessária para que se possa acompanhar estas situações. Tanto quanto sabemos não existe nenhum trabalho realizado em Angola que explore as atitudes quanto à escolaridade e abandono escolar e quanto à vivência dos ritos de iniciação (Efundula) em jovens mulheres cuja gravidez/maternidade aconteceu quando tinham menos de 18 anos, que passaram pelo Efundula e que abandonaram a escola. O estudo que aqui se apresenta procura ser um primeiro passo no aprofundar de conhecimentos nesta área, dando voz às próprias envolvidas enquanto “informantes-chave”. Procura-se assim, exploras as suas experiências e perspetivas face ao Efundula, à vida escolar e ao abandono desta. Mais especificamente, explorar as suas cognições, emoções e comportamentos (atitudes). O grupo de participantes é constituído por 10 mães, entre os 16 e os 18 anos, com filhos, que viveram o Efundula e que, entretanto, abandonaram a escola. Quanto ao Efundula, parte das participantes referem que não foi decisão delas a participação, mas entendem o seu papel enquanto “tradição”. A sua experiência escolar é descrita positivamente, valorizando aspetos diversos. O abandono escolar é muitas vezes relacionado diretamente com a gravidez/maternidade, mas não com o Efundula. Este é relacionado diretamente com a gravidez e a maternidade. A maioria das participantes referem querer voltar à escola. Estes dados apontam para a necessidade de se conhecer mais este fenómeno do abandono no feminino, para se poder intervir/prevenir diminuindo o seu peso individual e social.
- Abandono escolar precoce : compreender para prevenirPublication . Comenda, Carla Maria Santos; Cabral, Maria Ilídia de MeirelesO tema do abandono escolar é uma preocupação social, não só a nível internacional, mas também nacional, que passa pelo Estado, por diferentes agências da administração pública e pelo setor solidário social e privado. Este tema tem-se mantido atual na documentação oficial portuguesa sobre educação e estudos continuam a ser feitos no que se refere ao mesmo. A preocupação pelo abandono escolar não se confina apenas a Portugal, mas estende-se à escala europeia. Em Portugal, pelos diversos estudos já existentes, a taxa de abandono escolar tem vindo a reduzir, no entanto, o fenómeno continua presente nos dias de hoje, mantendose ainda um atraso considerável em relação à meta europeia definida. O fenómeno do abandono escolar é muito visível nos cursos profissionais, pelo que a nossa investigação visa alcançar a resposta para uma questão de âmbito geral: Que perceções têm alunos, docentes e lideranças sobre os fatores que contribuem para o abandono escolar precoce nos cursos profissionais? No sentido de obtermos resposta a esta questão procedemos à formulação de subquestões: Como se organiza a escola para prevenir o abandono escolar precoce? Como são diagnosticados os alunos que se encontram em risco de abandono escolar precoce? Que ações concretas se desenrolam para evitar que os alunos em risco de abandono acabem por sair efetivamente da escola? Como viveram e sentiram a escola os alunos que abandonaram os cursos profissionais sem concluir o 12º ano? Como vivem e sentem a escola os alunos que se encontram em risco de abandono escolar precoce? Para tal, procedemos a uma revisão da literatura que nos permitiu esboçar a evolução do fenómeno em termos nacionais e europeus e analisar as medidas que foram implementadas para o prevenir. Elegemos para a nossa investigação duas técnicas de recolha de dados, a análise documental (registos biográficos dos alunos, atas dos conselhos de turma, pautas de avaliação e documentos estruturantes do Agrupamento, nomeadamente, Contrato de Autonomia, Projeto Educativo, Regulamento Interno, e Plano de Desenvolvimento do Currículo) e a realização de entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram aplicadas à Diretora do Agrupamento, a um Diretor de Turma de um curso profissional, a docentes, a alunos em risco de abandono e a jovens que abandonaram o sistema educativo. Os dados recolhidos e analisados neste estudo permitem-nos concluir que os agentes educativos entrevistados, nomeadamente a diretora e os docentes, têm a mesma perceção relativamente aos fatores que contribuem para o abandono escolar nos cursos profissionais, identificando como principais fatores: as dificuldades económicas que levam as famílias a emigrar à procura de melhores condições de vida, a procura pela autonomia financeira, as dificuldades acumuladas que levam a um total desinteresse pela escola, também devido ao facto de pertencerem a famílias desestruturadas que muitas vezes desincentivam à frequência da escola. São também relatados os problemas de comportamento, aliados ao elevado número de faltas e à falta de empenho como fatores que normalmente conduzem a situações de abandono escolar. As conclusões alcançadas pelo nosso estudo parecem ir ao encontro das correntes de pensamento de outros investigadores, no sentido em que apontam para a falta de respostas adequadas, por parte da escola, para a maioria das situações de insucesso, esperando que os alunos aprendam por si, o que faz com que muitos deles acabem por abandonar o sistema de ensino. Concluímos ainda que o modelo escolar que temos, com a sua tradicional e inquestionada gramática escolar, acaba por ser o maior responsável pelas situações de abandono escolar.
