Browsing by Author "Henriques, Isabel Cristina Machado Lage"
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- As fronteiras da sala de aula : elementos para uma pedagogia da metarmofosePublication . Henriques, Isabel Cristina Machado Lage; Alves, José Joaquim Ferreira MatiasNa escola, a sala de aula continua a ser o espaço privilegiado da aprendizagem baseada em ensino (Roldão, 2010). Porém, a ideia de um trabalho efetuado no isolamento da sala de aula há muito que é percecionada como insuficiente para responder aos desafios contemporâneos, existindo, no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (2017), repetidas alusões a atividades sistemáticas que podem ocorrer “na sala de aula ou fora dela”. Apesar disso, a abertura da sala de aula, quer permitindo a entrada de outros atores e saberes, quer promovendo atividades fora da sala de aula, ainda não parece uma prática regular. Por estas razões, desejamos ampliar o conhecimento sobre as atuais fronteiras da sala de aula, equacionando o sentido dos seus cruzamentos, tendo em conta as atividades de ensino e aprendizagem que as cruzam, atendendo à organização dos espaços e dos tempos, aos atores e suas interações, ao tipo de focalização do conhecimento e às estratégias de ensino e de aprendizagem. Procuram-se ainda, os fatores chave que impulsionam ou inibem o cruzamento destas fronteiras, pretendendo alcançar um entendimento mais holístico acerca das principais linhas de fronteira que existem na escola, dos sentidos que lhes podem ser associados e dos efeitos que provocam nos intervenientes e nos processos educativos. Assim, tendo por base um modelo ecológico de um estudo de caso, adotando uma perspetiva micro (sala de aula) e meso (escola) e uma metodologia essencialmente qualitativa, pretendemos perceber melhor como respiram as salas de aula do terceiro ciclo de uma escola do ensino particular. A abordagem, de teor interpretativo, é necessariamente multifocal exigindo a construção de múltiplas técnicas de recolha de dados de forma a proceder à sua triangulação. Para o efeito foram combinadas a análise de dados recolhidos através de observações de várias atividades dentro e fora da sala de aula, de grupos de discussão focalizada, de questionários e de análise documental. Estes dados foram contrastados e interpretados à luz de um quadro teórico construído para o efeito. As principais conclusões retiradas são que, na generalidade, as atividades que ultrapassam a fronteira da tradicional sala de aula parecem possuir um impacto positivo em todas as funções da escola, destacando-se as atividades de natureza interdisciplinar e as que tendem a envolver a comunidade escolar nas aprendizagens dos alunos. Parecem ainda constituir excelentes oportunidades de melhorar o clima de escola e a relação pedagógica, bem como de aportar grande satisfação aos seus atores. Os constrangimentos relativos aos espaços físicos, recursos materiais, falta de tempo e naturalização das práticas parecem corporizar os principais inibidores do cruzamento das fronteiras da sala de aula, enquanto a relação pedagógica, o trabalho colaborativo docente, a satisfação profissional, assim como o Programa de Autonomia e Flexibilização Curricular surgem entre os aspetos que as podem impulsionar. Concluímos que as travessias das fronteiras da sala de aula devem ser encaradas como interessantes opções de investimento pedagógico, defendendo-se aqui a sua regular utilização. Por fim, traçamos algumas linhas de fronteira que emergiram na investigação como sejam a fronteira entre a naturalização das práticas e a resistência à mudança, entre a vertigem da aceleração das rotinas e a urgência da reflexão, entre a inevitabilidade da regulação e a ambição da autoria, entre a rigidez dos espaços e a necessidade de recursos, entre o virtual individualismo e o desejo de reconhecimento e colaboração profissional.