Browsing by Author "Silva, Alexandra Moura Moreira da"
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- Preditores da qualidade de vida do doente em diálisePublication . Silva, Alexandra Moura Moreira da; Costa, Elísio Manuel de Sousa; Silva, Alice SantosRecentemente a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) percecionada pelos doentes em diálise, tem-se revelado de grande interesse na avaliação da estratégia individual de tratamento e da qualidade dos cuidados de saúde prestados. Apesar, da diálise ter um impato negativo considerável no estado funcional e na perceção pelos doentes da QVRS, não existe muito conhecimento sobre os fatores preditivos de QVRS percecionados pelos doentes. Assim, este estudo tem como objetivo identificar os preditores de QVRS percecionados pelos doentes em terapêutica dialítica pela técnica de hemodiafiltração online (OL-HDF). Adicionalmente, tem ainda como objetivo avaliar o efeito da idade, e do tipo e localização do acesso vascular na QVRS percebida pelos doentes em diálise, assim como dos dados sócio-demográficos, clínicos e laboratoriais. Foram avaliados 322 doentes em diálise (59.63% do género masculino; média de idade 64.9 ± 14.3 anos), provenientes de cinco clínicas de diálise do norte de Portugal. A fístula arteriovenosa (FAV) foi usada em 252 doentes (78.3%), e 70 doentes (21.7%) usaram catéter venoso central (CVC) como acesso vascular. Recolhemos dados sócio-demográficos, co-morbilidades associadas, dados hematológicos, indicadores do metabolismo do ferro, e marcadores de adequação da diálise, inflamatórios e nutricionais, a partir dos processos clínicos. A QVRS percecionada pelos doentes foi avaliada através do questionário de qualidade de vida, Kidney Disease Quality of Life-Short Form (KDQOL-SF). Os doentes em diálise mostraram uma média (± DP) de 53.17% (± 15.31%) na pontuação total do SF-36, nas componentes sumárias mental e física (MCS e PCS) do SF-36 mostraram 50.17% (± 9.51%) e 49.75% (± 9.44%), respetivamente. RDW (Red cell distribution width), o género feminino e a diabetes revelaram-se preditores da pontuação total do SF-36, explicando 12% do total da variancia. O domínio satisfação do doente, RDW, índice de massa corporal e o género feminino foram identificados como preditores da PCS, explicando 22% do total da variancia. Para além disso, o domínio satisfação do doente e peso seco revelaram-se preditores da MCS. Estes preditores explicam 28% do total da variancia. Verificamos ainda, que os doentes em diálise que usam CVC como acesso vascular, apresentaram diminuição em quatro domínios da pontuação do SF-36, nomeadamente, função física, bem-estar emocional, desempenho emocional e energia/fadiga, quando comparados com os doentes que usam FAV. Adicionalmente, verificou-se existir ainda diferenças significativas em domínios das áreas-específicas da doença renal, nomeadamente, declínio da função cognitiva e qualidade da interação social. Quando comparamos as variáveis de acordo com a localização da FAV, encontramos diferenças significativas na pontuação de três domínios do SF-36, nomeadamente função física, dor e saúde geral; e nos domínios das áreas-específicas da doença renal, nomeadamente, sintomas/lista de problemas, efeitos da doença renal na vida diária e qualidade da interação social, sendo o antebraço esquerdo o que apresenta pontuações mais elevadas. Analisando os resultados de acordo com os quartis de idade, foram encontradas diferenças significativas em alguns domínios do questionário KDQOL-SF, nomeadamente, atividade profissional, função física e desempenho físico, que diminuíram com o aumento da idade. Verificamos também, elevada proporção de doentes diabeticos, diminuição nos níveis séricos da creatinina, ferro e albumina, saturação da transferrina e nPCR, com o aumento da idade. Mais ainda, encontramos correlações significativamente negativas entre a idade e alguns parâmetros analíticos, nomeadamente concentração de hemoglobina corpuscular media, ferro, saturação da trasferrina, albumina, e nos domínios atividade profissional, função física e desempenho físico. Os nossos resultados mostraram que a co-existência de diabetes, género e distúrbios eritropoiéticos são preditores da QVRS, em doentes submetidos a terapêutica dialítica pela técnica de OL-HDF. Os doentes em diálise que usam FAV como acesso vascular têm melhor pontuação de QVRS em vários domínios, quando comparados com aqueles que usam CVC. Adicionalmente, os doentes que usam FAV no antebraço esquerdo apresentam também melhor pontuação na QVRS. O envelhecimento está associado com a diminuição da atividade profissional, função física e desempenho físico, com diminuição nos indicadores de adequação da diálise, de disponibilidade do ferro e do estado nutricional. Os resultados sugerem assim, que se deve prestar mais atenção às doentes mulheres, ao controlo da anemia e aos doentes diabeticos, pois são os que se encontram mais predispostos a percecionarem pior QVRS; a FAV é melhor escolha como acesso vascular, sempre que não esteja contra-indicada, a qual deverá estar localizada no antebraço esquerdo; deverá ser dado também particular atenção aos doentes idosos em diálise uma vez que apresentam diminuição em vários domínios da QVRS, e em alguns parâmetros clínicos e laboratoriais, com grande impato na qualidade de vida destes doentes.