- Abandono oculto : as realidades por detrás das estatísticasPublication . Oliveira, António Manuel Branco; Azevedo, JoaquimO fenómeno do abandono escolar precoce, não sendo novo, nem exclusivo, permanece como uma das mais prementes preocupações. A institucionalização da escolaridade obrigatória fez crescer o clima compulsivo, obrigando todos a frequentar a escola, e trouxe consigo um novo fenómeno: o de alunos que estão em abandono escolar, não efetivo, mas oculto dentro da própria escola. Foi nosso propósito comprovar empiricamente que no ensino básico há alunos que, possuindo características e percursos de abandono escolar, permanecem matriculados, mas desengajados e, neste sentido, em abandono oculto. Quisemos, então, compreender o que acontece na escola com estes alunos, quais as suas trajetórias escolares e os motivos do seu alheamento, procurando desvelar a realidade por detrás das estatísticas. Para tal, procedemos a uma clarificação conceptual, convocando os conceitos de Abandono Precoce de Educação e Formação (APEF), de desengajamento escolar e de abandono oculto. Partindo dos seus mais fortes preditores – o fraco desempenho escolar, o absentismo e os problemas de comportamento/ indisciplina – construímos um Perfil de Aluno em Abandono Oculto e concebemos um Dispositivo de Identificação do Abandono Oculto (DIAO). Ao pretender iluminar esta problemática, ancorados no paradigma da complexidade, numa metodologia de cariz qualitativo e numa lógica de estudo de caso múltiplo, procurámos descrever e compreender o(s) fenómeno(s) com maior profundidade. Os dados recolhidos e analisados a partir da aplicação do DIAO permitiram-nos identificar, caracterizar os alunos em abandono oculto e definir em que nível de gravidade estão. Os resultados levam-nos a concluir que existe abandono oculto no agrupamento-contexto, fruto de um processo de desengajamento escolar, patente no forte contributo das variáveis fraco desempenho escolar, absentismo e problemas de comportamento/ indisciplina para o abandono oculto e o APEF.
