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Authors
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Abstract(s)
The argument of this thesis intends to show how the philosophy of Michael
Oakeshott can be used for the study of intellectual history. In order to do so, I will first
approach Oakeshott’s philosophy as an epistemology, and argue that there is a
movement detectable in his works, from an earlier metaphysical idealism detectable in
the works of the 1920’s, which was substantially modified in Experience and its Modes but
retained most of the identity characteristics of the British idealism, towards the final
formulation as a form of post-metaphysical, non-foundational contextualism that
characterises On Human Conduct, published in the 1970’s. The common thread uniting
Oakeshott’s successive philosophical formulations is the search for a viable
philosophical “platform of understanding”, capable of safeguarding the autonomy of
the theoretical idioms of understanding and of surmounting several important
difficulties that have plagued most post-foundational philosophies, namely
philosophical scepticism, a search that I will argue reached a successful culmination in
On Human Conduct.
I will then argue that Oakeshott’s philosophy contains a valuable contribution to
the understanding of the practice of historiography, which may be characterised as a
form of historicism that simultaneously rejects naturalism and narrativism as unhistorical
forms of explanation. However, Oakeshott’s historicism is “uneven”, in the
sense that his satisfactory treatment of the questions of historical interpretation
contrasts with the relative neglect of the questions of historical representation: as
instruments for an historical understanding of the existing and complex human
associations, Oakeshott’s ideal characters of civil association, or societas, and enterprise
association, or universitas, describing two opposing modes of political association, are
overly schematic. This insufficiency will be addressed through the construction of an
extended version of the ideal modes of societas and universitas, which will be
transformed into a richer base of ideal characters by recourse to the narrative
archetypes of Romance, Satire, Comedy and Tragedy, thus creating four “micromodes”
of political association.
These ideal characters are intended to be particularly suited to capture stylistic
differences in written utterances, and are therefore apt to be use in the historical study
of political thought; accordingly, their usefulness will be illustrated through their application to the study of a set of writings by Benjamin Constant, Jeremy Bentham,
Leonard Woolf and Hans Morgenthau, united by their common theme, which is a
moral dimension of world politics: the pursuit of peace and its connection with the
character of the activity of government. The study presents a fresh interpretation of
Oakeshott’s philosophy and innovates in the use of modality as an “open-ended”
structure, illustrating its possibilities for the historical study of political thought.
Nesta tese pretende-se mostrar de que modo a filosofia de Michael Oakeshott pode ser utilizada para o estudo da história das ideias. Para esse efeito, começarei por abordar a filosofia de Oakeshott em perspectiva epistemológica e argumentarei que existe um movimento detectável ao longo da obra do autor, de uma forma de idealismo metafísico nos escritos datados da década de 1920, um discurso filosófico que foi substancialmente revisto em Experience and its Modes mas que preservou características identitárias típicas do idealismo filosófico britânico, até à formulação final em On Human Conduct, caracterizável como uma abordagem contextual, pósmetafísica e não-fundacional. O traço comum às sucessivas reformulações da filosofia de Oakeshott é a busca de uma “plataforma filosófica de entendimento”, susceptível de salvaguardar a autonomia epistemológica dos diversos idiomas teóricos de conhecimento e capaz de evitar algumas dificuldades importantes que afectam a maioria das abordagens filosóficas não-fundacionais, quer estruturalistas, quer pósestruturalistas, designadamente o problema do cepticismo. Seguidamente argumentarei que a filosofia de Oakeshott contém uma contribuição valiosa para a compreensão da prática historiográfica, uma contribuição que pode ser caracterizada como uma forma de historicismo, rejeitando simultaneamente abordagens científicas ou literárias como inadequadas à teorização histórica. No entanto, o historicismo de Oakeshott é “desequilibrado” no sentido em que privilegia o tratamento de questões relativas à interpretação histórica em detrimento das questões relativas à representação histórica: enquanto instrumentos para o estudo histórico das associações políticas existentes e complexas, os tipos ideais da “associação civil”, ou societas, e da “associação empresarial”, ou universitas, que descrevem os dois pólos opostos de associação política teorizados por Oakeshott, são excessivamente esquemáticos. Esta insuficiência será corrigida através da construção de uma variante deste modelo dualista de tipos ideais, com recurso aos arquétipos narrativos do Romance, Sátira, Comédia e Tragédia, por forma a criar quatro “micro-modos” de associação política. Estes novos tipos ideais são construídos por forma a serem particularmente adequados à identificação de variações estilísticas na expressão escrita, sendo portanto instrumentos úteis para o estudo da história do pensamento político; uma utilidade que será ilustrada através da respectiva aplicação ao estudo de um conjunto de textos de Benjamin Constant, Jeremy Bentham, Leonard Woolf e Hans Morgenthau, cujo tema comum consiste na reflexão sobre uma dimensão moral da política internacional: a prossecução da paz perpétua e a sua ligação com o carácter da actividade governamental. O estudo apresenta uma nova interpretação da filosofia de Michael Oakeshott e propõe uma utilização construtiva e inovadora das identidades modais de associação política, demonstrando que estas podem ser utilizadas como uma estrutura “aberta”, com possíveis aplicações interessantes para o estudo histórico do pensamento político.
