Browsing by Author "Sardo, Matilde Maria Botelho"
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- Pontos de coincidência : entre o som e a memóriaPublication . Sardo, Matilde Maria Botelho; Gomes, José Alberto Sousa; Carvalho, Diogo de Nápoles Tudela e PereiraO trabalho que aqui apresento, desenvolve-se em torno da memória e do momento de lembrança, momento em que nos recordamos de alguma coisa ou situação sem qualquer explicação aparente, do nada. Na verdade essas ideias, coisas ou eventos, não se revelam sem razão; existe, sempre, algo que suscita ou incentiva a mente e o exercício da memória. Este projeto, que se materializa numa instalação sonora, procura revelar as diferentes qualidades da memória, e do som (como elemento substancial na sua acção de estimulador de memórias). Os pontos de coincidência representam o espaço impalpável e invisível, entre a minha memória e a de outros. Na procura de tornar visível este momento, foi desenvolvida a instalação sonora, que estende a ideia sobre os pontos de coincidência a um formato físico e abstracto. Esse momento somente se torna visível quando é criado um elo entre o observador e a instalação, pela interação activa com o espaço instalativo e sonoro. Os pontos de coincidência definem lugares nas teias de significado e de significante, de duas ou mais pessoas; lugares, ambíguos e simultaneamente paralelos e coincidentes. Procurei tornar estes espaços mentais e esta partilha de memórias evidentes através do uso do som (o invisível). O som como catalisador de memórias, como incentivador do acto de lembrança. É a partir do uso deste material que, acredito, é possível criar um vínculo entre as memórias de diferentes pessoas. Quando o acto de lembrança é accionado, e somos transportados para algum arquivo na nossa memória, somos levados para o passado no presente, que nunca existe como tal. Ao ouvirmos algo que suscita a memória, ao desconstruirmos essa percepção sonora, criamos paralelos entre o que conhecemos e que podemos encontrar na nossa biblioteca mental e também o que não se inscreve nesse espaço mnémico pessoal. Os sons presentes, no espaço delimitado pela instalação, são representações abstractas de memórias minhas (pois não conheço outras que não estas). No entanto acredito que, ao serem expostos possam passar a pertencer a outra pessoa, direccionados a uma outra memória pessoal, mas conectadas pelo mesmo ponto, pelo mesmo som. Todos os outros elementos pertencentes a este espaço, como as peças de barro, as cortinas pretas que delimitam o espaço, ou o próprio observador, procuram descrever, na sua essência, certas características ou aspectos de uma noção própria sobre a memória. Estes elementos procuram tornar aparente as “marcas sobreviventes”, ou, os pontos de coincidência entre memórias. A instalação define-se na forma de um corredor, limitado por cortinas de pano preto; no seu interior, encontram-se várias peças de barro suspensas a diferentes alturas. A algumas destas peças são associados os sons mnémicos.