- A ação estratégica nas escolas portuguesas : o caso dos planos de ação estratégicaPublication . Carvalho, Marisa Simões; Rocha, Maria Ilídia de Meireles Cabral da; Verdasca, José Lopes CortesAs questões relacionadas com o sucesso escolar, e a correspondente melhoria e eficácia das escolas, continuam a ser finalidades dos sistemas educativos em diferentes países. Neste âmbito, verifica-se um progressivo entendimento das escolas como organizações dotadas de autonomia e, por isso, capazes de gerir o seu próprio processo de melhoria através de soluções estratégicas que, simultaneamente, respondam a exigências e necessidades da organização escolar e contribuam para reforçar a sua capacidade interna de mudança. Deste modo, o planeamento e a ação estratégica apresentam-se como ferramentas valiosas para a melhoria das escolas, configurando-se como relevantes objetos de estudo em educação. Nas últimas décadas, tem havido alguma investigação e debate acerca da temática da ação estratégica. Ainda assim, esta continua a constituir-se como um campo de estudo pouco explorado e a necessitar de aprofundamento. Esta tese inscreve-se nesta linha de investigação, procurando contribuir para a teoria, investigação e prática acerca da ação estratégica. Especificamente, procura compreender os processos de ação estratégica desenvolvidos nas escolas portuguesas e, por esta via, contribuir para a construção de um modelo de ação estratégica orientador das práticas em contexto educativo. Apresentam-se quatro estudos relacionados, centrados na ação estratégica das escolas portuguesas. O estudo 1 consiste numa revisão de literatura, tipo scoping review, acerca da estratégia e da liderança estratégica em educação. Sistematizam-se as principais características e práticas relacionadas com a estratégia. Este estudo dá suporte aos estudos 2, 3 e 4. O estudo 2 consiste na análise de conteúdo dos Planos de Ação Estratégica das escolas portuguesas, tomando como referência indicadores de qualidade. Verifica-se que os planos se apresentam alinhados, sobretudo, com algumas das prioridades nacionais, o que se evidencia nos objetivos e ações propostas (e.g., anos iniciais de ciclo, trabalho colaborativo). Além disso, a globalidade dos planos apresenta as ações a desenvolver e especifica mecanismos de implementação. Contudo, os planos apresentam fragilidades quanto à justificação das opções realizadas, às ações de monitorização e capacitação. Os planos parecem apresentar-se, sobretudo, como uma descrição ou listagem de ações a desenvolver, o que não induz ou traduz a qualidade de implementação das mesmas. O estudo 3 analisa a participação dos professores no processo de planeamento, implementação e monitorização de planos de ação. Os dados parecem indicar que o grau de participação dos profissionais na elaboração e implementação dos planos foi moderado a alto, variando em função do tempo de serviço e do exercício de cargos/funções de liderança. O estudo 4 centra-se nos processos de ação estratégica através da realização de estudos de caso. Este estudo permitiu identificar processos subjacentes à elaboração, implementação e monitorização dos planos, fatores críticos e impactos percecionados relacionados com os planos. Em síntese, globalmente destacam-se três dimensões principais da ação estratégica nas escolas, a saber: (i) a direção/sentido de ação, (ii) a intencionalidade estratégica e; (iii) a participação de professores e de outros atores na ação. Destes resultados retiram-se implicações para a prática e para a investigação futura.
- Ação Social Escolar e democratização do ensinoPublication . Alves, Arminda de Lurdes Pires Leite; Araújo, Joaquim Machado deUm olhar reflexivo sobre o nosso percurso de vida põe em evidência um percurso de professora em que se entranham funções de gestão, de entre as quais sobressaem tarefas no âmbito da ação social escolar. A ação social escolar é um dispositivo importante na democratização do ensino, mas, por si só, não garante a democraticidade do serviço público de educação. Esta temática é ainda mais pertinente num período de grave crise financeira económica e social, com reflexos profundos no quotidiano e no futuro da Escola, nos diversos “players” da comunidade educativa e na vida das futuras gerações. O Relatório Reflexivo está estruturado em três partes: na primeira parte apresentamos o nosso percurso profissional na docência e realçamos o desempenho de diversos cargos de gestão, ao longo de mais de três décadas; na segunda parte revemos marcos importantes da história da escola Pública em Portugal, a sua missão social e cultural, as principais reformas, e a sua importância na vida dos cidadãos e na sociedade, com um enfoque especial na face social da educação escolar; por fim, na terceira parte sublinhamos alguns dos contributos da escola pública no apoio social aos alunos, garantindo os meios indispensáveis à aprendizagem, como a saúde e higiene escolar, os apoios económicos e didáticos, minimizando as carências socioeducativas dos alunos, promovendo a equidade no acesso universal ao serviço público de educação, assegurando a democratização do ensino. Na conclusão do Relatório Reflexivo apresentamos as dificuldades e limitações do trabalho, bem como as aprendizagens que o mesmo nos proporcionou.