Nesta tese pretende-se mostrar de que modo a filosofia de Michael Oakeshott pode ser utilizada para o estudo da história das ideias. Para esse efeito, começarei por abordar a filosofia de Oakeshott em perspectiva epistemológica e argumentarei que existe um movimento detectável ao longo da obra do autor, de uma forma de idealismo metafísico nos escritos datados da década de 1920, um discurso filosófico que foi substancialmente revisto em Experience and its Modes mas que preservou características identitárias típicas do idealismo filosófico britânico, até à formulação final em On Human Conduct, caracterizável como uma abordagem contextual, pósmetafísica e não-fundacional. O traço comum às sucessivas reformulações da filosofia de Oakeshott é a busca de uma “plataforma filosófica de entendimento”, susceptível de salvaguardar a autonomia epistemológica dos diversos idiomas teóricos de conhecimento e capaz de evitar algumas dificuldades importantes que afectam a maioria das abordagens filosóficas não-fundacionais, quer estruturalistas, quer pósestruturalistas, designadamente o problema do cepticismo. Seguidamente argumentarei que a filosofia de Oakeshott contém uma contribuição valiosa para a compreensão da prática historiográfica, uma contribuição que pode ser caracterizada como uma forma de historicismo, rejeitando simultaneamente abordagens científicas ou literárias como inadequadas à teorização histórica. No entanto, o historicismo de Oakeshott é “desequilibrado” no sentido em que privilegia o tratamento de questões relativas à interpretação histórica em detrimento das questões relativas à representação histórica: enquanto instrumentos para o estudo histórico das associações políticas existentes e complexas, os tipos ideais da “associação civil”, ou societas, e da “associação empresarial”, ou universitas, que descrevem os dois pólos opostos de associação política teorizados por Oakeshott, são excessivamente esquemáticos. Esta insuficiência será corrigida através da construção de uma variante deste modelo dualista de tipos ideais, com recurso aos arquétipos narrativos do Romance, Sátira, Comédia e Tragédia, por forma a criar quatro “micro-modos” de associação política. Estes novos tipos ideais são construídos por forma a serem particularmente adequados à identificação de variações estilísticas na expressão escrita, sendo portanto instrumentos úteis para o estudo da história do pensamento político; uma utilidade que será ilustrada através da respectiva aplicação ao estudo de um conjunto de textos de Benjamin Constant, Jeremy Bentham, Leonard Woolf e Hans Morgenthau, cujo tema comum consiste na reflexão sobre uma dimensão moral da política internacional: a prossecução da paz perpétua e a sua ligação com o carácter da actividade governamental. O estudo apresenta uma nova interpretação da filosofia de Michael Oakeshott e propõe uma utilização construtiva e inovadora das identidades modais de associação política, demonstrando que estas podem ser utilizadas como uma estrutura “aberta”, com possíveis aplicações interessantes para o estudo histórico do pensamento político.
Description
Keywords
Idealism Contextualism Scepticism Historical interpretation and representation Historicism Contingency Peace Character Societas Narrative archetypes Satire Comedy Tragedy Epistemologia idealista Epistemologia contextual Cepticismo Interpretação e representação histórica Historicismo Contingência Paz Carácter Universitas Arquétipos narrativos Romance Sátira Comédia Tragédia