Browsing by Author "Sousa, Paula Cristina Moreira Mesquita de"
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- O exercício parental durante a hospitalização do filho : intencionalidades terapêuticas de enfermagem face à parceria de cuidadosPublication . Sousa, Paula Cristina Moreira Mesquita de; Sousa, Paulino Artur Ferreira deParentalidade pode ser entendida como o assumir das responsabilidades de ser pai de uma criança durante o seu desenvolvimento. Isso implica um papel ativo e eficaz em que os pais se sentem ligados à criança e possuem o conhecimento e as habilidades para desempenhar o papel de ser um pai ou uma mãe. Por vezes, a condição de saúde da criança requer um episódio de hospitalização. Viver a experiência de ter um filho internado muitas vezes é difícil e complexo. A atitude dos pais ao lidar com o internamento do seu filho depende das características pessoais dos pais, dos enfermeiros, bem como das características pessoais da própria criança. Nesta situação, a atitude dos pais depende também do tipo de assistência de enfermagem que recebem e da própria condição de saúde da criança. Estabelecer uma parceria de cuidados, entre enfermeiros e pais em unidades pediátricas hospitalares é visto como o melhor caminho para alcançar os melhores resultados. Assim, nos dias de hoje, a parceria de cuidados é exigida por pais e por enfermeiros, dado que muitos benefícios foram já identificados. A capacidade dos enfermeiros para trabalhar em parceria com os pais é uma competência essencial para alcançar melhores padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem. Os pais devem ser vistos pelos enfermeiros como parceiros no cuidar da criança. No entanto, o nível e tipo de participação devem ser orientados para os objetivos terapêuticos. Neste contexto, a parceria de cuidados deve ser orientada pelos objetivos terapêuticos e para o alcançar dos resultados desejados estabelecidos no planeamento de enfermagem. Apesar da relevância da parceria de cuidados, não foram encontradas pesquisas sobre como esta pode influenciar os resultados de saúde relacionados com o desempenho dos pais. Assim, a pesquisa em enfermagem é desafiada a desvendar a intencionalidade terapêutica do envolvimento dos pais no cuidado da criança hospitalizada. Com o projeto atual pretendemos responder, principalmente, à questão: quais são as intencionalidades terapêuticas dos enfermeiros quando promovem a parceria de cuidados com os pais durante a hospitalização da criança? Para empiricamente respondermos a esta questão, um projeto de investigação-ação foi concebido envolvendo enfermeiros de uma unidade pediátrica hospitalar da área de Matosinhos (Portugal). Um processo de hospitalização de uma criança representa um evento crítico na transição parental que pode dificultar a experiência dos indivíduos enquanto pais. Pode também desafiar o decurso do exercício parental. Os pais precisam compreender o estado de saúde da criança e o processo de hospitalização. Têm também de aprender a gerir incertezas, a adquirir novos conhecimentos e habilidades e, em alguns casos, a construir novos significados sobre as suas vidas e dos seus filhos. A deslocalização da criança de casa para o hospital pode influenciar a sensação de bem-estar, as expetativas e o padrão de relacionamento entre os pais. Em algumas situações, ter o filho hospitalizado exige que os pais alterarem alguns comportamentos, sendo que, por vezes, eles vivem também um período de reformulação em alguns aspetos da sua identidade. Isto acontece quando a condição de saúde da criança determina a necessidade permanente de cuidados complexos que devem ser realizados pelos pais após o momento da alta hospitalar. Os relatos das mães sobre as experiências relacionadas com a hospitalização do filho enfatizaram a ideia de que a hospitalização do filho é um evento na vida pessoal relacionado com o papel parental. As experiências das mães podem ser vistas em duas perspetivas diferentes: algumas mães destacaram que a hospitalização gera a interrupção no padrão habitual de desempenho do papel maternal; outras enfatizaram a autoconsciência sobre as mudanças e diferenças que precisam introduzir no exercício do papel maternal habitualmente realizado até agora, devido ao estado de saúde do filho (muitas vezes uma doença crónica diagnosticada pela primeira vez). Nesta segunda situação, as mães perceberam a necessidade de reorientar seu projeto de vida e, portanto, elas vivem uma experiência de transição que começa com a perceção de uma crise relacionada com as mudanças no seu papel maternal. A fim de evoluir na profissionalização do envolvimento dos pais pelos enfermeiros ao construir a parceria de cuidados, em primeiro lugar, focámos a análise dos dados recolhidos a partir da observação das interações entre enfermeiros, pais e crianças, tendo em vista produzir uma síntese teórica acerca dos padrões de parceria de cuidados. Após, foram analisados dados de entrevistas e questionários dirigidos a pais e enfermeiros, a fim de responder à questão de pesquisa: quais as intencionalidades terapêuticas principais dos enfermeiros quando promovem a parceria de cuidados com os pais durante a hospitalização da criança? Desta investigação emergiram sete tipos de objetivos embebidos nas intenções dos enfermeiros: (1) Promoção da participação dos pais nos cuidados do tipo desenvolvimental (cuidados habituais); (2) Promoção de competências parentais para prestar cuidados complexos; (3) Promoção de participação dos pais nos cuidados complexos quando as competências parentais foram avaliadas como eficazes; (4) Melhoria no desempenho dos pais para realizar os cuidados complexos quando um potencial de valorização de competências dos pais para realizar os cuidados complexos foi identificado; (5) Redução do nível stress associado ao papel parental em pais de crianças com necessidades especiais permanentes, facilitando, durante a hospitalização, o descanso no exercício do papel; (6) Preparação dos pais para prestar cuidados complexos; (7) Preparação dos pais para promover a autonomia da criança.