- Admission to music conservatoires : assessing the influence of motivation and parental support on musical learningPublication . Oliveira, António Manuel Fontes de; Oliveira-Silva, Clédna Patrícia; MacPherson, Gary; Ribeiro, Luísa MotaAdmission to the elementary level of Portuguese Public Conservatories consists of tests to assess music skills. This model is based on the conviction that children show outstanding talents from an early age. However, the results of these tests tend to be unreliable and unrobust in their ability to predict musical achievement. Considering Gagné's Differentiated Model of Gifts and Talents, we intend with this thesis to analyze the potential of the aural skills test to predict musical achievement of students admitted to a Portuguese Conservatory of Music, as well as to assess the same predictive power of two other variables: motivation and parental support. The first article of the set of four that make up this thesis is a systematic review of the literature on the motivation to learn to play a musical instrument in samples of children and adolescents. The second article analyzed the relationship between the results of admission tests and sociodemographic information to try to understand if there is any economic/social factor that explains the results obtained by candidates in the student selection process. The third article took advantage of the pandemic context that unexpectedly emerged in the period in which this investigation took place and assessed the relationship between parental support and musical achievement. The last article investigates the potential predictor of musical learning by aural skills assessment as well as motivation and parental support. This study is innovative as it addresses a problem that has not received the attention of researchers and deserves a better understanding due to the extent of the impacts that the model has on children's lives and in the management of public resources. On the other hand, the longitudinal design of this research is pioneering in the area, and there is no known study in Portugal on admission tests.
- O agrupamento de escolas no concelho de BragaPublication . Rodrigues, João Sérgio Marques; Machado, JoaquimNo presente Relatório reflexivo e teoricamente fundamentado analiso e problematizo uma experiência profissional desenvolvida entre 2002 e 2011 como responsável da Direção Regional de Educação do Norte em Braga: o processo de agrupamento e reagrupamento de escolas no contexto da adaptação da rede escolar aos desafios com que a mesma estava confrontada. Depois de contextualizar esta experiência na minha vida profissional como docente, analiso as normas legais que apontaram os caminhos por onde seguiu a evolução da rede escolar e convoco para a fundamentação teórica estudos científicos que se dedicaram a este tema. A Lei de Bases do Sistema Educativo vem dar um sentido à evolução desejada para o sistema e coloca na agenda um novo desafio: construir uma escola para a escolaridade básica alargada até ao 9.º ano. Ao longo de uma parte importante deste estudo revisita-se o trajeto percorrido até à concretização do movimento de associação/agrupamento de escolas que teve a sua génese experimental em 1997. Depois, analisam-se com mais pormenor as ações da administração educativa e as reações dos atores locais à implementação das políticas de ordenamento da rede escolar. A experiência profissional que se apresenta debruça-se sobre os efeitos das alterações políticas verificadas durante o processo, tanto quanto à natureza do processo de agrupamento de escolas, como quanto à natureza e dimensão da escola visada, mas também sobre as dificuldades sentidas no terreno em face das reações dos atores locais. O agrupamento de escolas, o reagrupamento de escolas que já estavam agrupadas e a agregação de agrupamentos e escolas não agrupadas são processos que enfrentam resistências e que geram ações políticas que elejo como objeto de análise. Este Relatório reflexivo e teoricamente fundamentado termina com o enunciado de alguns desafios, hipóteses de rumo, que estão colocados nesta fase do processo de evolução da rede escolar.
- Alguns fatores determinantes dos resultados obtidos pelos alunos do 9º e 12º anos nos exames nacionais de português e matemática e o efeito escolaPublication . Pereira, Paula Cristina Romão; Azevedo, Joaquim; Portela, ConceiçãoA problemática deste estudo consiste em identificar alguns dos fatores que determinam os resultados escolares dos alunos (medidos através das classificações obtidas em exame nacional) e perceber se as escolas, enquanto organizações, também podem contribuir para o sucesso dos seus alunos. Assim, partindo do pressuposto de que há fatores extrínsecos e intrínsecos aos alunos e às escolas que podem “mascarar” (diminuindo ou potenciando) o valor que cada escola acrescenta aos seus alunos, pretendeu-se identificar e correlacionar esses fatores, verificando o impacto de cada um nos resultados escolares dos alunos. Esta análise foi feita para as disciplinas de Português e de Matemática, no 9º e 12º anos de escolaridade, respetivamente, numa amostra de escolas que integram o programa AVES da Fundação Manuel Leão. A vasta literatura relativa aos determinantes do sucesso dos alunos é analisada com algum detalhe. Dessa revisão bibliográfica foi construído um modelo teórico que considera quatro dimensões (contexto educativo, escola, sala de aula e aluno), os fatores intrínsecos e extrínsecos a cada uma delas e a relação entre eles. Daqui, emergiram um conjunto de fatores relevantes para o sucesso dos alunos, que depois foram operacionalizados no nosso estudo em dois níveis: fatores ao nível do aluno (tais como conforto cultural e material, o histórico (percurso escolar prévio), género, frequência e intensidade de explicações, competências de raciocínio), fatores ao nível da escola (variáveis médias de contexto socioeconómico da escola e das caraterísticas médias dos seus alunos). Usando essencialmente fatores ao nível do aluno, foi, numa primeira fase, construído um modelo de regressão onde se pretendia analisar o impacto de cada fator nos resultados escolares dos alunos. Os resultados sugerem que a variável “histórico”, ao nível do aluno, é o fator que mais determina os resultados escolares dos alunos, tanto na disciplina de Português como na disciplina de Matemática e nos dois ciclos de ensino considerados (3º ciclo e secundário). Numa segunda fase, procedeu-se a uma análise de regressão multinível, tendo-se em consideração a estrutura hierárquica dos dados, através da qual se estimou a magnitude do “efeito escola”. Os resultados sugerem que a importância relativa de cada variável interna ao aluno é semelhante à importância encontrada na análise de regressão, mas identifica a existência de um efeito significativo da escola em todas as análises efetuadas, exceto na disciplina de Matemática, no 12º ano. Tal facto parece ser justificado, pelo menos parcialmente, pela elevada frequência de explicações dos alunos, neste ano escolar, a esta disciplina.
- Alteridade e liderança : um olhar, um percursoPublication . Carvalho, Aldora Emília Machado Pimentel Martins de; Alves, José MatiasO dia-a-dia numa escola é único, nunca se repete. No início de cada ano letivo alunos, professores e assistentes operacionais conhecem o seu horário, apropriam-se dele e começam a habituar-se à rotina de mais um ano. Este é o único aspeto que se mantém ao longo do ano, porque tudo o resto muda de dia para dia. Poderá parecer contraditória esta afirmação, pois, todos os dias, os alunos se agrupam por turmas, em salas de aula, com os professores a lecionar matérias e a promover situações de aprendizagem; porém, cada escola tem uma identidade, um ethos que envolve e alimenta a ação da generalidade das pessoas. A identidade de uma escola tem a ver com as dinâmicas que aí se implementam, com a gestão dos espaços, com as relações que se estabelecem, relações entre alunos e professores, entre alunos e assistentes operacionais e entre os alunos; a identidade de uma escola tem a ver com a forma de se lidar com os problemas, com os erros, com a responsabilidade que se adota. Cada escola é única, porque as pessoas são únicas: ninguém é igual a ninguém. Cada ser humano tem as suas peculiaridades. Certamente, se a padronização fosse possível, seria mais fácil o relacionamento entre as pessoas, mas também mais pobre, porque a riqueza nasce da diversidade. É pela capacidade de perceber a diferença entre as pessoas que se conhece um bom líder. O líder é o que sabe admirar as diferenças e aproveitar as peculiaridades para obter melhores resultados. O líder não é aquele que quer mudar o outro, mas aquele que gasta a sua energia para compreender a sua maneira de ser. O outro sentir-se-á, assim, mais valorizado e, então, poderá abrir-se à mudança. As pessoas não se transformam quando querem, nem porque precisam, mas sim quando se comprometem com as mudanças, o que exige o desejo de transformação. O compromisso com a mudança terá que refletir os propósitos mútuos do líder e dos seguidores. Num dos casos que vou narrar parti deste pressuposto. Investi na criação do desejo de transformação e no compromisso com a mudança. Tentei compreender a pessoa, o ente, com quem teria que me relacionar, tentei estabelecer uma relação afetiva para, a partir daí, exercer influência, guiar e orientar para o que é necessário fazer. Um outro acontecimento marcante da minha carreira profissional ficará, também, registado neste trabalho pela contrapartida emocional que gerou em mim e pela relação estabelecida entre os envolvidos. Trata-se do acompanhamento a um aluno com a Síndrome de Asperger. A relação começou com o aluno francamente debilitado, com a autoestima muito baixa, com uma perspetiva muito negativa em relação à sua vida. Aos poucos, procurei convencê-lo que, para se atingir metas, é preciso determinação, força interior, que é preciso fixar toda a atenção nos objetivos e superar os obstáculos. É preciso dedicação e entrega a um objetivo; é preciso disciplina, ou seja, a capacidade de seguir um método, sendo que o melhor método é o que dá melhor resultado a quem o utiliza. O outro caso que vou narrar partiu de um sentimento de bem estar por poder proporcionar felicidade. Eu era a professora de inglês de uma adolescente rebelde que, por vezes, fazia questão de chamar a si a atenção de qualquer professor. Nas aulas tentava ser quase invisível, mas, por vezes, com as suas atitudes, frequentemente desajustadas, interpelava os professores que percebiam que se tratava de um pedido de ajuda. Tentei compreender esta jovem, interessei-me pelo seu caso, inicialmente, por curiosidade, depois, por simpatia, por solidariedade, por amor. Nesta relação a dois eu compreendo o ser em outrem, além da sua particularidade de ente, a pessoa com a qual estou em relação, chamo-a ser, eu invoco-a; não penso somente que ela é, dirijo-lhe a palavra. A emoção que impera é o amor. O amor é o eu satisfeito pelo tu, captando em outrem a justificação do seu ser. Os casos que selecionei para analisar, refletir e partilhar não foram os mais marcantes de toda a minha carreira profissional, mas foram, com certeza, variantes de muitos outros que tive que gerir e que, também, deixaram a sua marca. Em todos, certamente, não passará despercebido a um observador externo, imprimi o meu cunho pessoal, ou seja, todos foram tratados na ótica da prestação de um serviço de qualidade, de promoção do bem estar, em especial o do aluno, procurando que cada um tenha o seu percurso formativo o mais enriquecido possível, criando condições para que todos possam chegar o mais longe possível. “These are the footprints on the road of my life. The marks that prove I was here…” (uma frase que li algures e perdi a referência).
- Os alunos nos cursos vocacionais : interpretações, motivações e expetativasPublication . Gamboa, Sandra Marisa Trindade Marques; Ribeiro, Célia dos PrazeresPassadas cerca de quatro décadas da democratização da escola o insucesso e o abandono escolar precoce assumem um lugar de destaque na preocupação de todo o sistema educativo. Em resposta, e para diferentes níveis de ensino, os atores políticos delinearam para o sistema de ensino português os Cursos Vocacionais. Estes, assentes numa modalidade formativa que complementa o domínio teórico com o domínio prático em contexto escolar e, simultaneamente, empresarial dão cumprimento à escolaridade obrigatória, permitem o prosseguimento de estudos e capacitam os jovens nos níveis científico, cultural e de natureza técnica, prática e profissional. A presente investigação, centrada no aluno, procura, no âmbito dos cursos vocacionais de 3º ciclo, conhecer as interpretações, identificar as motivações e caracterizar as expetativas dos cursos vocacionais de 3º ciclo. Desenvolve-se, utilizando uma metodologia quantitativa, em duas escolas portuguesas de diferente tipologia, mas com a caraterística comum de integrarem cursos vocacionais, não para comparação das duas escolas mas para um processo de complementaridade. O instrumento de recolha de dados foi um questionário construído para o efeito e aplicado a uma amostra constituída por 60 alunos. Os resultados obtidos, revelam a retenção, resultante de múltiplos fatores, como elemento chave para o ingresso em cursos vocacionais. Identificam os amigos, colegas, vizinhos e familiares como determinantes, quer na divulgação quer na influência pela escolha desta oferta formativa em detrimento dos agentes educativos, psicólogos, diretores de turma e professores. Caraterizam as atuais práticas e comportamentos, evidenciando melhorias, quer nos domínios sociais quer nos domínios cognitivos, e traduzem elevados índices de satisfação com a frequência do curso. Assinalam a recuperação escolar dos jovens evidenciando como projetos de futuro a continuação do seu desenvolvimento formativo.